terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Estou me lixando se protestos violentos colaboram ou não com a reeleição de Dilma; petistas não definem o que eu penso; conservador que se regozija com a baderna não é conservador, mas burro

Eu estou pouco me lixando se a eventual retomada dos protestos de rua, com sua violência arreganhada, é útil ou prejudicial para Dilma, colabora ou não com a reeleição. Isso, para mim, não tem a menor importância.
Se o Brasil que está adormecido em berço esplêndido é esse, ele que fique lá dormindo. Não há nada de civilizado ou que preste nisso. Esses valores não me interessam e estão distantes da civilização que quero. Isso não me serve. Gente que sai quebrando tudo por aí merece é cana, é cadeia. Não tenho compromisso com esses vagabundos nem acho que eles são o sintoma de um mal-estar. São, a exemplo de outros desajustes, expressão da nossa dificuldade de fazer valer a lei. É simples.
“Ah, então isso nada tem a ver com o petismo?” Tem, sim, mas de um modo que a esmagadora maioria da imprensa se nega a ver pela simples e evidente razão de que boa parte dos jornalistas está à esquerda do PT. Hoje em dia, olha mesmo com olhos desejosos para coisas como PSOL e congêneres — vejam, por exemplo, a esquerda radical com vista para o mar da Vieira Souto, no Rio. Ou os extremistas do Alto de Pinheiros, em São Paulo.
Essa desordem é fruto, sim, do ataque sistemático à ordem, muito especialmente à ordem democrática. E o PT, é inequívoco, sempre incentivou essa prática e é seu tributário. Ocorre que o partido chegou ao poder e, hoje em dia, é beneficiário da ordem. Sem a dita-cuja, não há, por exemplo, Copa do Mundo — que, no que concerne à infraestrutura, será capenga, como todo mundo sabe.
Foi com o petismo que os “radicais” de agora aprenderam que esse negócio de lei e de respeito ao outro é um sentimento reacionário e burguês — um dos gritos de guerra da turma do quebra-quebra, diga-se, é este: “Ei, burguês, a culpa de vocês”. Sim, a gramática e a ideologia estão estropiadas. Tudo bem! Eles querem mudar o mundo, certo?
O PT fica perplexo porque não está preparado para isso. As franjas do partido que estão no Ministério Público, na Defensoria Pública, no jornalismo etc. não resistem à tentação de demonizar a polícia, quando ela acerta e quando ela erra. Como de hábito, fazem a luta do bem contra o mal.
A rede suja na Internet, financiada por estatais, ainda tenta — bando de bocós com os bolsos cheios — espalhar a besteira de que o “Não Vai Ter Copa” é coisa da “direita”, como fez aquele cineasta do Leblon. Tenham paciência! Se houver algum direitista ou conservador que condescenda com isso, não é nem direitista nem conservador; é apenas burro.
Não me pergunto agora e não me perguntei em junho se esses eventos são bons ou maus para Dilma. Pouco me importa saber o que ela e os petistas pensam a respeito — não para definir, ao menos, o que eu penso. Se me preocupasse com isso, seria escravo deles. E eu não sou. Eles não são, vamos dizer, o meu “oposto privilegiado”, os meus interlocutores imaginários “do outro lado”. Essa gente é de tal sorte ruim que, como adversária, nos deseduca.
A sociedade que eu quero, com menos estado e mais responsabilidade individual; com respeito aos direitos individuais e aos direitos coletivos; que saiba distinguir o espaço privado do espaço público; que assuma que a praça não é de ninguém porque é de todos; que não confere a grupos de pressão o direito de impor ao conjunto da sociedade a sua agenda, essa “minha” sociedade — liberal e conservadora dos valores democráticos — sai necessariamente perdendo com esse tipo de expressão do descontentamento.
Já escrevi aqui e reitero: não sou apocalíptico; não acho que sobrevirá um grande desastre se as coisas continuarem assim… Se as coisas continuarem assim, o país continuará assim, incapaz de respeitar seus cidadãos. Só isso. O Brasil não acaba. Sempre haverá um, de um jeito ou de outro.
Por Reinaldo Azevedo

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