quinta-feira, 4 de julho de 2013

Ladrões roubam mala com R$ 100 mil de assessor do presidente da Câmara

Blog de Fernando Rodrigues

A Polícia Civil do Distrito Federal investiga um roubo de R$ 100 mil em espécie que estavam na mala de um secretário parlamentar do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

O crime ocorreu no último dia 13, por volta das 13h30, e foi revelado pelo jornal Correio Braziliense nesta 5ª feira (4.jul.2013). Wellington Ferreira da Costa, 53 anos, funcionário do gabinete de Alves, trafegava pela avenida L4 Norte, próximo ao Minas Tênis Clube, em Brasília, quando assaltantes fecharam seu veículo, se identificaram como policiais civis, revistaram seu carro e levaram a mala com os R$ 100 mil.

Renan Calheiros justifica o bundalelê do “passe livre” em avião da FAB e diz que não paga nada!

O presidente do Senado, Renan Calheiros, justificou assim o fato de ter recorrido a um avião da FAB para comparecer ao casamento da filha do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), líder do governo no Senado, que aconteceu em Trancoso, na Bahia, no dia 15 de junho:

“O avião da FAB, usado pelo presidente do Senado, é um avião de representação e eu utilizei o avião para representação, como presidente do Senado”.

Ah, agora entendi. O casamento da filha de um senador da base governista é um assunto de interesse nacional, e, portanto, o presidente do Senado tem de ir prestigiar o evento com o nosso dinheiro. Agora que Renan explicou, tudo faz sentido.


A festança foi embalada pelo som de Latino. Um dos seus hists não deixa dúvida: “Hoje é festa lá no meu AP/ pode aparecer/ vai rolar bundalelê”.  Ah, sim: indagado se vai devolver aos cofres públicos o dinheiro correspondente ao gasto, ele negou de forma enfática. 

Financiamento cidadão das eleições, por Murillo de Aragão

As manifestações de rua realizadas ao longo das últimas semanas em todo o país despertaram o Congresso Nacional para a aprovação de temas relevantes para o aperfeiçoamento do sistema político brasileiro. Entre eles, destaca-se a aprovação, no Senado, da tipificação da corrupção como crime hediondo.

No debate da reforma política, uma das questões centrais é o financiamento de campanhas eleitorais. O Congresso discute, neste momento, projeto sobre o financiamento público de campanhas. Tal projeto proíbe qualquer doação de pessoas físicas ou jurídicas, o que poderia ser feito com recursos exclusivamente públicos. A proposta estabelece R$ 7,00 por eleitor, que seriam divididos entre os partidos políticos.

Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que existem hoje no país 140.646.446 eleitores. Assim, seriam destinados R$ 984,52 milhões do Tesouro para as eleições. Esse é um dos pontos mais polêmicos da proposta.

Considero, no entanto, que o ideal para o sistema político é que as eleições sejam custeadas pela cidadania por meio de doações específicas. Acredito que o financiamento por meio de empresas ou por recursos públicos afasta partidos e candidatos do eleitorado. É muito confortável começar uma eleição sabendo que os recursos já estão assegurados.

O mais adequado é que partidos e candidatos busquem verba entre o eleitorado. Que estejam nas ruas convencendo os eleitores a colocar dinheiro em suas campanhas por meio de doações. Que participem de eventos para arrecadar fundos e exponham seus projetos. Receber dinheiro do Tesouro para fazer campanha terminará afastando, ainda mais, partidos e políticos da sociedade.

Os recursos públicos para campanhas eleitorais devem ser dedicados à estrutura de votação e difusão de informações e, sobretudo, ao fortalecimento da educação do povo sobre o processo eleitoral.

Partidos podem receber recursos mínimos e básicos do fundo partidário para suas atividades, porém, no mais, devem viver da renda obtida com seus militantes.

Para evitar abuso, as doações devem ter limites e só devem ser feitas aos partidos. Cada legenda decide como distribuí-las. Os gastos nas campanhas eleitorais devem ter teto. E estas, para serem competitivas, devem contar com regras claras e limitadoras. Assim, o jogo democrático será mais justo e a política mais próxima da cidadania.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Até o governo já está reconhecendo a inflação

Guido, você me perdoe! Mas a gente vai na feira e o cenário é outro. Todos reclamam da alta dos preços e da inflação. Se está tudo bem, o que a gente está fazendo aqui? O governo está falando uma coisa e o povo nas ruas, falando outra!

Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, durante reunião com Guido Mantega, ministro da Economia

O FIM DO QUE NUNCA EXISTIU! Pressionado por tucanos, deputado retira projeto apelidado pela imprensa e por ativistas de “cura gay”

Nunca existiu um projeto propondo a cura gay. Essa é uma falácia militante que uniu a quase totalidade da imprensa ao ativismo gay, hoje o mais organizado do país. Basta que ele aponte o dedo contra esse ou aquele, e o sujeito que se vire para provar que tomada (modelo antigo) não é focinho de porco.

Pra começo de conversa, reportagens chamavam o Projeto de Decreto Legislativo de “Projeto de Lei”. O texto, como já demonstrei aqui, derrubava dois trechos de uma resolução do Conselho Federal de Psicologia que não encontram paralelo em lugar nenhum do mundo: interferem de forma indevida na relação entre paciente e psicólogo e patrulham até os eventos de que os profissionais da área podem participar.

Criou-se, no entanto, a farsa, repetida na imprensa cotidianamente como verdade, de que o texto “propunha” a “cura gay”. Um “inteliquitual” chegou a dizer na GloboNews que isso acarretaria custos ao estado. O texto foi aprovado na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara e gerou um quiproquó danado. A maioria das pessoas que se posiciona a respeito não leu nem a Resolução do Conselho nem o PLD.

Bem, o autor do Projeto de Decreto Legislativo — e não do Projeto de Lei — é o deputado João Campos (PSDB-GO). O partido o pressionou e chegou a emitir nota opondo-se ao texto. Ele acaba de anunciar que abandonou o texto — que já estava condenado. Como já foi aprovado em uma comissão, pode, em tese, ter sequência, ser submetido a outras, até chegar a plenário. Mas não vai acontecer. Sem paternidade, será arquivado.

Bem, chega dessa história! Morre, assim, o que nunca houve: um projeto de “cura gay”. A resolução do Conselho Federal de Psicologia, como está (ver link), permite travestir mera perseguição, até ideológica, de questão técnica. Insisto no paralelo: é como se um Conselho Federal de Jornalismo (por enquanto, não existe) estabelecesse que “nenhum jornalista pode participar de eventos contrários às organizações populares”…

Lembro que o Projeto de Decreto Legislativo, que não era Projeto de Lei, mantinha intocado o trecho da resolução que deixa claro que homossexualidade não é patologia — logo, não se cura o que não é doença. O texto apenas protegia alguns profissionais de uma intromissão indevida no seu trabalho. Andei recebendo alguns desaforos de psicólogos e psicólogas e coisa e tal. Como sabem, não dou bola nem para alarido das ruas. Apresentem-me uma só resolução semelhante no mundo, que seja judiciosa até sobre o tipo de eventos de que psicólogos podem participar, e a gente começa a conversar.

Também nesse caso, vale a máxima: se a coisa só existe no Brasil, ou é jabuticaba ou é besteira. A militância venceu os fatos. Não é a primeira nem será a última vez.


Por Reinaldo Azevedo

Plebiscito inviável

Merval Pereira, O Globo

Com elegância e discrição a mineira Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostrou na nota oficial distribuída após a reunião com os presidentes dos TREs de todo o país os empecilhos, legais e políticos, para a realização do plebiscito sobre a reforma política, que na prática o inviabilizam.

E ainda, citando o também mineiro poeta Carlos Drummond de Andrade, advertiu para os perigos da caminhada: “Cuidado por onde andas, pois é sobre meus sonhos que caminhas".

Não foi à toa a citação do poeta, o que a ministra Cármen Lúcia queria humanizar a decisão do TSE, colocando-se em sintonia com a voz das ruas: “O sonho do povo brasileiro é a democracia plena e eficiente. O dever do juiz é garantir o caminho do eleitor para que o sonho venha a ser contado para virar a sua realidade”.

São dois os problemas básicos que a nota do TSE destaca: é preciso atentar para a data fatal de um ano antes da eleição, limite para a alteração das regras do jogo. Esse limite é uma das cláusulas pétreas da Constituição, que não podem ser alteradas. O outro problema é que não é possível consultar o povo sobre temas que exigem mudanças constitucionais para virarem realidade.

Da lista de sugestões da presidenta Dilma Rousseff para a consulta popular, encaminhada ontem ao Congresso, o tipo de sistema eleitoral, com voto proporcional ou distrital, e o fim da suplência de senador são temas que não podem entrar no plebiscito por exigirem alterações constitucionais.

Como explica a nota do TSE, “a Justiça Eleitoral não está autorizada constitucional e legalmente a submeter ao eleitorado consulta sobre cujo tema ele não possa responder”.


O prazo para alterações nas regras eleitorais se encerra no dia 5 de outubro, um ano antes da eleição de 2014. Como o Tribunal Superior Eleitoral definiu um prazo mínimo de 70 dias para a viabilização do plebiscito, a partir do momento em que o Congresso decida a sua realização, com a aprovação das perguntas a serem feitas na Câmara e no Senado, quase não sobraria tempo para que a nova legislação fosse aprovada dentro do prazo legal.

Por meta fiscal, imposto pode subir

João Villaverde e Adriana Fernandes, Estadão

O Palácio do Planalto e a equipe econômica bateram o martelo de que é preciso "cortar na carne" e promover um novo bloqueio, da ordem de R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões, nas despesas previstas para este ano. Mas, diante da enorme dificuldade dos técnicos de encontrar gordura no Orçamento, a presidente Dilma Rousseff decidiu que será necessário aumentar impostos.

A ordem no governo é perseguir, a todo o custo, a meta de poupar o equivalente a 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) para o pagamento dos juros da dívida pública. Este é o cerne do "pacto pela responsabilidade fiscal", o primeiro dos cinco compromissos públicos anunciados por Dilma na semana passada como resposta às manifestações de rua que tomaram o País em junho.



terça-feira, 2 de julho de 2013

Balança comercial registra o pior déficit em 18 anos

Eliane Oliveira, O Globo

Com importações batendo novo recorde e as exportações em baixa, a balança comercial brasileira registrou um déficit de US$ 3 bilhões no primeiro semestre deste ano, o pior resultado para o período desde 1995, quando houve um saldo negativo acumulado de US$ 4,227 bilhões.

As vendas externas somaram US$ 114,5 bilhões nos seis primeiros meses de 2013 e os gastos no exterior, US$ 117,5 bilhões. No acumulado do ano, o valor importado aumentou 8,4% ante o mesmo período do ano passado. Já as exportações caíram 0,7%.



Dilma simplesmente não tem competência legal para propor plebiscito coisa nenhuma! Isso é uma farsa! O único que pode fazê-lo é o Congresso!

Uma Constituinte e mesmo o plebiscito não são a casa-da-mãe-Dilmona — vivendo, é bom destacar, seus dias de Madrasta da Cinderela. Há regras para as duas coisas. É impressionante — estupefaciente mesmo (sim, eu gosto dessa palavra!) — que o Brasil esteja a discutir uma reforma política quando a governante de turno, ao empreender tal esforço, simplesmente ignora a lei. Escrevo de novo: para reformar a política, que estaria cheia de vícios, a soberana decide ignorar o que está devidamente regulamentado. A esmagadora maioria dos brasileiros deve achar, a esta altura, que basta a presidente da República pedir para que se faça um plebiscito.

Dilma deve enviar nesta terça a sua mensagem ao Congresso. Sei lá que tipo de documento será. Poderia ser um cartinha com coraçõezinhos vermelhos, um bilhete perfumando, um torpedo do Aloizio Mercadante, o superministro sem pasta (não me venham dizer que ele anda a cuidar da Educação…). Por que escrevo isso? É simples.

O plebiscito está previsto, sem qualquer detalhamento, no Artigo 14 da Constituição. Mas existe uma lei que estabelece as condições para que seja realizado — e também as duas outras formas de consulta: o referendo e a emenda de iniciativa popular. Trata-se da 8.709. E ali estão dadas as condições para o dito-cujo. Uma delas é esta:

“Art. 3o Nas questões de relevância nacional, de competência do Poder Legislativo ou do Poder Executivo, e no caso do § 3o do art. 18 da Constituição Federal, o plebiscito e o referendo são convocados mediante decreto legislativo, por proposta de um terço, no mínimo, dos membros que compõem qualquer das Casas do Congresso Nacional, de conformidade com esta Lei.”

Entenderam? O plebiscito tem de contar, de saída com o apoio de pelo menos um terço da Câmara (171 deputados) ou do Senado (27 senadores). Para que se transforme num decreto legislativo, tem de ser aprovado pela maioria das duas Casas.

Ou por outra: sabem o que a presidente da República tem com isso? Absolutamente nada! Pode não parecer, mas Dilma está é atropelando o Congresso numa matéria que é da exclusiva competência desse Poder. Nesta segunda, num ato já insólito, encaminhou uma consulta ao Tribunal Superior Eleitoral sobre a viabilidade do plebiscito.

Também isso é uma invasão de competência escandalosa, como notou o ministro Gilmar Mendes, que participava de sessão do TSE, diante de uma Carmen Lúcia, presidente desse tribunal, mais ou menos atônita. Basta ver o que dispõe o Artigo 8º da Lei, que transcrevo:

Art. 8o Aprovado o ato convocatório, o Presidente do Congresso Nacional dará ciência à Justiça Eleitoral, a quem incumbirá, nos limites de sua circunscrição:
I – fixar a data da consulta popular;
II – tornar pública a cédula respectiva;
III – expedir instruções para a realização do plebiscito ou referendo;
IV – assegurar a gratuidade nos meio de comunicação de massa concessionários de serviço público, aos partidos políticos e às frentes suprapartidárias organizadas pela sociedade civil em torno da matéria em questão, para a divulgação de seus postulados referentes ao tema sob consulta.

Assim, à presidente Dilma Rousseff não cabe enviar mensagem ao Congresso coisa nenhuma, como não cabia também a consulta ao Tribunal Superior Eleitoral. Ontem, ela comparou a sua equipe com a de Felipão… Não! Se o futebol estivesse funcionando com o governo Dilma, José Maria Marin é que estaria dando dicas a Neymar. Vocês podem imaginar o resultado…

Se Dilma acha mesmo imperiosa a reforma política agora — é pura cascata! —, que mobilizasse seus ministros encarregados da interlocução com o Congresso (Casa Civil, Relações Institucionais e Justiça) para conquistar, então, aquele terço necessário, que resultaria na proposta de decreto legislativo etc. Mas não! Em vez disso, o governo sai por aí metendo os pés pelos pés.

A menos que violente a lei — e, creio, a questão irá parar na Justiça —, só haverá plebiscito se ao menos um terço de uma das Casas se manifestar nesse sentido. Depois, as duas, por maioria, têm de aprovar a proposta. Que os “companheiros” da base aliada fiquem atentos. O principal objetivo dos petistas é retirar dos partidos o direito de administrar o próprio caixa de campanha: seja com financiamento público, como eles querem, seja com financiamento privado, a petezada defende um caixa centralizado, que distribuiria os recursos segundo o tamanho de cada bancada na Câmara — o que seria bom… para o PT! O partido, de resto, continuaria a receber contribuições ilegais, ainda que não necessariamente em dinheiro, de sindicatos, ONGs, movimentos sociais…

O povo se diz favorável à reforma política porque, obviamente, não tem como saber de todos esses truques. Com a proposta, Dilma tenta sair da berlinda e fazer de conta que o problema está ao lado, no Congresso.

Dilma poderia dar uma primeira contribuição importante à reforma dos hábitos políticos brasileiros: seguir a lei. O que lhes parece?

Texto publicado originalmente às 5h24

Por Reinaldo Azevedo

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Plano Real faz 19 anos

Alana Martins e Juliana Karpinski ,Estadão

Famoso por ter conquistado a tão sonhada estabilização da economia brasileira, o Plano Real completa 19 anos nesta segunda-feira, dia 1. Criado em 1994 pela equipe do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, durante o governo Itamar Franco, a nova moeda conseguiu o que vários outros planos econômicos não alcançaram: debelar a hiperinflação.

Segundo o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Leonardo Weller, especialista em História Econômica, o êxito do Real se deve a três questões principais: liberalização comercial, câmbio estável e desindexação. A inflação chegou a 916,46% no ano de 1994 e foi estabilizada em níveis baixos nos anos seguintes, mas não deixou de existir. Entre 1994 e 2013, a taxa acumulada, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 332,33%.

Alguns produtos, como o tomate, que se causou polêmica nas listas de compras no início deste ano, está no topo da lista dos produtos que mais subiram de preço: segundo o IBGE, o aumento acumulado é de 1.716,2% nos últimos 19 anos. O preço das tarifas de ônibus urbano foi outro grande vilão, com alta de 684%. Em São Paulo, a tarifa subiu de R$ 0,50 em 1994 para R$ 3 atualmente.