sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Governo suspende o programa “Minha Casa Melhor” para conter gastos

Por Ricardo Della Coletta e Murilo Rodrigues Alves, no Estadão:

Diante do cenário de restrição fiscal, o governo decidiu suspender o programa Minha Casa Melhor, linha de crédito especial para que os beneficiários do Minha Casa, Minha Vida possam adquirir móveis, eletrodomésticos e eletrônicos a taxas de juros subsidiadas.
Para operar o programa, a Caixa Econômica Federal recebeu do governo uma capitalização de R$ 8 bilhões em junho de 2013. Do valor total, porém, R$ 3 bilhões foram direcionados para os financiamentos do programa – o restante foi usado em outra operação. O Broadcast apurou que esses R$ 3 bilhões foram desembolsados no total de financiamentos que foram concedidos pela Caixa até o fim do ano passado, 18 meses após o lançamento do programa. Não restou ao governo outra alternativa a não ser interromper a distribuição de novos cartões porque não há mais recursos para arcar com o custo financeiro dos juros mais baixos.
“Novas contratações do Minha Casa Melhor estão sendo discutidas no âmbito da terceira fase do programa Minha Casa Minha Vida”, informou a Caixa, em nota. “Os cartões referentes a contratos já realizados continuam operando normalmente”, completou a instituição financeira. Procurado, o Tesouro Nacional informou que somente o banco estatal comentaria o assunto.
Pelo canal oficial de comunicação entre a Caixa e os beneficiários do programa, a atendente afirmou que o Minha Casa Melhor está suspenso desde o dia 20 deste mês. “A Caixa está reavaliando o programa antes de realizar novas contratações no Brasil inteiro”, afirmou.
No lançamento do programa, o governo divulgou que a expectativa era de que 3,7 milhões de famílias fossem beneficiadas, em um total de R$ 18,7 bilhões. O Minha Casa Melhor oferece crédito a juros mais baixos que os praticados no mercado para as famílias atendidas pelo programa Minha Casa Minha Vida comprarem 14 tipos de eletrodomésticos e móveis. Os juros são de 5% ao ano contra 16,5% que o mercado cobra para financiar outros tipos de bens que não automóveis.
Impacto no varejo — O presidente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), Honório Pinheiro, lamentou o “congelamento” do programa e o impacto da decisão para o setor varejista. “O Brasil está diante do desafio de fazer funcionar esse novo modelo econômico imposto pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda)”, afirmou. A CNDL, que representa 1,2 milhão de lojistas, estima que o programa injetou R$ 1,4 bilhão no ano passado. (…)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Milicianos petistas partem pra porrada. Ou: Lula é um irresponsável. Lula é um aproveitador. Lula é um oportunista. Lula é um vampiro da institucionalidade. Lula é sanguessuga na nacionalidade. Ou: Marilena Chaui sentiu prazer ao ver o povo apanhando?

Quando petistas resolvem promover um ato “em defesa da Petrobras”, sabendo tudo o que sabemos sobre a roubalheira na estatal, é claro que estão procurando o confronto; é claro que estão provocando o adversário — que, no caso, é o povo brasileiro. O PT, encarnado por Luiz Inácio Lula da Silva, a CUT e a FUP (Federação Única dos Petroleiros) resolveram organizar uma patuscada nesta terça, na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio. Os valentes dizem defender a punição dos corruptos — só faltava anunciar o contrário —, mas denunciam uma suposta campanha contra a empresa. O que é, obviamente, mentira.

Pois bem. Muitos brasileiros, vítimas do assalto institucionalizado, decidiram protestar nas proximidades da ABI. E aí aconteceu o que os trogloditas estão querendo há muito tempo. Vestidos com camisetas vermelhas, com a sigla do partido, demonstrando que estão especialmente treinados para o confronto, os brutamontes partiram pra cima dos que protestavam contra a roubalheira na base da porrada.

Atenção! Vocês lerão por aí que houve troca de socos e pontapés. Sim! Mas que fique claro: quem partiu pra cima dos opositores foram os petistas, inconformados com as pessoas que gritavam “Fora PT” e que cobravam o impeachment de Dilma. Mais: os que protestavam contra o partido não passavam de duas dezenas. Os que queriam espancá-los eram mais de 300. E assim era n não porque há mais petistas do que antipetistas. É que não se tratava de militantes organizados. Os que repudiavam o petismo eram pessoas comuns, que apenas passavam por ali e viam a companheirada.

Lula é um irresponsável.
Lula é um aproveitador.
Lula é um oportunista.
Lula é um vampiro da institucionalidade.
Lula é um sanguessuga da nacionalidade.

É claro que um ato com essas características jamais poderia ter sido marcado — não a esta altura dos acontecimentos. Todo mundo sabe ser mentira que existam pessoas interessadas em prejudicar ou em vender a Petrobras.

Quem destruiu a empresa foi o PT.
Quem nomeou os ladrões foi o PT.
Quem está no comando da empresa nos últimos 13 anos é o PT.

Escrevi aqui anteontem que o partido não está se dando conta da gravidade dos problemas que se conjugam. Perdeu a leitura da realidade. É impressionante que um ex-presidente da República, líder inconteste do maior partido do país, incentive manifestações que fatalmente terminarão em confronto. E assim é porque o povo está indignado.

Com a baixaria desta terça-feira, o que Lula e seus tontons macoutes estão fazendo é incentivar as manifestações de protesto marcadas para o dia 15 de março. Dilma deveria chamar o seu antecessor e lhe passar uma descompostura. Mas, ora vejam, para tanto, seria necessário que ela fosse, no momento, a chefe política dele. Ocorre que ele a considera nada menos do que sua subordinada.

Lula está com inveja da Venezuela.
Lula está com inveja de Nicolás Maduro.
Lula acha que chegou a hora de rachar algumas cabeças.

Se Dilma não tomar cuidado, o seu mentor (ainda é? ) vai ajudar a apeá-la do Palácio. Aos brasileiros indignados, uma dica: não cedam à provocação dos reacionários, aproveitadores e bandidos vestidos de vermelho.

Ah, sim: Marinela Chaui disse que estaria lá. Estava? Ela, que tanto escreveu sobre democracia, ao ver o povo apanhando dos milicianos petistas, sentiu o quê? Vergonha? Comichão intelectual? Prazer?


Por Reinaldo Azevedo

A voz de Luiz Sérgio, relator da CPI da Petrobras, continua a mesma. O caráter e o bigode também. Ou: Ele já comandou ato público contra a CPI em 2008. Ou ainda: A patuscada dos cartões corporativos


O deputado federal Luiz Sérgio (PT-RJ), ex-carregador de malas de José Dirceu — e, hoje, de qualquer petista poderoso que fale grosso com ele —, foi indicado pelo partido para ser o relator da CPI da Petrobras na Câmara. Consta que a escolha está adequada ao gosto do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Vamos ver. Hugo Mota (PMDB-PB), que preside a comissão, sugere que não será mero pau mandado do Planalto. Estamos atentos. Será preciso ver se o trabalho indigno não vai ser executado por… Luiz Sérgio.

Esse rapaz é um portento. Ele é capaz de coisas estupefacientes. A sua característica mais notável é não ter amor-próprio. Nomeado ministro das Relações Institucionais no começo do primeiro mandato de Dilma, foi apeado do cargo seis meses depois. E se deu, então, uma troca fabulosa, que já prenunciava o que seria a gestão da governanta: Sérgio deixou a pasta da articulação política e foi para o ministério da Pesca, e Ideli Salvatti deixou o ministério da Pesca e foi para as Relações Institucionais.

Vale dizer: no governo Dilma, a articulação política era só uma dissidência do Ministério da Piaba. Deu no que deu.

Como lembra VEJA.com, Luiz Sérgio é conhecido como “garçom” — porque sempre entrega os pedidos do Planalto. Há 15 dias, discursou sobre o petrolão, com a clareza habitual: “A Petrobras precisa ser defendida, e o que ela sofre hoje é um ataque dos mesmos que, em 1953, eram contra a sua criação e afirmavam que não existia petróleo, os mesmos que afirmavam que o pré-sal era uma peça de ficção”.

Eis aí.

É um homem destemido. Nunca temeu o vexame. Antes de cair das Relações Institucionais para a Pesca, ele se fez notar duas vezes. Em 2008, foi o relator da CPI dos Cartões Corporativos. Descobriu-se, então, que os ministros de Lula enfiavam o pé na jaca com a nossa grana. Corajoso, não tentou disfarçar que estava na comissão para livrar a cara dos petistas. Mas isso ainda era pouco: Luiz Sérgio poupou todos os ministros de Lula — não sugeriu um só indiciamento dos companheiros — e, de quebra, cobrou  explicações dos ministros de… FHC!!!

À época, vazou da Casa Civil, cuja ministra era Dilma Rousseff, tendo Erenice Guerra como braço-direito, um dossiê asqueroso contra o próprio FHC e, pasmem!, contra Ruth Cardoso. Quem vazou a peça pusilânime foi um servidor chamado José Aparecido Nunes Pires, militante do PT e ex-assessor de Dirceu. O cara foi chamado para depor. Sabem o que Sérgio, relator, perguntou a seu companheiro de partido? O que significavam as letras “sds” com que ele encerrou um e-mail? O rapaz respondeu: “Saudações”. Luiz Sérgio disse: “Obrigado!”.

Ainda em 2008, quando se conseguiram no Senado as assinaturas necessárias para fazer uma CPI sobre as lambanças na Petrobras, Luiz Sérgio liderou um ato público contra a CPI, acusando um complô que estaria tentando privatizar a Petrobras.

Eis o homem que vai ser o relator da nova CPI. A voz dele continua a mesma. O caráter também. Não mudou nem aquele basto bigode, que serve como reserva estratégica de sopa.

Vamos ver se o jovem deputado Hugo Mota fará mesmo o que estiver a seu alcance para garantir a independência da comissão. Lembro ao moço que o PT vive os seus estertores, seus últimos dias, seu período de decadência. Convém não se agarrar ao moribundo.


Por Reinaldo Azevedo