quinta-feira, 12 de junho de 2014

Advogado de Genoino tenta transformar STF num boteco

Luiz Fernando Pacheco, advogado de José Genoino, precisa retomar suas aulas de latim e recuperar uma consideração do poeta Horácio: “Est modus in rebus”. Ou por outra: “Há uma medida nas coisas”. É preciso ter moderação, compostura, limite. Tudo aquilo que ele não teve nesta quarta-feira no STF. Leiam o que informa Laryssa Borges, na VEJA.com.

O ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta quarta-feira que seguranças da Corte retirassem do plenário o advogado do ex-presidente do PT, José Genoino. Quando os ministros se preparavam para julgar três processos que questionam o tamanho das bancadas de treze estados na Câmara dos Deputados, o advogado Luiz Fernando Pacheco pediu a palavra para questionar por que não havia sido pautada a análise do pedido de Genoino para cumprir a pena a que foi condenado no julgamento do mensalão em prisão domiciliar. Barbosa e Pacheco, então, começaram um bate-boca.

Da tribuna, Pacheco afirmou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já deu parecer favorável a Genoino por considerar que o quadro de saúde do mensaleiro permite que a pena seja cumprida fora do presídio da Papuda. A despeito da manifestação do Ministério Público, porém, o presidente do STF e relator do mensalão, Joaquim Barbosa, não pautou o caso para análise em plenário. Barbosa deve permanecer no Supremo apenas até o final do mês, quando pretende se aposentar.

“Há parecer do procurador-geral favorável [à prisão domiciliar] e Vossa Excelência deve honrar esta casa e trazer a seu parecer”, bradou Pacheco. “Vossa Excelência vai pautar?”, questionou Barbosa. Na sequência, o presidente do STF tentou encerrar a manifestação do advogado, e ambos acabaram se exaltando.

“Pode cortar a palavra que eu vou continuar falando”, disse o defensor de José Genoino. “Eu vou pedir à segurança para tirar este homem. Segurança, tira”, determinou o ministro, sob protestos de Pacheco de que estaria havendo “abuso de autoridade”. “Quem está abusando de autoridade é Vossa Excelência. A República não pertence à Vossa Excelência e nem a sua grei (grupo, partido). Saiba disso”, rebateu Joaquim Barbosa.

Condenado a quatro anos e oito meses por corrupção ativa, Genoino alega que o sistema prisional não tem condições de oferecer garantias de tratamento a ele, que passou por cirurgia para corrigir uma dissecção na aorta, em 2012. Depois de o STF confirmar sua condenação, Genoino chegou a cumprir parte da pena em prisão domiciliar em uma casa alugada em um bairro nobre de Brasília.

No fim de novembro, um laudo médico elaborado a pedido do ministro Joaquim Barbosa constatou que a prisão domiciliar não era “imprescindível” para o ex-presidente do PT, mas ainda assim o magistrado estendeu o benefício ao mensaleiro até o início deste ano, quando determinou o retorno do mensaleiro para o presídio da Papuda.

José Genoino já havia sofrido novo revés quando a Câmara dos Deputados negou a ele aposentadoria por invalidez. Sem a aposentadoria integral, Genoino mantém os vencimentos de cerca de 20.000 reais por tempo de serviço. Se conseguisse o benefício, ele teria direito ao salário integral e vitalício de deputado, hoje no valor de 26.700 reais.

Retomo

É evidente que o advogado está tentando “causar”, como dizem os adolescentes. Por mais inconformado que estivesse com as ações de Barbosa, não lhe cabe transformar o STF num boteco. Isso não acontece por acaso. Trata-se de uma tática para tentar carimbar no julgamento do mensalão a pecha de “injusto”.


Pacheco, de resto, tem muitas outras maneiras de expressar seu inconformismo. Protagoniza, assim, uma cena lamentável. De resto, Barbosa está a alguns dias de deixar o tribunal — e Genoino está preso, em regime semiaberto, depois de laudos técnicos que apontam que as condições são adequadas a seu estado de saúde.

Calma, Pacheco! Ricardo Lewandowski está prestes a assumir. Aí o senhor encaminha o seu pleito. Até lá, convém tomar apenas água.


Por Reinaldo Azevedo

Advogado de Genoino estava embriagado e ameaçou Barbosa, diz segurança do STF

Por Laryssa Borges, na VEJA.com:

O advogado Luiz Fernando Pacheco, que defende o ex-presidente do PT José Genoino no processo do mensalão, ameaçou nesta quarta-feira o relator da ação e presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, dizendo que “se tivesse uma arma, daria um tiro na cara do presidente [do STF]”. A ameaça foi presenciada por seguranças do tribunal, que nesta tarde tiveram de retirar o defensor do plenário da corte após bate-boca com Barbosa. De acordo com depoimento prestado por um servidor da Secretaria de Segurança do Supremo, Pacheco estava “visivelmente embriagado” quando, da tribuna do STF, pediu que a corte julgasse o pedido de prisão domiciliar do mensaleiro.

“Como o advogado, visivelmente embriagado, alterou o tom de voz de maneira desrespeitosa, o presidente, suspendendo a sessão, ordenou sua imediata retirada do Plenário”, disse o depoente, cuja identidade não foi revelada pelo STF. De acordo com o testemunho, mesmo com a equipe de segurança do tribunal já acionada, “o advogado insistia em pronunciar palavras agressivas ao senhor presidente”. “Informo ainda que, segundo depoimento do agente de segurança que participou da ação de retirada do advogado, já fora do Tribunal ele, visivelmente transtornado, teria dito que ‘se tivesse uma arma, daria um tiro na cara do presidente’”, diz trecho do depoimento do segurança do STF sobre o caso. De acordo com o Supremo, houve “uso moderado da força” para retirar Pacheco do plenário da corte.

Nota distribuída pela assessoria da corte afirma que, “agindo de modo violento e dirigindo ameaças contra o Chefe do Poder Judiciário, o advogado adotou atitude nunca vista anteriormente em sessão deste Supremo Tribunal Federal”. Em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, Barbosa considerou o episódio “gravíssimo”. “Eu considero uma ofensa, um atentado ao Poder Judiciário”, disse. “O advogado fez ameaças à pessoa do presidente do Supremo.”

Após o incidente, o advogado disse que Barbosa usou “toda a sua truculência” ao determinar que ele fosse retirado do tribunal. “Cada pedra lançada a mim por esse homem eu recebo como uma medalha. Eu sou um advogado defensor dos direitos legais do meu cliente e serei defensor seja onde for”, acusou Pacheco. Confrontado com o relato do servidor do STF, Pacheco negou ter ameaçado Barbosa: “completamente absurdo”.


Por Reinaldo Azevedo

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Gritos e ameaças

O advogado do corrupto José Genoíno (PT-SP) acaba de ser expulso do STF.

O Presidente do STF, Ministro Joaquim Barbosa expulsou o advogado Luiz Fernando Pacheco, que representa José Genoíno no caso do Mensalão.

Genoíno, preso na Penitenciária da Papuda, em Brasília-DF, quer ter o benefício de prisão domiciliar, alegando problemas de saúde.

Foram feitas várias avaliações médicas e todas elas dizem que Genoíno está apto a seguir preso na Papuda. Mas acha que, no grito, na ameaça e na injúria à honra alheia, irá ganhar o benefício de ficar preso em casa.

Joaquim Barbosa diz que ele, o advogado, não irá pautar a República e que esta não pertence a ele e nem à sua grei (partido).

Parabéns Ministro Joaquim Barbosa. Belíssima atitude, defendendo a legalidade, o rito do Judiciário e a própria República.

Já passou da hora desses petistas aprenderem a respeitar as leis brasileiras!


terça-feira, 10 de junho de 2014

Os patetas autoritários do sindicalismo doidivanas: espero que o governo de SP não recue e demita muito mais se a delinquência continuar. Ou: Comecei a contagem regressiva para surgir um pateta federal

Trato daqui a pouco das considerações que fez o ministro Gilmar Mendes sobre a infiltração do crime organizado no processo eleitoral, conforme o prometido. Quero voltar à greve da minoria dos metroviários, que agora assume a face explícita de uma farsa. Ora vejam: até ontem à noite, a reivindicação do sr. Altino Prazeres, o dublê de militante do PSTU e de presidente do sindicato, era a elevação do reajuste salarial. Ele não aceitava nada menos de dois dígitos. Ou isso ou greve. Julgada a paralisação abusiva, o Metrô começou a fazer demissões, e aí o tal Altino mudou a reivindicação: agora, para decidir a volta plena ao trabalho, ele quer que as dispensas sejam canceladas. Qual é a pauta, afinal, deste senhor? Respondo: fazer política e usar a Copa do Mundo como instrumento de chantagem.

Nesta segunda, os grevistas decidiram suspender a greve por 48 horas. Seguindo o estilo de sempre, Altino acha que está em condições de dar um novo ultimato: se as demissões não forem revistas, então haverá nova paralisação — aí no dia 12 mesmo, quando começa a Copa do Mundo. Ele, agora, precisa de uma migalha qualquer para gritar: “Vitória, vitória da minha intransigência, da minha escolha pela ilegalidade, da minha escolha pela truculência!”.

Não tenho ideia do que pretendem fazer o governo do Estado e o Metrô. Sei o que eu faria: deixaria claro a este senhor que ele não está em condições de exigir nada! A volta ao trabalho é condição primeira para que o Metrô pare de demitir. Até porque, estou certo, a lista de demissíveis é muito maior. Fica muito fácil saber quem não compareceu ao trabalho, mesmo depois de declarada a greve abusiva, porque não pôde e quem não compareceu porque estava desafiando a lei.

É importante destacar: os que estão na lista dos 42 são pessoas que atentaram contra a segurança do sistema, que incentivaram passageiros a pular a catraca, que investiram contra o patrimônio do Metrô. Ninguém está sendo dispensado apenas por ter aderido à greve, embora a empresa possa fazê-lo, dado que o movimento foi declarado abusivo, e os funcionários decidiram manter a paralisação.

Sei que a decisão do governo do Estado não é fácil, não é simples. São muitas as forças políticas que se esforçam pra promover o caos em São Paulo, a começar daquela que deveria estar mais interessada na ordem: o PT. Uma grande trapalhada no dia da abertura da Copa do Mundo não seria positiva para a presidente Dilma Rousseff, por exemplo. E daí? O candidato da CUT à Presidência é Lula, não Dilma. Se ela se esfarelar, os cutistas estão certos de que o Babalorixá de Banânia assume o seu lugar como candidato. Não é uma teoria conspiratória. Trata-se apenas da vida como ela é. Basta raciocinar logicamente: uma grande confusão em São Paulo não interessa ao PSDB; uma grande confusão em São Paulo não interessa a Dilma.

A quem interessa, então? Respondo: à demência de sempre da extrema esquerda e ao lulismo que sonha com a volta do Dom Sebastião de Garanhuns. Não fosse assim, a CUT teria emitido uma nota contra a greve, não a favor. “Ah, Reinaldo, isso a central jamais faria, nem que Lula estivesse no poder.” Eu sei. Mas, estivesse lá o Babalorixá de Banânia, é claro que os cutistas teriam ao menos silenciado. Os metroviários nem pertencem à sua base.  Como quer que Dilma se dane e ainda acha que consegue arranhar Alckmin como ganho adicional, então a entidade dá apoio a um movimento politicamente delinquente.

Que o governo de São Paulo não ceda e que os demitidos, até agora, sejam apenas os primeiros 42 caso o sindicato insista em chantagear a sociedade. De resto, fiquem atentos: daqui a pouco aparecerá algum representante do governo federal se oferecendo para “dialogar” com o sindicato e com o Metrô, tentando caracterizar o governador Geraldo Alckmin como “intransigente”. O meu candidato a ser o ator lamentável dessa pantomima é José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça. Como sempre.


Por Reinaldo Azevedo

Decreto de Dilma Rousseff abre o caminho para a servidão dos brasileiros

Com licença de Hayek, podemos dizer que o Decreto 8.243 escancarou as portas para o caminho da servidão. É preciso ir devagar na sua análise para que aqueles que não creem em fantasmas, e só os veem quando aparecem com um porrete e um .45 nas mãos, acreditem neles.

O decreto ampara-se na Constituição: é competência exclusiva do presidente da República expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução, e dispor, mediante decreto, sobre a organização e o funcionamento da administração federal. O D 8.243 não é, no rigor constitucional, uma lei. Na prática administrativa característica dos regimes totalitários, é uma “norma” que, como toda norma da administração, deve ser cumprida. Não é isso o que acontece com as instruções normativas que a Receita baixa?

O problema está quando seus autores abusam dessa prerrogativa, confiantes na passividade dos ofendidos. O D 8243, a pretexto de organizar o funcionamento da administração, avança sem se deter em quaisquer limites, dividindo o Brasil em duas grandes massas de indivíduos, uns destinados a participar da administração e a auxiliar a produzir políticas públicas, outros que devem reger suas atitudes segundo as normas baixadas pelos novos órgãos da “democracia participativa e direta”.

A divisão da sociedade brasileira em dois grandes segmentos está clara no artigo 2.º, que define o que seja a sociedade civil: “Para os fins deste decreto, considera-se: I – Sociedade civil – o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”. Donde se segue que:

— A administração federal está obrigada, desde o dia 23 de maio, a só permitir a colaboração de movimentos sociais, sejam institucionalizados, sejam não institucionalizados. Mas o que se entende por “institucionalizado” não se sabe, nem se decretou — seguramente não serão as associações civis que têm estatutos registrados em cartório. Na medida em que os sindicatos, os institutos, as ordens (OAB, por exemplo), as associações profissionais, os partidos políticos (com o perdão de Gramsci) etc. não são organizações de movimentos sociais, não pertencem aos grupos sociais que podem legalmente assessorar a administração federal – não pertencem à sociedade dita civil. A menos que estejam incluídos na palavra “coletivos” – mas ônibus são “coletivos”…

A referência a que o “cidadão” está entre os que compõem a “sociedade civil”, afora ser uma estultice, pois não se compreende “sociedade” sem “indivíduo” nem “estado democrático” sem “cidadão”, só encontra explicação caso permita que particulares “membros da sociedade civil”, indivíduos, possam participar enquanto tal do “diálogo entre a sociedade civil e o governo para promover a participação no processo decisório e na gestão de políticas públicas” — note-se: “participação no processo decisório”. Assim, eles serão representantes da “sociedade civil” que passam a integrar a administração federal. Há no D8243 evidente abuso da prerrogativa de “dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcionamento da administração federal” na medida em que alguém do governo escolherá os “cidadãos” e os “movimentos sociais” que decidem sobre políticas públicas. Quem? Quais? O decreto cuida disso — aliás, cuida de tudo, como se verá.

O D8243 reforma toda a administração federal, criando estrutura burocrática como convém aos que pretendem eternizar-se no poder. Há os “conselhos de políticas públicas”, que decidem sobre as políticas públicas e sua gestão. Depois, as “comissões de políticas públicas”, em que a “sociedade civil” e o “governo” dialogarão sobre “objetivo específico” dado pelo tema determinado para discussão. Segue-se a “conferência nacional”, para debater, formular e avaliar “temas específicos de interesse público”. Note-se que essa “conferência” não cuida apenas de políticas públicas federais: poderá “contemplar etapas estaduais, distrital (sic), municipais ou regionais para propor diretrizes e ações acerca do tema tratado”. Há uma “Ouvidoria”, que cuidará também dos “elogios às políticas e aos serviços púbicos prestados sob qualquer forma ou regime…”. E há, finalmente, a “mesa de diálogo, mecanismo de debate e negociação com a participação de setores da sociedade civil (não mais “movimentos sociais”) e do governo diretamente envolvidos no intuito de prevenir, mediar e solucionar conflitos sociais”.

Convém prestar atenção às finalidades das “mesas de diálogo”, que devem “prevenir, mediar e solucionar conflitos sociais”. A Justiça do Trabalho pode dizer adeus a uma de suas funções; os conflitos entre índios e proprietários de terra não irão mais à Justiça, mas passarão pela “mesa” que os resolverá, da mesma maneira que qualquer outro “conflito social”. Criou-se uma “Justiça” paralela.

Depois da “mesa” temos o “fórum interconselhos”, que permitirá o “diálogo entre representantes de conselhos e comissões de políticas públicas… formulando recomendações para aprimorar sua intersetorialidade e transversalidade” (arre!). Num arroubo de fato participativo, abre-se “consulta pública” de “caráter consultivo” a qualquer interessado disposto a se manifestar “por escrito”…

A “consulta pública” é, pois, o consolo que se dá aos cidadãos que não pertencem aos “movimentos sociais”, se souberem escrever! Ao contrário dos participantes em debates — que são orais — nos conselhos, comissões, conferências, mesas e no fórum, que não precisam ser alfabetizados…

Pelo D8243, um secretário-geral se preocupará com dar aparência democrático-formal às decisões do governo. Eis o primeiro-ministro do governo democrático-participativo. Ninguém mais conveniente ao cargo que o secretário-geral da Presidência da República.
*
O artigo acima não é meu, infelizmente. É de autoria do cientista político, jornalista e escritor Oliveiros S. Ferreira, professor da USP e da PUC-SP. Destrincha com precisão o decreto autoritário da presidente Dilma Rousseff, que busca atrelar a administração federal ao PT e cria duas categorias de cidadãos: a dos aristocratas do movimentos sociais de esquerda e… os outros.


Por Reinaldo Azevedo

Gilmar Mendes alerta para infiltração do crime organizado em partidos

Na VEJA.com:

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), alertou nesta segunda-feira para o risco de o crime organizado se infiltrar nas estruturas partidárias a poucos meses das eleições no país. Para o ministro, que é vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o veto às empresas para fazer doações nas campanhas abre caminho para organizações como o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Sem citar nomes, Mendes chamou a atenção para os “episódios recentes” em São Paulo. No mês passado, em meio a uma greve-surpresa de motoristas e cobradores de ônibus na capital paulista, veio a público a informação de que o deputado estadual Luiz Moura (PT) participou de reunião com cooperativas do setor, na qual também estavam membros do PCC, segundo a polícia. Na ocasião, a Polícia Civil deteve 42 pessoas, um deles condenado por assaltos a bancos. Luiz Moura alegou que participava de um encontro para tratar de melhorias no transporte público de massa. Ele foi suspenso pelo PT por sessenta dias e não poderá disputar a reeleição.

Luiz Moura já foi condenado nos anos 1990 por roubo a mão armada no interior do Paraná . Sentenciado a doze anos de prisão, cumpriu um ano e meio e fugiu. Depois, reabilitou-se tecnicamente, pelos critérios da Justiça. Em 2010, elegeu-se deputado estadual pelo PT em São Paulo, com patrimônio declarado de 5 milhões de reais. “A Justiça Eleitoral e todo o sistema institucional devem dar toda a atenção e rigor na apuração sobre episódios recentes que mostram a integração do PCC na estrutura de partidos, é o crime organizado se enraizando na estrutura partidária, isso é muito perigoso”, advertiu o ministro, em São Paulo, onde participou de um debate sobre guerra fiscal.

Mendes argumenta que “se isso (o PCC na política) ganhar dimensões maiores, estaremos diante de um quadro muito preocupante”.

Está na pauta do Supremo o financiamento eleitoral. A maioria dos ministros do STF já votou pelo banimento das empresas privadas do processo de doações. Até aqui, por 6 votos, a 1 – alguns ministros anteciparam seus votos – a Corte máxima veta que pessoas jurídicas façam repasses a partidos. Gilmar Mendes pediu vista dos autos. O julgamento deve ser retomado no início do segundo semestre. “Eu quero alertar que tudo indica, a partir da realidade de São Paulo, que, de alguma forma, vamos estar admitindo o crime organizado na política. Devemos estar muito atentos quando ao aprofundamento dessas investigações.”

Para Mendes, o risco maior é que o bloqueio às empresas privadas abra caminho “para financiamentos individuais, legitimando recursos ilícitos para campanhas eleitorais”.

“Estamos discutindo a cultura política do País na questão dos financiamentos, mas em torno de referências e balizas meramente formais”, alerta Mendes. “Mas há aspectos que não podem ser desprezados em hipótese alguma. Ao proibir doações de companhias estruturadas, existentes, declaradas perante os órgãos públicos, o país está abrindo caminho para práticas informais, inclusive do crime organizado como mostra a própria realidade vivida em São Paulo. É um caminho perigoso.”


Por Reinaldo Azevedo

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Ao defender decreto de Dilma, deputado do PT revela sem querer: só as esquerdas têm a má-fé e cara de pau de chamar a exploração dos pobres de “movimento social”. Presidente quer Boulos e Stedile no lugar do Congresso. Quem os elegeu?

E não é que alguns bocós estão por aí a defender o Decreto 8.243, assinado pela presidente Dilma e que institui a Política Nacional de Participação Social? Assistindo a um debate sobre o assunto, vi um sujeito, conhecido como “tucano”, a considerar delirante a avaliação de que se trata de uma forma de aparelhamento do estado pelo PT. Ainda bem que, no PSDB, ninguém dá bola pra ele, e o partido integra o grupo de dez legendas que pede regime de urgência para um Decreto Legislativo que susta o arroubo autoritário da presidente Dilma Rousseff. Outro, numa referência direta a este blog — mas sem citá-lo —, sustenta não ser verdade que a petista decidiu definir o que é sociedade civil.

Vamos ver. O link com a íntegra do decreto de Dilma está aí. O Inciso I do Parágrafo 2º define, sim, o que é sociedade civil, a saber: “o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”. Vale dizer: sociedade civil é tudo aquilo que o poder de turno decidir que é sociedade civil. Se esse decreto prospera, na forma como está, a política brasileira será, definitivamente, refém de grupelhos ideológicos organizados — a maioria deles subordinada ao PT, sempre destacando que os demais estão ligados a partidos de extrema esquerda.

Em defesa do decreto de Dilma, o deputado petista Alessandro Molon, do Rio, um dos queridinhos dos socialistas da Vieira Souto, com vista para o mar, confirmou, sem querer, que se trata, sim, de atrelar a administração pública a grupelhos de esquerda e mandou ver: “Se os partidos de direita não têm inserção social, não tem base social, lamento, mas isso não podemos resolver”. Eis aí: é uma confissão. O que ele chama de “inserção social” é o aparelhamento, pelos esquerdistas, dos ditos movimentos sociais, que passam a ser manipulados por grupos que estão, na verdade, disputando o poder.

Pensemos na greve parcial do Metrô de São Paulo. Pergunto: o sr. Altino Prazeres, presidente do sindicato, está preocupado com os usuários do serviço ou, mesmo, vá lá, com a categoria que lidera? Uma ova! Quem dita as suas escolhas é um partido político, o PSTU; é uma ideologia: o socialismo. E o que dizer do MTST, o dito Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, comandado, em São Paulo, pelo riquinho com complexo de culpa Guilherme Boulos? De onde deriva a legitimidade desse movimento para interferir nas políticas públicas de moradia? Ora, do mesmo lugar de onde se origina a legitimidade do MST para ser o dono da reforma agrária: de lugar nenhum! Eles são usurpadores da ordem democrática, que recorrem à truculência para impor a sua vontade.

De algum modo, o sr. Molon está certo: esse tipo de inserção social é, de fato, coisa típica das esquerdas porque só elas transformaram a má-fé e a mentira em categorias de pensamento e manipulam, de modo deliberado, as carências da população para fazer vingar uma ideologia. Ora, se o sr. João Pedro Stédile apenas quisesse que um homem tivesse o seu pedaço de terra, conseguido tal intento, o coitado poderia se livrar das garras do MST e tocar a sua vida normalmente. Mas não é assim que funciona. Se e quando obtiver o seu lote, será obrigado a prestar serviços para sempre ao movimento. Será seu escravo e terá de participar de novas invasões, sem direito de dizer “não”. Afinal, o MST é confessadamente socialista e quer acabar com a propriedade privada no campo. O mesmíssimo método é empregado pelo MTST na cidade de São Paulo. Saibam: boa parte dos líderes da causa nem sequer é sem-teto, a começar de Boulos, o chefão maior. Ele é um militante socialista e viu nas pessoas que querem uma casa um bom filão para brincar de revolucionário.

Ocorre que a ação dos MSTs e MTSTs da vida não é irrelevante ou meramente folclórica. De fato, essa gente impede que se organize uma política pública consequente e democrática, seja sobre a distribuição de terra, seja sobre a construção ou distribuição de moradias. Eles se tornam, isto sim, verdadeiras fontes de privatização do bem público; tornam-se, na marra, sócios do poder sem que tenham sido eleitos por ninguém.

O que o decreto de Dilma faz é, ao arrepio da Constituição, sim, entregar, formalmente, uma parcela do poder a essa gente. Tomo um Engov toda vez que alguém vem pra cima de mim com a cascata de que os ditos movimentos sociais são uma alternativa à chamada crise de representatividade. É mesmo, é? Quer dizer que resposta à tal crise está em substituir aquilo que é eleito por todo mundo, o Parlamento, por grupelhos que se autoproclamam representantes do povo, não são eleitos por e ninguém e querem impor no berro à sociedade as suas prioridades — ou, então, ameaçam derramar sangue, como fez o sr. Guilherme Boulos?

Foi assim que o PCC…

Para arrematar: foi abrindo a administração para os “movimentos sociais” ligados ao transporte público que o petismo entregou, em São Paulo, uma fatia desse serviço a cooperativas infiltradas ou controladas pelo PCC. Tentar derrubar esse decreto de Dilma é um imperativo moral dos defensores da democracia. E agora termino mesmo. Na estrovenga autoritária de Dilma, está escrito que “as definições previstas neste Decreto não implicam na desconstituição ou alteração de conselhos (…)”, Até “no que se refere” (como ela diria!!!) à língua portuguesa, o decreto da Soberana não presta!

Eu e os de má-fé lemos o decreto. Eu não gosto; eles sim. Talvez os idiotas estejam opinando sem conhecer a sua gramática — também a política. 

Por Reinaldo Azevedo