sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Linha cruzada

Renata Lo Prete, Folha de S. Paulo

Em conversa recente com um ministro, Marco Maia (PT-RS), reclamou: "Não aguento mais receber telefonemas do Lula. Ele liga toda semana como se ainda fosse presidente".

Mas a pergunta que não quer calar é: Mas ele não é Presidente?

Aos amigos, tudo!. Aos inimigos..... Que governinho que este país tem!

Na terça-feira, no escurinho da noite, com notinhas, regulamentares, Dilma Rousseff nomeou a advogada Luciana Lóssio para ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral. A vaga estava aberta desde abril, quando venceu o mandato de Joelson Dias, nomeado em 2009.

Ele teria direito a uma recondução por mais dois anos - a praxe tem sido a recondução. Não aconteceu desta vez. O nome de Luciana foi incluído numa lista tríplice, de livre escolha da presidente da República, por Ricardo Lewandowski, presidente do TSE e ministro do Supremo Tribunal Federal.

Aos 36 anos, parece que a advogada reúne todos os predicados, sim, para ocupar o cargo, e não serei eu a dizer que não — até porque, confesso, não acompanho em detalhe o cargo da agora ministra, oficializada ontem, com despacho no Diário Oficial.

Mas cadê a notícia? Luciana foi nada menos do que a advogada da candidata Dilma Rousseff na eleição de 2010! Vergonhoso! 

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Cara-de-pau é pouca hein....Falta de vergonha na cara!

Quando a legislação diz que o presidente do Congresso tem direito a transporte de representação, estamos homenageando a democracia, cumprindo a liturgia das instituições.

José Sarney (PMDB-AP), justificando o uso de um helicóptero do governo do Maranhão para visitar sua ilha particular.

O brasileiro é bobo mesmo. Em um país sério, uma pessoa dessas seria destituída do cargo e obrigada a devolver o dinheiro gasto.

Mas o povo é rico no Brasil, adora pagar viagens alheias, mordomias, etc. Aliás, o povo brasileiro adora eleger esta gente pra cuidar do seu dinheiro. Vamos lá, vamor tornar a famiglia Sarney a administradora de nossos salários!

O gabinete de Sarney e o acesso à cúpula do Judiciário

Blog de Augusto Nunes

A afrontosa operação de socorro atesta que os tentáculos estendidos ao Judiciário pelo chefe da Famiglia já alcançaram o Superior Tribunal de Justiça, constatou um trecho do texto aqui publicado em 29 de setembro.

Horas antes, três ministros do STJ haviam sepultado ─ vivíssimas ─ as incontáveis provas colhidas pela Polícia Federal durante a Operação Boi Barrica, que devassou as delinquências colecionadas por parentes e agregados do presidente do Senado.

Menos de uma semana depois, a desembargadora federal Assusete Dumont Reis Magalhães tratou de deixar claro que os chamados juízes do Sarney já se dispensam de camuflar as relações subalternas com o mandarim do Poder Legislativo.

Incluída na lista tríplice de candidatos à vaga aberta no STJ, Assusete solicitou uma audiência a Sarney para pedir-lhe que a apoiasse na luta pelo empregão. Feito o acerto, Madre Superiora entregou a chefia da campanha a Edison Lobão, o Magro Velho. Segundo amigos da dupla, o ministro de Minas e Energia reservará um bom pedaço da agenda “para ajudar a doutora Assusete com alguns telefonemas”. Por enquanto, só Sarney e Lobão sabem quais serão os alvos das ligações.

Em tese, cabe exclusivamente à presidente Dilma Rousseff a entrega da vaga a um dos três concorrentes. Além de Assusete, estão na disputa Néfi Cordeiro e Suzana de Camargo Gomes, também juízes do Tribunal Regional Federal do Distrito Federal.

A sorte de Assusete é que foi oficiosamente revogada a exigência de “ilibada reputação”, outrora um pré-requisito obrigatório para a chegada ao segundo tribunal mais importante do país. Caso se ajoelhasse diante de Madre Superiora, até um santo de feriadão cairia fora da lista.

No país dos poderosos cafajestes, o amém de Sarney pode garantir-lhe a vitória. E, por consequência, perpetuar o controle do STJ por um senhor feudal cuja impunidade envergonha os brasileiros decentes.

Doutor Lula

Ricardo Vélez Rodrígues, O Estado de S.Paulo

Lula, como Brizola, é um grande comunicador. Mas, como Brizola também, é um grande populista.

A característica fundamental desse tipo de líder é, como escreve o professor Pierre-André Taguieff (A Ilusão Populista - Ensaio sobre as Demagogias da era Democrática, Paris, Flammarion, 2002), que se trata de um demagogo cínico.


Demagogo - no sentido aristotélico do termo - porque chefia uma versão de democracia deformada, aquela em que as massas seguem o líder em razão de seu carisma, em que pese o fato de essa liderança conduzir o povo à sua destruição.


O cinismo do líder populista já fica por conta da duplicidade que ele vive, entre uma promessa de esperança (e como Lula sabe fazer isso: "Os jovens devem ter esperança porque são o futuro da Nação", "o pré-sal é a salvação do brasileiro", e por aí vai), de um lado, e, de outro, a nua e crua realidade que ele ajudou a construir, ou melhor, a desconstruir, com a falência das instituições que garantiriam a esse povo chegar lá, à utopia prometida...


Lula acelerou o processo de desconstrução das instituições que balizam o Estado brasileiro. Desconstruiu acintosamente a representação, mediante a deslavada compra sistemática de votos, alegando ulteriormente que se tratava de mais uma prática de "caixa 2" exercida por todos os partidos (seguindo, nessa alegação, "parecer" do jurista Márcio Thomas Bastos) e proclamando, em alto e bom som, que o "mensalão nunca existiu".


Sob a sua influência, acelerou-se o processo de subserviência do Judiciário aos ditames do Executivo (fator que nos ciclos autoritários da História republicana se acirrou, mas que sob o PT voltou a ter uma periclitante revivescência, haja vista a dificuldade que a Suprema Corte brasileira tem para julgar os responsáveis pelo mensalão ou a censura odiosa que pesa sobre importante jornal há mais de dois anos, para salvar um membro de conhecido clã favorável ao ex-mandatário petista).


Lula desconstruiu, de forma sistemática, a tradição de seriedade da diplomacia brasileira, aliando-se a tudo quanto é ditador e patife pelo mundo afora, com a finalidade de mostrar novidades nessa empreitada, brandindo a consigna de um "Brasil grande" que é independente dos odiados norte-americanos, mas, certamente, está nos causando mais prejuízos do que benefícios no complicado xadrez global: o País não conseguiu emplacar, com essa maluca diplomacia de palanque, nem a direção da Unesco, nem a presidência da Organização Mundial do Comércio (OMC), nem a entrada permanente do Brasil no Conselho de Segurança da ONU.


Métodos petistas de dar publicidade: saudades da Ditadura.

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), protocolou no STF uma ação contra lei que homenageia a transparência. Agnelo pede ao Supremo que declare “inconstitucional” a obrigatoriedade de dar publicidade aos cadastros de programas sociais e habitacionais de Brasília.

A divulgação dos dados tornou-se obrigatória em 2009, quando a Câmara Distrital, legislativo do DF, aprovou a lei 4.332. O texto estabelece que o governo do DF deve divulgar na internet, para “consulta e controle social”, todos os cadastros de seus programas sociais. Determina também a publicação bimestral da lista atualizada dos programas no Diário Oficial do DF.

Na ação ajuizada no STF, Agnelo alega que o legislativo local violou a Constituição. Por quê?

Segundo o governador, os deputados distritais se imiscuiram em assunto que é da competência exclusiva do Executivo. A ação anota:

“A ofensa ao texto constitucional afigura-se manifesta porque, por meio do texto legal impugnado, criaram-se novas atribuições a serem assumidas por órgãos da Administração Pública distrital.”

Cabe perguntar: para que serviria o Legislativo se não tivisse poderes nem mesmo para aprovar uma lei que impõe ao Executivo a abertura de uma nesga de transparência. O princípio da publicidade, aliás, está consagrado no texto constitucional que Agnelo diz ter sido violado.

O governador sustenta na ação, de resto, que a lei cirou “aumento considerável de despesas.” Alega que a publicação de todos os cadastros ocuparia 1.900 páginas do Diário Oficial. Algo que levaria à edição de 22 edição extras. Como a lei exige que a veiculação seja bimestral, haveria, segundo Agnelo, 132 edições extras do Diário Oficial por ano.

Admitindo-se que sejam verdadeiros os dados, Agnelo deveria acionar a maioria de que dispõe na Câmara para ajustar a lei, limitando a divulgação à internet. Ao tomar o atalho do Supremo, o governador passa a impressão de que deseja para sua administração uma transparência de cristal cica. A ação de Agnelo desceu à mesa do ministro Ayres Britto, a quem caberá relatá-la no STF.

Empresas transferem fábricas para o exterior. Viva o lulopetismo....

Por Felipe Bächtold, na Folha:

Em meio a uma invasão de importados, a indústria nacional de calçados enfrenta dificuldades para manter empregos e até transfere sua produção para outros países. Dois grandes grupos empresariais do Rio Grande do Sul, principal polo do setor no país, fecharam fábricas e levaram a produção para a Nicarágua e para a República Dominicana. O objetivo é aproveitar acordos comerciais desses governos com os EUA e criar unidades voltadas ao mercado americano.

A Abicalçados (associação da indústria do setor) diz que outras dez empresas podem tomar o mesmo rumo. A Argentina também recebe empresas brasileiras, que planejaram a mudança devido às barreiras para vender ao país vizinho. O grupo Schmidt Irmãos, que tinha uma série de fábricas no interior gaúcho, transferiu a produção para a Nicarágua no ano passado. O governo nicaraguense divulgou que o investimento da empresa brasileira será de US$ 25 milhões. A unidade em uma zona franca da Nicarágua precisa receber até máquinas e insumos vindos do Brasil, devido à escassa estrutura industrial do país. Procurado, o grupo preferiu não se pronunciar.

Dona de marcas como a Ortopé, a empresa Paquetá, de 12.500 funcionários, fechou em agosto uma fábrica em Sapiranga (RS) e a transferiu para a República Dominicana. Centenas de vagas de trabalho foram perdidas. A empresa disse que tomou a medida para “manter a competitividade industrial e continuar crescendo”. A valorização do real também influencia na decisão. A federação dos trabalhadores do setor no Estado fala em risco de desindustrialização e diz que há debandada para locais que oferecem salários mais baixos. A produção no acumulado do ano no país caiu. Até agosto, a exportação de calçados brasileiros recuou 25% ante o mesmo período de 2010. Enquanto isso, o volume de mercadorias importadas subiu 18%. A Indonésia quase dobrou suas vendas ao Brasil.