Guilherme
Boulos, aquele coxinha extremista, oriundo de família rica, mas que decidiu
fazer a revolução em lugar dos pobres e se transformou no queridinho dos
engajados, reuniu nesta quinta 15 mil pessoas, segundo a PM, num protesto na
Zona Oeste de São Paulo em favor de moradia. Ele é o chefão do MTST, o dito
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto. Bloquearam avenidas, causaram um
congestionamento dos diabos, infernizaram a vida das pessoas. Mas a imprensa
diz que a manifestação foi “pacífica”. Por enquanto ao menos. Boulos já deixou
claro que, se o poder público não ceder às suas chantagens, vai correr sangue.
A sua turma invadiu um terreno
privado nas imediações do Itaquerão, nomeou a área de Copa do Povo e de lá
ninguém sai, assegura o rapaz. Hoje haverá uma audiência pública para tratar do
assunto. Ele ameaça: “Se a opção da construtora e dos governos for tratar a
questão como caso de polícia e buscar garantir posse sem nada para as famílias,
vai haver resistência. Se querem produzir uma Copa com sangue, essa é a
oportunidade que eles têm.”
Por que esse rapaz fala assim,
com esse desassombro? Porque o prefeito Fernando Haddad já subiu num caminhão
do som do seu movimento para discursar. Porque a presidente Dilma Rousseff,
hoje a chefe da baderna nacional, já o recebeu depois de ele liderar invasões.
Agora ele se tornou personagem frequente do noticiário e chega a conceder
entrevistas, na linha papo social-cabeça, para o encantamento da ignorância
deslumbrada.
E depois alguns idiotas se
espantam que motoristas de ônibus descontentes com um reajuste de salário
promovam o caos da cidade. Ora, por que não? Se o Guilherme, da família Boulos,
pode, por que o Severino, da família Silva, não pode? Todos estão cometendo
crimes. A questão é saber por que algumas práticas criminosas causam
indignação, e outras, encantamento.
Considero, sim, que a eventual
reeleição de Dilma fará um mal gigantesco ao país. E, por isso, eu poderia
estar a aplaudir, em razão, digamos, de afinidades e “desafinidades” eletivas,
esses movimentos de protesto contra a Copa. Mas não aplaudo! Sempre achei essa
conversa de “educação e hospital padrão Fifa” uma besteira, uma bobagem. O país
gastou uma soma razoável com a Copa — e poderia tê-lo feito sem roubalheira —,
mas é uma conta energúmena achar que esse dinheiro contribuiria para minorar de
forma significativa a pobreza.
Não é verdade que o Brasil gaste
pouco com a área social. Ao contrário! Caso gastasse um pouco menos e houvesse
um pouco mais de investimentos, haveria menos pobres e a necessidade de gastar
ainda menos na área social, o que liberaria mais para investimentos e
resultaria em ainda menos pobres. Entenderam a lógica? Investir pouco e torrar
muito em custeio é o caminho da reprodução da pobreza, não da riqueza. Mas vá
tentar explicar isso a um esquerdista estúpido. Se estúpido não fosse,
esquerdista não seria.
A Folha publica
nesta segunda um pequeno e precioso texto, de Gustavo Patu, Dimmi Amora e
Filipe Coutinho. Reproduzo um trecho em azul:
Mesmo mais altos
hoje do que o previsto inicialmente, os investimentos para a Copa representam
parcela diminuta dos orçamentos públicos. Alvos frequentes das manifestações de
rua, os gastos e os empréstimos do governo federal, dos Estados e das
prefeituras com a Copa somam R$ 25,8 bilhões, segundo as previsões oficiais. O
valor equivale a, por exemplo, 9% das despesas públicas anuais em educação, de
R$ 280 bilhões. Em outras palavras, é o suficiente para custear aproximadamente
um mês de gastos públicos com a área. A comparação deve ser relativizada porque
haverá retorno, no futuro, de financiamentos. O Corinthians, por exemplo, terá
de devolver os recursos que custearam o Itaquerão. Além disso, os gastos da
Copa começaram a ser feitos há sete anos — concentrados nos últimos três.
Retomo
Há, evidentemente, uma grande diferença
entre gastar bastante na área social e gastar de forma adequada. Mas esse tipo
de debate não viceja na demagogia. O país é hoje refém de grupelhos extremistas
que os petistas, na sua, digamos, ânsia inclusiva, transformaram em
interlocutores privilegiados. E com eles é assim: ou tudo ou sangue.
Por Reinaldo Azevedo