sexta-feira, 25 de abril de 2014

Padilha, Dilma e o “Marcão”

No Painel da Folha:

Recursos humanos

O executivo Marcus Cezar Ferreira de Moura, que a PF suspeita ter sido indicado pelo petista Alexandre Padilha para dirigir o Labogen, do doleiro Alberto Youssef, trabalhou na campanha de Dilma Rousseff em 2010. Moura recebeu R$ 27.391,24 pelo trabalho, em cinco pagamentos feitos de 30 julho a 29 de outubro —antevéspera do 2º turno. O nome do executivo está listado na prestação de contas registrada no TSE. Ele também foi filiado ao PT paulista de 1994 a 2008.


Intimidade

Aliados de Padilha sentiram o impacto da revelação da ligação de Moura com o laboratório do doleiro e dizem que não será fácil ao pré-candidato do PT negar seu vínculo com o ex-assessor, a quem sempre tratou como “Marcão”.

Argentina barra livros que São Paulo apresentaria em feira

BBC Brasil

A Argentina barrou 90% dos livros que São Paulo levaria à Feira do Livro de Buenos Aires, inaugurada nesta quinta-feira e que homenageará a cidade brasileira, impondo "travas comerciais" para a entrada dos produtos.

A prefeitura de São Paulo investiu R$ 2 milhões para a cidade ser homenageada na feira. Mas, mesmo assim, só uma fatia dos livros foi liberada pelo governo. "Dos 5 mil livros que queríamos trazer, trouxemos 500", disseram assessores do prefeito Fernando Haddad. "Certamente é mais fácil enviar frango e autopeças para cá".

O secretário de Cultura, Juca Ferreira, confirmou a jornalistas brasileiros que obras haviam sido barradas pelo país vizinho.

Refinaria de Pasadena teve saque de US$ 10 milhões sem registro, só com autorização verbal. Petrobras disse achar isso “normal”

A refinaria de Pasadena, nos EUA, tinha US$ 10 milhões depositados na conta da corretora MP Global — que foi a falência em novembro de 2011, diga-se. No dia 5 de fevereiro de 2010, alguém na estatal brasileira — não se sabe quem — deu uma autorização verbal para sacar a dinheirama. Foi sacada. Não se conhece o seu destino porque não há registro documental. Em 2010, é? No Brasil, foi um ano eleitoral. Sigamos adiante. A revelação foi feita ontem pelo jornal O Globo.

A reportagem da Folha entrou em contato com a direção da Petrobras para ouvi-la a respeito do saque. Segundo a empresa, uma operação assim é “normal”. A movimentação do dinheiro só foi descoberta porque houve uma auditoria na refinaria de Pasadena, feita pela Gerência de Auditoria de Abastecimento para verificar a gestão dos combustíveis produzidos e comercializados. O Globo teve acesso ao resultado do trabalho. Se a Petrobras considera tudo normal, a auditoria concluiu o contrário e apontou a “falta de autorização documental para saque em corretora”.

Segundo o Globo, a auditoria teria apontado também a existência de operações simultâneas de entrada e saída de combustíveis nos tanques, o que dificulta o controle. Constatou-se ainda uma falta de integração entre o sistema financeiro e o de controle de estoque. De acordo com o jornal, detectou-se também uma diferença de US$ 2 milhões no estoque em maio de 2010 em razão de lançamentos incorretos.

Nesse período, a Astra Oil ainda era sócia da Pasadena, mas havia deixado a administração por conta da Petrobras e já ingressara na Justiça americana para obrigar a empresa brasileira a comprar os outros 50% da refinaria.

À Folha, a Petrobras afirmou que o saque autorizado verbalmente é “normal” por ser “uma atividade usual de trading (comercialização de combustíveis)”. Acrescentou que “não foram constatadas quaisquer irregularidades no saque”. Mesmo assim, a empresa disse que “foi acatada a recomendação de formalizar e arquivar a documentação de suporte relativa aos saques efetuados em contas mantidas em corretoras”.

Eu não sou especialista em “trading”. Os especialistas, como sabemos, são aqueles gênios da Petrobras. Mas me darei o direito ao espanto, como os auditores — gente bem mais treinada do que eu: então US$ 10 milhões são movimentados assim, na base da saliva, sem rastro documental?

A Petrobras é uma piada que custa alguns bilhões aos brasileiros. Dá para entender por que essa gente teme tanto uma CPI, mesmo com maioria governista.


Por Reinaldo Azevedo

Tião Viana, o petista exportador de negros, acusa terceiros de racismo, higienismo e discriminação


O governador do Acre, Tião Viana, do PT, fez uma coisa asquerosa, de um oportunismo odiento; de um mau-caratismo político como raramente vi. Aproveitou os aviões que chegaram ao Estado carregando mantimentos para abastecer o Estado, que está ilhado por causa das chuvas, e os lotou de haitianos, despachando-os para outros Estados. Os que levaram comida para o seu povo — coisa de que sua gestão não deu conta — receberam , em troca, imigrantes, dos quais ele decidiu se livrar.

Há coisa de três anos, teve início um fluxo imigratório para o Acre. Os haitianos deixam o seu país, voam para a Bolívia e, principalmente, para o Peru e, depois, entram no Brasil, onde recebem um visto temporário para poder trabalhar no país.

Desde que a onda começou, como já disse aqui, o governo federal nada fez. O Ministério da Justiça jamais se interessou pelo caso. Os haitianos vivem em acampamentos em condições deploráveis. Mesmo assim, o governo petista faz praça de sua tolerância, incentivando a imigração ilegal. O assunto virou até tema de redação do Enem em 2012. A tarefa dos estudantes era elogiar a gestão petista.

Muito bem! Para São Paulo, Viana despachou cerca de 500 imigrantes. Não entrou em contato com o governo do Estado. Não falou nem mesmo com seu correligionário, o prefeito Fernando Haddad. Não se ocupou de fazer um cadastro. Nada! Cinicamente, um secretário seu afirmou que o destino dos haitianos é mesmo o sul do Brasil. A secretária de Justiça de São Paulo, Eloisa Arruda, apontou o quer chamou de “irresponsabilidade” do governo do Acre. Viana decidiu reagir pelo Twitter com as seguintes mensagens:

“Como é que a elite paulista quer obrigar o povo do Acre a prender imigrantes haitianos em nosso território, preconceito racial? Higienização?”,
“As elites preconceituosas querem o quê? Que prendamos essas pessoas? Que não as deixemos encontrar pais, mães e esposas que já estão no Brasil?”.

Racista, preconceituoso e higienista, senhor governador, é despachar negros imigrantes como se fossem gado, procurando apenas se livrar do problema. Em vez de Viana cobrar ajuda de Dilma Rousseff, sua aliada , prefere transferir suas dificuldades para terceiros.

Ontem, recebi uma frase que tem a sua graça e é absolutamente verdadeira: debater com petistas é como jogar xadrez com pombos — eles derrubam as peças, fazem cocô no tabuleiro e saem arrulhando vitória, com o peito estufado.

Flagrado num ato racista, discriminatório e elitista, Viana estufa o peito e acusa os outros de racismo, discriminação e elitismo. Depois, claro, de derrubar as peças do jogo e de sujar o tabuleiro. A propósito: Marina Silva e sua “Rede” são aliados incondicionais de Tião Viana. A noção de ecologia da agora pré-candidata à Vice-Presidência pelo PSB inclui também os seres humanos? Ou ela só vai reagir se seu amigo começar a maltratar sapos, bagres e passarinhos?


Por Reinaldo Azevedo

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Henrique Alves cita CPI para apontar a incoerência do PT na PEC da reforma

Desafiado pelo PT, que fechou questão contra a proposta de emenda à Constituição da reforma política, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), decidiu pagar para ver. “Se querem assim, vamos para o confronto”, disse. “Vou levar a proposta ao plenário e vamos votar. Quem for contra que mostre a cara.”
Henrique afirmou não acreditar que o PT consiga obstruir a votação. “A maioria da Casa quer votar. Com essa posição radical, eles vão se isolar”. Ele evoca a polêmica criada em torno da CPI da Petrobras para realçar o que definiu como “incoerência” do petismo.
No caso da CPI, o PT tenta cercear o direito constitucional da minoria de investigar a Petrobras sob o argumento de que a maioria do Legislativo deseja incluir na investigação outros enroscos —o cartel dos trens e do metrô de São Paulo e o porto pernambucano de Suape, por exemplo. Na apreciação da reforma política, o PT quer impor a sua vontade minoritária ao desejo da maioria.
E Henrique: “Quando é uma CPI, fazem um absurdo desses. CPI tem que ter fato determinado, as regras são claras. Já fui obrigado a rejeitar CPIs porque tinham vários fatos. Agora, querem incluir três, quatro assuntos numa CPI só. Para isso, a vontade da maioria serve. Para a reforma política, a maioria não serve, porque o PT só quer reforma com voto em lista e financiamento público de campanha. Fora disso, nenhuma reforma politica presta para o PT. Não querem nem discutir, não querem votar. Isso não é democrático.”
O PT decidiu comprar briga contra a reforma política defendida por Henrique Alves num encontro de sua Executiva Nacional. Sob a presidência de Rui Falcão, o colegiado se reuniu quando o presidente da Câmara estava em viagem oficial à China. Conforme noticiado aqui há cinco dias, a legenda aprovou o “fechamento de questão”, uma ferramenta prevista nos seus estatutos, para obrigar os filiados a seguir a posição da legenda, sob pena de expulsão.

A proposta que Henrique deseja votar foi elaborada por um grupo de tabalho pluripartidário criado por ele em junho do ano passado. Participaram 25 deputados. Produziram uma proposta que pode ser lida aqui. Ironicamente, o grupo foi coordenado pelo petista Cândido Vaccarezza (SP). E teve a participação do também petista Ricardo Berzoini (SP). Ex-presidente do PT, Berzoini é, hoje, ministro das Relações Institucionais. Responde pela coordenação política do Planalto.
“O Vaccarezza foi indicado por mim”, recorda o presidente da Câmara. “O Berzoini foi uma indicação do partido. Participou das discussões até o final. Discordou de algumas coisas. Aprovou outras. Querer agora impedir que o Parlamento discuta a proposta só porque não tem o que o PT quer não é, definitivamente, uma atitude democrática. Vou levar a proposta ao plenário.”
Antes de chegar ao plenário, a PEC precisa vencer dois obstáculos. O primeiro é a votação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Nessa fase, não se discutirá o mérito da PEC, mas apenas sua “admissibilidade”. Os membros da CCJ dirão se a proposta foi redigida seguindo as boas técnicas legislativas e se não contém nenhuma afronta à Constituição.
Na sequência, a PEC seguirá para uma comissão especial. Nesse colegiado, os deputados poderão alterar o conteúdo da proposta. Só então o presidente da Câmara poderá exercer sua prerrogativa de incluir a matéria na pauta de votações do plenário. Algo que Henrique Alves deseja fazer na primeira quinzena de maio, provavelmente no dia 13.
“Essa votação é um compromisso nosso”, declara. “Quem for contra que vote contra. Vamos aprovar o que for possível. O que não dá é para deixar de examinar porque um partido é contra e quer impedir que os outros votem. O Parlamento quer debater, quer travar uma disputa de ideias. Radicalizar num tema como esse não faz o menor sentido.”
Nas palavras do presidente da Câmara, “o PT está se tornando um partido estigmatizado. Adota posições radicais e acaba se isolando no plenário. É sempre assim. Depois, não sabem por que ficam isolados.”

Henrique arremata: “A reforma é muito ampla. Acaba com o voto obrigatório e com a reeleição. Promove a coincidência das eleições. Altera o processo eleitoral. Trata do financiamento de campanha. Está tudo lá. O PT é contra? Pois que vote contra. Veremos o que será derrotado ou aprovado. Eles sempre disseram que queriam votar uma reforma política. Chegou a hora.”
Por Josias de Souza

terça-feira, 22 de abril de 2014

Presidente ou presidenta? Questão de poder, por Dad Squarisi

Ela é presidente ou presidenta? A questão é recente. Há poucos anos não passava pela cabeça de ninguém a possibilidade concreta de uma mulher ostentar, de fato, a faixa verde-amarela. Falava-se no assunto como hipótese utópica. Até chegar lá… Ops! Chegamos. O número de eleitoras ultrapassou o de eleitores. O voto feminino passou a ser disputado a tapa.

Tudo começou com o movimento feminista. Nos anos sessenta, as mulheres foram à luta. Queriam os mesmos direitos que os homens. Abusaram dos trajes masculinos. Desfilaram barrigas grávidas. Queimaram sutiãs em praça pública. Não deu outra. Conquistaram a universidade e o mercado de trabalho. Sentaram-se no Parlamento. Vestiram togas. Engrossaram as fileiras das Forças Armadas. Ocupar o Palácio do Planalto era questão de tempo. Não é mais.

Ao longo da ascensão, outra batalha corria solta. O alvo foi a língua. "O português é machista", decretaram elas sem ligar pra injustiça. A razão: ao englobar os gêneros, a palavra fica no masculino plural. "Meus filhos" inclui os filhos e as filhas. "Os devedores" abarca as devedoras e os devedores. "Os senadores" põe senadores e senadoras no mesmo saco. A luta pelo gênero se impôs. 

José Sarney percebeu a virada. "Brasileiras e brasileiros", saudava ele. Homens e mulheres acharam a novidade simpática. O SBT aproveitou a onda. Pôs no ar a novela com o mesmo bordão. A partir daí, distinguir o gênero deixou de ser gesto de simpatia. Virou obrigação. "Meus amigos e minhas amigas", dizia FHC. "Senhores deputados e senhoras deputadas", cumprimentava Aécio Neves. "Caros senadores e caras senadoras", bradavam Suas Excelências da tribuna.

De obrigação passou a obsessão. Hoje, não faltam situações como estas: "Pedimos aos presentes e às presentes que se levantem". "Os estudantes e as estudantes devem usar uniforme." "Os debatedores e as debatedoras chegarão ao meio-dia." Nos convites, todo o cuidado é pouco. A consagrada fórmula "senhor e senhora Paulo Silva" provoca o furor delas. Melhor optar por "senhor Paulo Silva e senhora Maria Silva".

Reações ao exagero não faltam. Millôr Fernandes dirige-se às "pessoas e pessoos". Veríssimo fala em "povo e pova". Aumenta o número dos temerosos de que cheguemos ao absurdo de distinguir "humanidade e mulheridade" e "seres humano e mulherano". Daí a conclusão dos críticos: "Está certo que a língua é viva. Mas isso cheira a Odorico Paraguassu". E daí? O dicionário registra os femininos presidente e presidenta. Você decide.

Distinguir o masculino e o feminino não é questão de correção gramatical. Brasileiros refere-se a homens e mulheres nascidos nesta alegre Pindorama. Gramaticalmente recebe nota 10. Mas escorrega no feministamente correto. A razão é simples. Esconde a mulher. Deixa-a sem espaço. No discurso, a modernidade recomenda usar o masculino e o feminino. Dando visibilidade a ele e a ela, marca-se, na fala, a igualdade dos dois gêneros. No fundo, é questão de poder.