O governador do Acre, Tião
Viana, do PT, fez uma coisa asquerosa, de um oportunismo odiento; de um
mau-caratismo político como raramente vi. Aproveitou os aviões que chegaram ao
Estado carregando mantimentos para abastecer o Estado, que está ilhado por
causa das chuvas, e os lotou de haitianos, despachando-os para outros Estados.
Os que levaram comida para o seu povo — coisa de que sua gestão não deu conta —
receberam , em troca, imigrantes, dos quais ele decidiu se livrar.
Há coisa de três anos, teve
início um fluxo imigratório para o Acre. Os haitianos deixam o seu país, voam
para a Bolívia e, principalmente, para o Peru e, depois, entram no Brasil, onde
recebem um visto temporário para poder trabalhar no país.
Desde que a onda começou, como
já disse aqui, o governo federal nada fez. O Ministério da Justiça jamais se
interessou pelo caso. Os haitianos vivem em acampamentos em condições
deploráveis. Mesmo assim, o governo petista faz praça de sua tolerância,
incentivando a imigração ilegal. O assunto virou até tema de redação do Enem em
2012. A tarefa dos estudantes era elogiar a gestão petista.
Muito bem! Para São Paulo,
Viana despachou cerca de 500 imigrantes. Não entrou em contato com o governo do
Estado. Não falou nem mesmo com seu correligionário, o prefeito Fernando
Haddad. Não se ocupou de fazer um cadastro. Nada! Cinicamente, um secretário
seu afirmou que o destino dos haitianos é mesmo o sul do Brasil. A secretária de Justiça de São Paulo, Eloisa Arruda,
apontou o quer chamou de “irresponsabilidade” do governo do Acre. Viana decidiu
reagir pelo Twitter com as seguintes mensagens:
“Como é que a elite paulista
quer obrigar o povo do Acre a prender imigrantes haitianos em nosso território,
preconceito racial? Higienização?”,
“As elites preconceituosas
querem o quê? Que prendamos essas pessoas? Que não as deixemos encontrar pais,
mães e esposas que já estão no Brasil?”.
Racista, preconceituoso e
higienista, senhor governador, é despachar negros imigrantes como se fossem
gado, procurando apenas se livrar do problema. Em vez de Viana cobrar ajuda de
Dilma Rousseff, sua aliada , prefere transferir suas dificuldades para terceiros.
Ontem, recebi uma frase que tem
a sua graça e é absolutamente verdadeira: debater com petistas é como jogar
xadrez com pombos — eles derrubam as peças, fazem cocô no tabuleiro e saem
arrulhando vitória, com o peito estufado.
Flagrado num ato racista,
discriminatório e elitista, Viana estufa o peito e acusa os outros de racismo,
discriminação e elitismo. Depois, claro, de derrubar as peças do jogo e de
sujar o tabuleiro. A propósito: Marina Silva e sua “Rede” são aliados
incondicionais de Tião Viana. A noção de ecologia da agora pré-candidata à
Vice-Presidência pelo PSB inclui também os seres humanos? Ou ela só vai reagir
se seu amigo começar a maltratar sapos, bagres e passarinhos?
Por Reinaldo Azevedo