segunda-feira, 26 de novembro de 2012

“Mulher de Lula”, que gostava de ser chamada de “madame”, manda dizer que não vai “cair sozinha”

Por Tânia Monteiro, no Estadão:
 
Integrantes do PT entraram em ação nas últimas 48 horas para tentar acalmar a ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo Rosemary Nóvoa de Noronha, que está desarvorada com a perda do cargo e com o indiciamento por parte da Polícia Federal (PF) por suspeita de envolvimento com uma quadrilha que traficava pareceres técnicos.
 
Rosemary teve seus telefones grampeados e a memória de seus computadores está sendo vasculhada pela PF. Por isso, de acordo com informações de petistas, uma operação “acalma Rose” foi deflagrada para dar suporte a ela. Segundo eles, Rosemary é conhecida por sua instabilidade emocional. Ela chora a todo instante. Em alguns momentos, chega a fazer ameaças – conforme os relatos – dizendo que não vai perder tudo sozinha e que não verá sua vida ser destruída sem fazer nada. “Não vou cair sozinha”, avisou.
 
A ex-chefe do escritório paulista, que sempre se sentiu à vontade para ligar para a cúpula petista e ministros, recorreu ao ex-ministro José Dirceu ao perceber a presença da PF em sua porta. Ela trabalhou com ele por 12 anos. O ex-ministro, que no momento pretende percorrer o País para dizer que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de lhe aplicar uma pena de 10 anos e 10 meses é política, respondeu que não poderia fazer nada. Rosemary tentou ainda falar com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que não lhe atendeu. Como seu padrinho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estava voando da Índia para o Brasil, foi atrás do ministro-chefe da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, que do mesmo modo nada pôde fazer, a não ser tentar acalmá-la.
 
Rosemary já estava sentindo seu poder esvaziado desde a saída de Lula do governo. Com a posse de Dilma Rousseff, perdeu parte da liberdade de agir no escritório em São Paulo e de dar ordens à comitiva presidencial. Auxiliares da presidente passaram a deixá-la em segundo plano, assim como os assessores do vice-presidente Michel Temer, que usa muito o escritório de São Paulo. Outros, como o governador da Bahia, Jacques Wagner, se recusavam a participar das reuniões nas quais ela estivesse presente.
(…)
 
A temida “madame”, como gostava de ser chamada, já não despertava mais temor entre subordinados – que nunca recebiam dela um polido tratamento -, porque não tinha influência sobre a equipe de Dilma. Mas isso não impedia que continuasse a usar o nome de Lula, de quem sempre foi muito próxima, para fazer do escritório uma espécie de balcão de varejo.
 
Esperamos que ela conte tudo, tudinho mesmo....Fala mais, "madame"! 

Facção paulista oferece ‘auxílio bélico’ e empréstimos de até R$ 5 mil

Thiago Herdy e Sérgio Roxo, O Globo
 
Os detalhes da criação de um “banco de apoio dos irmão (sic)”, com direito a “auxílio bélico” e ajuda financeira para “necessidades emergenciais” a ex-detentos da maior facção criminosa brasileira, nascida nos presídios paulistas, constam de arquivos da organização apreendidos pela Polícia Civil durante a crise de segurança em São Paulo.
 
Em sete páginas, o comando descreve o papel do banco e como integrantes do grupo que estivessem nas ruas até seis meses depois de sair de prisão poderiam obter armas e um crédito de até R$ 5 mil.
 
E qual será o juros do "banco do crime"? A morte?

domingo, 25 de novembro de 2012

Braço direito do advogado geral da União é alvo de operação da PF

No Estadão:
 
O advogado geral da União adjunto, José Weber Holanda, braço direito do advogado geral da União, Luís Inácio Adams, é um dos alvos da Operação Porto Seguro da Polícia Federal (PF), deflagrada nesta sexta-feira, 23, em Brasília e São Paulo. Policiais federais apreenderam documentos do gabinete do número dois da AGU, que fica localizado no mesmo andar da sala de Adams. Holanda já prestou, inclusive, depoimento à PF.
 
Desde o início da manhã, Adams está reunido com sua equipe para avaliar o impacto da operação na pasta. A AGU ainda não se pronunciou sobre o caso e deve soltar uma nota em breve.
 
A operação da PF, coordenada pela Superintendência de São Paulo, realizou buscas e apreensões em seis órgãos públicos em Brasília e apreendeu, no total, 18 malotes de documentos. O objetivo é desarticular uma organização criminosa infiltrada em diversos órgãos federais para a obtenção de pareceres técnicos fraudulentos em benefício de interesses privados.
 
Entre os órgãos devassados estão a Agência Nacional de Águas (ANA), onde atua desde 2010 o diretor Paulo Rodrigues Vieira, indicado para integrar o colegiado do órgão pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apontado como cabeça do esquema de compra de pareceres técnicos sobre negócios milionários no governo, Vieira foi recolhido à carceragem da PF após prestar depoimento por mais de duas horas.

Por que setores da imprensa paulistana viraram porta-vozes de Dirceu, mas tratam Cachoeira como bandido?

Vocês estão certamente acompanhando tudo. A imprensa, especialmente setores da paulistana, é agora porta-voz de José Dirceu. Os posts de seu blog têm o conteúdo reproduzido pelos grandes portais. As bobagens que ele diz a seus “interlocutores” — é truque: sempre é o próprio Dirceu falando — transformam-se em sentenças.
 
Dirceu é tratado como pensador. Fala sobre o Judiciário — claro! —, sobre reforma política, sobre as oposições, sobre o futuro da humanidade… E quem é este pensador? Deixem-me ver: foi cassado por corrupção pelo plenário da Câmara. Foi condenado em última instância por formação de quadrilha e corrupção ativa. Ah, sim: com esse currículo, ele continua “consultor de empresas privadas”. Até outro dia, esgueirava-se em quartos de hotel com autoridades de governo. Tudo consultoria!
 
E Cachoeira?
 
O que a imprensa está esperando para fazer o “Diário de Cachoeira”? Tem mais: se José Dirceu, condenado sem mais chance de recurso, não é chamado pelos jornalistas de “corruptor” e “quadrilheiro”, por que o “empresário goiano” é, então, chamado de “bicheiro” e “contraventor”? Ele nem mesmo foi definitivamente condenado por esse crime…
 
Aliás, Cachoeira tem uma condenação em primeira instância, contra a qual cabe recurso. Por enquanto, a sua situação jurídica é um pouco melhor do que a de Dirceu. Por tudo o que se ouviu, praticou um monte de crimes — mas não se o acuse, ao menos, de ter fraudado o regime democrático, não é mesmo? Quanto a Dirceu, não custa lembrar a manifestação de diversos ministros do Supremo: o mensalão foi uma tentativa de golpe nas instituições.
 
Os idiotas não perceberão que faço uma ironia, claro! Idiotas comem a ironia junto com o capim sem notar nada de estranho.
 
Cachoeira poderia fazer um blog, como Dirceu. Dinheiro para contratar mão de obra não lhe falta. A exemplo do companheiro, opinaria sobre fatos da vida nacional. Pode até temperar um texto ou outro com alguma ameaça velada, o que sempre excita alguns jornalistas. Por uma questão de isonomia — e, ainda assim, imperfeita —, acredito que também ele ganhará várias notícias. A isonomia é imperfeita considerando as possibilidades de recurso…
 
Se um condenado em última instância por formação de quadrilha e corrupção ativa merece o status de pensador, por que um condenado em primeira instância tem de ser tratado como bandido?
 
Com a palavra, esses setores do jornalismo paulistano a que me refiro.
 
Por Reinaldo Azevedo

Alvo da PF em escritório da Presidência em SP é faz-tudo de Lula e pessoa de confiança de José Dirceu, a quem serviu por 12 anos. Tá chegando perto, seu Lula!

Entre os locais visitados pela Polícia Federal na operação Porto Seguro está o escritório da Presidência da República em São Paulo, que fica no 17.ª andar do prédio do Banco do Brasil, na avenida Paulista. O alvo da apuração é Rosemary Nóvoa de Noronha, chefe de gabinete do escritório. A PF a acusa de corrupção ativa.
 
E quem é Rosemary? Eis o busílis. Trata-se de pessoa da mais absoluta e estrita confiança de… Luiz Inácio Lula da Silva. Poucos se lembram, mas a mulher integrou as comitivas do Apedeuta mundo afora e tinha, em seu governo, um razoável controle sobre nomeações para o segundo e terceiro escalões — incluindo as agências reguladoras. Uma delas, a de Águas, está sendo investigada agora.
 
E como é que Rose chegou a Lula? Tchan,tchan, tchan… Por intermédio de José Dirceu, de quem foi assessora por longos 12 anos. Rose conseguiu emplacar o próprio marido, José Cláudio de Noronha, na assessoria especial da Infraero, em São Paulo.
 
Quando estourou o escândalo dos cartões corporativos, descobriu-se que Rosemary era uma das funcionárias com direito a “gastos secretos”, como se, sei lá, operasse com questões que dissessem respeito à segurança nacional…
 
Chegou ao topo pelas mãos de Dirceu e lá foi mantida na cota pessoal de Lula.
 
 

Chefe de gabinete da Presidência usava nome de Lula para fazer negócio

Rosemary Nóvoa de Noronha foi indiciada por corrupção ativa e passiva
 
Laura Diniz, VEJA ONLINE
 
A chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, usava o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para fazer tráfico de influência, indicam escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal. Rosemary foi indiciada nesta sexta-feira por corrupção ativa e passiva.
 
A investigação da PF começou há mais de um ano. Rosemary foi flagrada negociando suborno em dinheiro e favores, como uma viagem de cruzeiro (que ela depois reclamou não ser luxuoso o suficiente) e até uma cirurgia plástica. Na última conversa dela gravada antes da deflagração da operação, a ex-assistente de Lula pediu 650 000 reais pelos serviços prestados.
 
Segundo a investigação, o papel dela era fazer a ponte entre empresas que queriam comprar pareceres fraudulentos de órgãos do governo e as pessoas do governo que poderiam viabilizar a emissão dos documentos. Rosemary foi nomeada por Lula para esse cargo em 2005 e, desde então, esteve muito próxima ao petista.
 
O fato de assessorar o ex-presidente fez com que ela própria se tornasse uma pessoa politicamente articulada. Assim, foi capaz de influir na nomeação de homens do alto escalão de agências do governo, como os irmãos Paulo Rodrigues Vieira, diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), e Rubens Carlos Vieira, diretor de Infraestrutura Aeroportuária da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), ambos presos hoje pela PF.
 
Rose, como é conhecida, era presença constante nas comitivas presidenciais ao lado de Lula. Também foi assessora do ex-ministro José Dirceu por 12 anos antes de trabalhar diretamente com Lula. Em 2006, o nome de Rosemary constava de uma lista de 65 servidores que efetuaram saques a título de pagamento de despesas da Presidência da República por meio de cartões corporativos.
 
Na época, havia registros de saques no valor de 2 100 reais no cartão dela. Deputados de oposição tentaram aprovar sua convocação para prestar esclarecimentos à CPI que investigou a farra dos cartões corporativos, mas aliados do Planalto conseguiram barrar o pedido.
 
A operação da PF, chamada de Porto Seguro, atingiu mais de 40 pessoas, entre elas o número dois da Advocacia-Geral da União, José Weber Holanda Alves. Na sede da AGU, foram recolhidos documentos na sala de um alto assessor do órgão. Procedimento interno de apuração foi aberto por determinação do advogado-geral Luís Inácio Adams para investigar a participação de servidores da autarquia no esquema criminoso.