quinta-feira, 20 de março de 2014

Tal pai, tal filho!

Josias de Souza

Dirigentes de três partidos governistas —PMDB, PR e PP— enviaram nesta quarta-feira (19) uma nota conjunta aos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais). No texto, acusam o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), filho do mensaleiro preso José Dirceu, de se apropriar de feitos legislativos de outros parlamentares.
O documento é assinado pelos deputados que presidem no Paraná os diretórios estaduais das legendas acusadoras: Osmar Serraglio, do PMDB; Fernando Giacobo, do PR; e Nelson Meurer, do PP. Eles anotam que Zeca Dirceu “aborda prefeitos e vereadores para afirmar ser ele o responsável pela liberação de recursos que foram objeto, na verdade, de pleitos de outros deputados, aos quais os prefeitos estão vinculados politicamente.”
Mesmo quando “advertido pelos prefeitos” de que as verbas federais chegaram aos municípios graças à ação de outros colegas, Zeca Dirceu os “constrange”, participando da “entrega de equipamentos e obras”. De resto, sustentam os deputados, o filho de Dirceu “dissemina e-mails” com dados falsos sobre a paternidadade das realizações bancadas no Paraná com verbas federais.
Conforme a reclamação enviada a Mercadante e Ideli, Zeca Dirceu não falseia apenas a autoria das emendas penduradas pelos deputados no Orçamento da União. “Apropria-se de todos os programas federais, como se tudo fosse objeto de sua atividade, desrespeitando a atuação dos demais deputados que dão sustentação ao governo federal.” Mencionam, entre outros programas, o Minha Casa, Minha Vida e o Mais Médicos.
Esse tipo de queixa está na raiz da crise que provocou o motim de sete partidos governistas na Câmara, à frente o PMDB. Os aliados se queixam de que o Planalto só se lembra deles no momento de exigir lealdade no plenário. Na hora de partilhar verbas, cargos e benesses que rendem votos, privilegiaria o PT. Contra esse pano de fundo, a tentativa de Zeca Dirceu de imprimir as digitais em feitos alheios é vista pelos colegas como uma espécie de crime de lesa-mandato.
Não é a primeira vez que o deputado petista vai à berlinda. Ele já havia sido acusado de tomar como suas iniciativas dos outros em 2011. A diferença é que a acusação, antes subscrita apenas por Osmar Serraglio, ex-relator da CPI dos Correios, o embrião do mensalão, volta agora endossada por dirigentes de outras duas legendas governistas. Naquela ocasião, Zeca Dirceu se defendera-se de forma singela. Reconhecera o “trabalho de Serraglio”, mas dissera que “a atuação coletiva” de toda a bancada paranaense “amplia as conquistas.”
Na nota enviada ao Planalto, reproduzida abaixo, PMDB, PR e PP ameaçam: se Zeca Dirceu não alterar sua conduta, planejam “instar o Conselho de Ética da Câmara a tomar as providências devidas.” Em outras palavras: cogitam pedir a cassação do mandato do filho de Dirceu por falta de ética.


quarta-feira, 19 de março de 2014

Jogo combinado, por Ilimar Franco


Ilimar Franco, O Globo

A presidente Dilma, o vice Michel Temer e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acertaram-se. A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e o líder do Bloco União e Força no Senado, Gim Argelo (PTB-DF), serão indicados ministros do TCU. O Senado terá direito a preencher duas vagas este ano. Aposentam-se os ministros Valmir Campelo (outubro) e José Jorge (novembro).

Dilma apoiou compra de refinaria; agora culpa falha em documentos

Estadão

Documentos até agora inéditos revelam que a presidente Dilma Rousseff votou em 2006 favoravelmente à compra de 50% da polêmica refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). A petista era ministra da Casa Civil e comandava o Conselho de Administração da Petrobrás.

Ontem, ao justificar a decisão ao Estado, ela disse que só apoiou a medida porque recebeu "informações incompletas" de um parecer "técnica e juridicamente falho". Foi sua primeira manifestação pública sobre o tema.

A aquisição da refinaria é investigada por Polícia Federal, Tribunal de Contas da União, Ministério Público e Congresso por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas

Se a mulher não pensa como Dilma acha que deve pensar, ela não vê nada demais em que lhe chutem a cara, quebrem-lhe o nariz e lhe cassem o mandato. É tudo merecido!

Essa é a deputada oposicionista Maria Corina Machado. Parlamentares chavistas quebraram o nariz dela a chutes, enquanto estava caída, dentro da Assembleia Nacional. Já volto ao ponto. Antes, outras considerações.

Lembram-se daquela reunião de chanceleres da América do Sul, realizada no Chile, para discutir a crise da Venezuela? Deu em quê? Ela só volta a se reunir em abril. Enquanto isso, os mortos na Venezuela já chegam a 29, e o governo agora resolveu mobilizar seus cães de guarda na Assembleia para tentar suspender a imunidade da deputada Maria Corina, uma das mais duras críticas do chavismo e do presidente Nicolás Maduro.

Miguel Rodríguez, ministro do Interior, veio a público nesta terça para anunciar que um informante do governo, escalado para espionar os movimentos da oposição — ele o chamou de “A1” —, lhe contou que Leopoldo López, o líder oposicionista preso, e a deputada tramaram os atos de violência. Numa manobra evidente para dividir o movimento de oposição, Rodríguez procurou isentar de qualquer responsabilidade Henrique Capriles, outro conhecido rosto da oposição venezuelana.

Segundo o ministro, Capriles teria sido chamado pela dupla para conspirar — “para incendiar o país” —, mas teria se recusado. É um truque sujo, coisa de vigaristas. Todo mundo sabe que, de fato, o homem que concorreu à Presidência pela oposição não era inicialmente simpático às manifestações de rua e à pressão pela renúncia de Maduro, mas as divergências ficaram para trás.

Deputados chavistas passaram a acusar López e Corina de responsáveis por aquilo que chamam “assassinatos”. É de um cinismo espantoso mesmo para os padrões bolivarianos. As vítimas, na sua quase totalidade, foram alvejadas por motoqueiros armados, que são uma das divisões das milícias bolivarianas.

O ódio a Maria Corina é antigo. No dia 30 de abril do ano passado, o presidente da Assembleia, Diosdado Cabello, decidiu cassar o direito de voz dos oposicionistas até que não reconhecessem Maduro como o presidente eleito — uma eleição escancaradamente fraudada. Não só isso: os parlamentares chavistas partiram para cima dos seus adversários, conforme se vê neste vídeo:

O resultado foi o que se vê na foto lá no alto. Caída no chão, Maria Corina recebeu cinco chutes, teve o nariz fraturado e precisou se submeter a uma cirurgia dois dias depois.

Virão outros mortos na Venezuela. Maduro, em vez de negociar, radicaliza. Nesta quarta, o jornal El Nacional denunciou que o governo simplesmente não liberou a cota de papel a que a publicação tem direito, buscando impedi-lo de circular. Jornais de outras partes do mundo, inclusive do Brasil, se dispuseram a ajudar.

Segundo informa o site do El Nacional, a comissão de Direitos Humanos da União Interparlamentar, com sede em Genebra, decidiu visitar a Venezuela para apurar as ameaças feitas pelo governo e por milícias armadas contra os deputados oposicionistas Richard Mardo, Julio Borges, María Mercedes Aranguren, William Dávila e a própria Maria Corina.

A nossa soberana, não obstante, segue no apoio incondicional a Maduro, o assassino. Mesmo quando brutamontes chavistas chutam a cara de uma mulher, a mulher Dilma Rousseff se cala. Afinal, Maria Corina não é uma “companheira”. Nesse caso, é muito justo que apanhe, certo?

Por Reinaldo Azevedo

Que vergonha! Dilma estava escondendo até agora que apoiou, sim, a compra, pela Petrobras, de refinaria-sucata nos EUA que gerou prejuízos à Petrobras de US$ 1,204 bilhão!

É do balacobaco. Já contei a história aqui em detalhes. Só que o que o vem a público agora, em reportagem do Estadão, é ainda mais grave. A síntese é a seguinte: em 2005, a empresa belga Astra Oil comprou uma refinaria chamada Pasadena Refining System por US$ 42,5 milhões. Em 2006, vendeu 50% da refinaria à Petrobras por US$ 360 milhões. Para tornar a usina operacional, era necessário investir mais US$ 1,5 bilhão, conta que seria dividida entre a Petrobras e a Astra. O contrato previa que, se os sócios se desentendessem, a gigante brasileira seria obrigada a comprar a outra metade. Eles se desentenderam, e os belgas resolveram executar o contrato: pediram US$ 700 milhões por sua parte. A Petrobras não quis pagar, os belgas foram à Justiça e os brasileiros tiveram de ficar com a outra metade da sucata por US$ 839 milhões. Soma total do prejuízo: US$ 1,204 bilhão. A refinaria está parada, dando um custo milionário, todo mês, de manutenção.

Pois é… Até esta quarta, pensava-se que Dilma, que era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, não soubesse de nada à época. Prosperou a versão de que a negociação havia sido feita sem a sua anuência. Errado! Ela não só sabia como votou a favor da compra. Agora diz que ignorava a obrigação da Petrobras de ficar com a outra metade da empresa. Com a devida vênia, trata-se de uma cascata. E QUE SE NOTE: QUANDO A PETROBRAS COMPROU POR R$ 360 MILHÕES METADE DE UMA EMPRESA PELA QUAL OS BELGAS HAVIAM PAGADO R$ 45 MILHÕES — E DILMA CONCORDOU! —, JÁ SE TRATAVA DE UM ESCÂNDALO. AFINAL, SÓ NESSA OPERAÇÃO, SEM QUE SE REFINASSE UM BARRIL DE PETRÓLEO, OS BELGAS OBTIVERAM UM LUCRO DE 1.500% EM MENOS DE UM ANO.

Mais: o homem que negociou com a Petrobras em nome dos belgas é Alberto Feilhaber, um brasileiro que já havia trabalhado na… Petrobras por 20 anos e que se transferira para o escritório da Astra, no EUA. Quem preparou o papelório para o negócio foi Nestor Cerveró, à frente da área internacional da empresa brasileira.

Essa compra escandalosa é hoje investigada pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal, pelo Tribunal de Contas da União e, em breve, por uma comissão do Congresso.

Imaginava-se, até esta quarta, que tudo era mesmo culpa de José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da empresa, de quem Dilma nunca gostou muito. Agora, a gente descobre que a soberana sempre soube de tudo, não é mesmo? Parece que Gabrielli cansou de levar a culpa sozinho. Abaixo, uma síntese do escândalo, que tem, sim, as digitais de Dilma. Pois é… 

Lembro do candidato Lula, em 2002 e em 2006 e da candidata Dilma, em 2010, acusando os tucanos de querer privatizar a Petrobras, o que nunca aconteceu. Eles não privatizaram. Prefeririam quebrar a empresa. A Soberana assumiu o mandato com a ação da empresa valendo R$ 29. Está sendo negociada agora a R$ 12,60.
*
1: Em janeiro de 2005, a empresa belga Astra Oil comprou uma refinaria americana chamada Pasadena Refining System Inc. por irrisórios US$ 42,5 milhões. Por que tão barata? Porque era considerada ultrapassada e pequena para os padrões americanos.

2: ATENÇÃO PARA A MÁGICA – No ano seguinte, com aquele mico na mão, os belgas encontraram pela frente a generosidade brasileira e venderam 50% das ações para a Petrobras. Sabem por quanto? Por US$ 360 milhões! Vocês entenderam direitinho: aquilo que os belgas haviam comprado por US$ 22,5 milhões (a metade da refinaria velha) foi repassado aos “brasileiros bonzinhos” por US$ 360 milhões: 1.500% de valorização em um aninho. A Astra sabia que não é todo dia que se encontram brasileiros tão generosos pela frente e comemorou: “Foi um triunfo financeiro acima de qualquer expectativa razoável.”

3: Um dado importante: o homem dos belgas que negociou com a Petrobras é Alberto Feilhaber, um brasileiro. Que bom! Mais do que isso: ele havia sido funcionário da Petrobras por 20 anos e se transferiu para o escritório da Astra nos EUA. Quem preparou o papelório para o negócio foi Nestor Cerveró, à frente da área internacional da Petrobras. Veja viu a documentação. Fica evidente o objetivo de privilegiar os belgas em detrimento dos interesses brasileiros. Cerveró é agora diretor financeiro da BR Distribuidora.

4: A Pasadena Refining System Inc., cuja metade a Petrobras comprou dos belgas a preço de ouro, vejam vocês!, não tinha capacidade para refinar o petróleo brasileiro, considerado pesado. Para tanto, seria preciso um investimento de mais US$ 1,5 bilhão! Belgas e brasileiros dividiriam a conta, a menos que…

5: A menos que se desentendessem! Nesse caso, a Petrobras se comprometia a comprar a metade dos belgas — aos quais havia prometido uma remuneração de 6,9% ao ano, mesmo em um cenário de prejuízo!!!

6: E não é que o desentendimento aconteceu??? Sem acordo, os belgas decidiram executar o contrato e pediram pela sua parte, prestem atenção, outros US$ 700 milhões. Ulalá! Isso foi em 2008. Lembrem-se de que a estrovenga inteira lhes havia custado apenas US$ 45 milhões! Já haviam passado metade do mico adiante por US$ 360 milhões e pediam mais US$ 700 milhões pela outra. Não é todo dia que aparecem ou otários ou malandros, certo?

7: É aí que entra a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, então presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Ela acusou o absurdo da operação e deu uma esculhambada em Gabrielli numa reunião. DEPOIS NUNCA MAIS TOCOU NO ASSUNTO.

8: A Petrobras se negou a pagar, e os belgas foram à Justiça americana, que leva a sério a máxima do “pacta sunt servanda”. Execute-se o contrato. A Petrobras teve de pagar, sim, em junho deste ano, não mais US$ 700 milhões, mas US$ 839 milhões!!!

9: Depois de tomar na cabeça, a Petrobras decidiu se livrar de uma refinaria velha, que, ademais, não serve para processar o petróleo brasileiro. Foi ao mercado. Recebeu uma única proposta, da multinacional americana Valero. O grupo topa pagar pela sucata toda US$ 180 milhões.

10: Isto mesmo: a Petrobras comprou metade da Pasadena em 2006 por US$ 365 milhões; foi obrigada pela Justiça a ficar com a outra metade por US$ 839 milhões e, agora, se quiser se livrar do prejuízo operacional continuado, terá de se contentar com US$ 180 milhões. Trata-se de um dos milagres da gestão Gabrielli: como transformar US$ 1,204 bilhão em US$ 180 milhões; como reduzir um investimento à sua (quase) sétima parte.

11: Graça Foster, a atual presidente, não sabe o que fazer. Se realizar o negócio, e só tem uma proposta, terá de incorporar um espeto de mais de US$ 1 bilhão.

12: Diz o procurador do TCU Marinus Marsico: “Tudo indica que a Petrobras fez concessões atípicas à Astra. Isso aconteceu em pleno ano eleitoral”.


Por Reinaldo Azevedo

Incompetência

Quando a doutora Dilma assumiu a Presidência, uma ação da Petrobras valia R$ 29. Hoje ela vale R$ 12,60. Somando-se a perda de valor de mercado da Petrobras à da Eletrobras, chega-se a cerca de US$ 100 bi. A gestão da doutora comeu um ervanário equivalente à fortuna do homem mais rico do mundo (Bill Gates, com US$ 76 bi), mais a do homem mais rico do Brasil (Jorge Paulo Lemann, com US$ 19,7 bi).

Elio Gaspari