Na
VEJA.com:
O
investimento estrangeiro direto (IED) caiu 3,9% no Brasil em 2013, para 63
bilhões de dólares, informou um relatório da Conferência das Nações Unidas
sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) divulgado nesta terça-feira. O
resultado brasileiro é o único negativo entre os países dos Brics (bloco
integrado também por Rússia, Índia, China e África do Sul). Contudo, graças aos
investimentos em território chinês e russo, o IED do bloco alcançou 322 bilhões
de dólares, alta de 21% em relação a 2012.
O
governo da presidente Dilma Rousseff usou o pretexto de fomentar o investimento
estrangeiro direto para justificar muitas de suas políticas protecionistas no
país. Esse tipo de aporte é considerado capital “de qualidade”, que consiste em
injeções diretas no setor produtivo — e não no mercado financeiro, quando é
considerado capital especulativo. O aumento de impostos sobre o investimento
estrangeiro em títulos de renda fixa, por exemplo, foi uma das medidas criadas
pelo Ministério da Fazenda para espantar os especuladores, em meados de 2011.
Com a disparada do dólar ocorrida no último ano, muitas das medidas foram
desfeitas. Mas a artilharia do governo acertou alvo duplo: colocou para fora
especuladores e, também, os ‘bons’ investidores.
A
Unctad afirmou que o resultado brasileiro deve ser visto no contexto de
desaceleração de um crescimento que foi acima da média nos anos anteriores,
sobretudo em 2011, quando o aporte anual ficou em 65 bilhões de dólares, ante
48 bilhões de dólares em 2010. Contudo, tal contexto parece não se aplicar aos
outros Brics. Na Rússia, o crescimento foi de 83% no ano passado, para 94
bilhões de dólares. Já na China, foi de 4%, a 127 bilhões de dólares. A África
do Sul, membro recém-aceito no bloco, o IED avançou 126%, para 10 bilhões de
dólares. Enquanto grande parte dos países analisados pela Unctad recuperou, em
2013, o mesmo nível de investimento de 2011, o Brasil ampliou a queda. Em 2012,
o IED no país havia caído 2%.
No
aspecto das sub-regiões, o cenário tampouco é animador para o país. Puxada pelo
Brasil, a América do Sul viu seu IED cair 6,8% no ano passado. Apenas o Oriente
Médio teve desempenho pior, com queda de 19,6%. O norte da África, ainda
castigado pelas revoltas populares, viu seu IED recuar 1,8% no período. Todas as
outras sete sub-regiões do globo tiveram desempenho positivo.
Já
no comparativo entre os blocos econômicos, o Mercosul (composto por Brasil,
Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela) foi o único a apresentar queda nos
investimentos (de 6%). Também influenciado pelo Brasil, o resultado do bloco
evidencia as falhas das políticas protecionistas de alguns governos
sul-americanos, como o brasileiro e o argentino, que espantaram o capital
estrangeiro ao longo dos últimos anos.
Há o
agravante, ainda, da deterioração fiscal e do aumento da inflação em ambos os
países. No caso do Brasil, a presidente Dilma iniciou um tímido movimento para
tentar reaver a confiança do investidor. Uma de suas ações foi ir a Davos e
discursar sobre os feitos de seu governo. Contudo, como é necessário mais do
que palavras para retomar o dinheiro que se foi, investidores aguardam ações
mais contundentes do Palácio do Planalto – como a retomada do controle das
contas públicas – para voltar a investir. No caso da Argentina, onde Cristina Kirchner
não parece preocupada em recuperar os bilhões perdidos, a volta do IED só deve
ocorrer por milagre – ou nem assim.
Por Reinaldo Azevedo
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