sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

No dia dos US$ 200 milhões, eu me lembrei de que, segundo vice-presidente do PT, os verdadeiros inimigos do Brasil somos eu e mais oito

Caberá aos órgãos competentes verificar se o que diz Pedro Barusco é ou não verdade. Segundo ele, João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, levou entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões de propina, decorrentes de contratos de empreiteiras com a Petrobras entre 2003 e 2013. Ele próprio, Barusco (falarei mais dele), devolverá US$ 97 milhões aos cofres públicos. Que a Petrobras tenha sido tomada por uma quadrilha, bem, creio que já não haja dúvida a respeito. Agora que o PT começou a morrer — ou, segundo certo ponto de vista, já morreu — cumpre lembrar um fato notável de sua trajetória.

No dia 16 de junho do ano passado, durante a Copa do Mundo, Alberto Cantalice, vice-presidente do partido, publicou no site da legenda um texto odiento, estimulando a caça às bruxas, e fez uma lista — sim, uma lista negra — de jornalistas e comunicadores que, segundo ele, faziam e fazem mal ao Brasil. Ele estava descontente com as críticas àquele projeto do PT que entregava parte da administração federal aos conselhos populares — que nada mais são do que esbirros do PT. Leiam o que escreveu:

“Divulgadores de uma democracia sem povo apontaram suas armas, agora, contra o decreto da Presidência da República que amplia a interlocução e a participação da população nos conselhos, para melhor direcionamento das políticas públicas.

Personificados em Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Demétrio Magnoli, Guilherme Fiúza, Augusto Nunes, Diogo Mainardi, Lobão, Danilo Gentili, Marcelo Madureira, entre outros menos votados, suas pregações nas páginas dos veículos conservadores estimulam setores  reacionários e exclusivistas da sociedade brasileira a maldizer os pobres e sua presença cada vez maior nos aeroportos, nos shoppings e nos restaurantes. Seus paroxismos odientos revelaram-se com maior clarividência na Copa do Mundo.”


É verdade! Quem gosta de pobre é o PT. Basta ver o que a gestão do partido fez com a Petrobras, que é patrimônio do povo brasileiro. Nunca ocorreu aos “companheiros” que esses nove que eles escolheram para odiar defendem que pobres e ricos tenham aeroportos decentes. Segundo o jeito petista de fazer as coisas, a verdadeira igualdade consiste em oferecer aeroportos que não prestam para todos, sem distinção entre pobres e ricos.

Em junho do ano passado, o PT enfrentava algumas dificuldades, sim, e a popularidade de Dilma não andava lá essas coisas, mas a reeleição ainda era considerada, como se verificou, a hipótese mais plausível. E os companheiros já faziam seus planos para o quarto mandato, embora fosse evidente, havia pelo menos dois anos, que o país caminhava para a lona.

Nesta quinta, ao tomar conhecimento do depoimento de Pedro Barusco e ao ser informado de que agentes federais tiveram de pular o muro da casa de Vaccari para conduzi-lo para um depoimento, eu me lembrei da lista negra de Cantalice. Eu me lembrei de que, segundo o chefão petista, somos nós, aqueles nove, os verdadeiros inimigos do Brasil. Só para registro: no dia seguinte à publicação do texto deste senhor, as ameaças de agressão e morte que habitualmente chegam a este blog de multiplicaram.

E lembro: não houve uma só entidade ligada à imprensa ou à liberdade de expressão que tenha criticado o PT. O protesto partiu da França, da entidade “Repórteres Sem Fronteiras”. Se bem que houve, sim, um jornalista que se inflamou no Brasil: Janio de Freitas. Contra o PT? Não! Contra a “Repórteres Sem Fronteiras”. Endossou, assim, o comportamento fascistoide do petismo.

Entendo pessoas como Cantalice e seus petralhas. Imaginem como seria doce a vida dessa turma se toda a imprensa se comportasse como os patriotas dos blogs sujos, que trocam uma opinião por um anúncio estatal — inclusive da Petrobras. O chato para esse partido moribundo é que, a cada dia, fica mais claro onde estão os vilões. Em breve, a lista de Cantalice dos “inimigos do Brasil” incluirá mais ou menos 200 milhões de… brasileiros! 

Por Reinaldo Azevedo

Energia elétrica – Bandeira tarifária deve subir 83%; horário de verão pode ir até março

Por Júlia Borba, na Folha:

O consumidor mal começou a sentir no bolso o impacto das chamadas bandeiras tarifárias e já terá de pagar mais mensalmente pelo custo extra da energia. Sistema que desde janeiro permite que o governo repasse todos os meses para a conta de luz flutuações no custo da eletricidade, a bandeira tarifária deve sofrer um reajuste de até 83% com a mudança do regime. A diretoria da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) vai analisar nesta sexta (6) proposta de reajustar o valor máximo cobrado hoje de R$ 3 a cada kilowatt-hora (kWh) para R$ 5,50. Nesta quinta-feira (5), o ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) havia afirmado a jornalistas que o reajuste seria inferior a 50%.

A bandeira vermelha, mais cara, vai passar a indicar não apenas que as usinas térmicas estão sendo usadas em larga escala mas também que as empresas estão tendo de comprar muita energia extra para atender a demanda ou que o risco hidrológico aumentou (diferença entre energia contratada e a entregue pelas geradoras). No caso da bandeira amarela, que sinaliza situação intermediária desses gastos, o valor que será proposto será de R$ 2,50. Isso representará aumento de 66,7% em relação à cobrança extra de R$ 1,50 a cada kilowatt-hora (kWh) prevista atualmente quando a bandeira está nessa cor. A Aneel ainda irá submeter as alterações a audiência pública. Após esse período, que deve ser curto, os novos valores começam a valer. Ao que tudo indica, já para o mês de março.

Ao “Jornal Nacional” desta quinta Braga disse que, para economizar energia, o governo estuda a possibilidade de prorrogar por um mês o horário de verão, que tem previsão de término no dia 22. A decisão será tomada em reunião de governo no dia 12.

(…)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Dilma está no mato sem cachorro. Mas com Mercadante! E isso é um perigo para todos! Agora ela quer adiar pagamento do PIS…

A presidente Dilma Rousseff está perdidaça! Quase emendo um “coitada!” aqui, seguido da inevitável exclamação, mas me lembrei depois que ela venceu a (re)eleição há meros três meses. De súbito, vieram-me à memória suas promessas sobre o novo umbral do desenvolvimento, que seria possibilitado por seu segundo mandato. Mais do que isso: o dedo acusatório contra seus adversários se fez de novo presente. Eles queriam a fome do povo brasileiro. Eles queriam provocar recessão. Eles queriam aumentar juros. Eles queriam cortar benefícios sociais. Pois é…

Já nem se trata de acusar o estelionato apenas. É claro que ele está aí, de maneira acachapante. Confesso que começa a me preocupar a suspeita de que a dita “presidenta” não bata bem dos pinos mesmo — ou será que tudo o que está aí é só uma articulação de Aloizio Mercadante, o ministro da Casa Civil? Bem, uma coisa e outra são iguais…

Em mensagem enviada ao Congresso, Dilma afirmou, pasmem!, que seu pacote de medidas não é recessivo, o que nem Joaquim Levy, o técnico que deu formato ao conjunto de ações, ousou dizer. Ao contrário: em entrevista em Davos, ele previu, sim, ao menos um trimestre de encolhimento da economia. Dilma, não! E ela fez essa afirmação no dia em que o Boletim Focus apontou um possível crescimento neste ano de, atenção, 0,03% — contra 0,13% na semana passada. Pode não parecer, mas a previsão desta semana é 77% inferior à da semana passada. Isso para uma inflação anualizada que já furou a casa dos 7%, com taxa de juros, hoje, em 12,25% — lá na estratosfera. E é assim antes do efeito das tais medidas. Imaginem depois.

Na mensagem ao Congresso, Dilma repetiu a ladainha, na qual ninguém acredita, segundo a qual tudo se deve a uma soma de conjunturas desfavoráveis — a externa, com baixo crescimento de países ricos e China, e a interna, com a crise hídrica, que impacta também o setor de energia. Tudo muito ligeiro, buscando dourar a pílula. E acenou com reformas — sem dizer quais — que seriam a solução mágica para todos os problemas.

A oposição, evidentemente, criticou a sua mensagem nefelibata, que está nas nuvens. Disse, por exemplo, o senador José Serra (PSDB-SP): “[A presidente] Não apresenta uma estratégia coerente para tirar o Brasil desta situação de crise econômica. Ela novamente abusa da ideia de propor reformas sem explicar do que se trata, como no caso das reformas tributária e política”. Na mosca!

E tudo pode ser um pouquinho pior. Segundo informa nesta segunda a Folha, o governo quer diluir o abono do PIS, correspondente a um salário mínimo, em 12 meses. O benefício é creditado na conta do trabalhador ou numa conta da Caixa em quatro datas, no segundo semestre de cada ano. Tem direito ao pagamento quem recebeu, em média, até dois salários mínimos mensais no ano anterior. Estima-se que 21 milhões de pessoas estejam nessa condição. A proposta não está nas duas Medidas Provisórias que alteram o seguro-desemprego, as pensões e o seguro-defeso.

Dilma está num mato sem cachorro, mas com Mercadante. E isso quer dizer que continuará perdida. O resultado das eleições para as Mesas da Câmara e do Senado indica que ela encontrará severas dificuldades no Congresso. Mas seu ministro da Casa Civil, com as habilidades de negociador que lhe são inatas, filosofou, com o pensamento sombreado pelo bigode: “Já recebemos as solicitações dos partidos. [...] A partir desse momento, começam as negociações com os partidos para definir o segundo escalão e buscar combinar o critério técnico da competência com o critério político do apoio parlamentar no Congresso”. Tudo entendido, é claro!

Então ficamos assim: Dilma quer o apoio do Congresso para, entre outras delicadezas, adiar o pagamento do abono do PIS — sim, desta vez, é rebaixamento de benefício trabalhista mesmo. Com coragem e determinação, envia uma mensagem aos parlamentares que desafia as evidências factuais mais escancaradas, enquanto seu homem forte da articulação política abre o balcão explícito da chantagem.

Dilma, reitero, está no mato sem cachorro, acompanhada de Mercadante. Acho que vai ficar por lá. 


Por Reinaldo Azevedo