segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Paradas, obras do São Francisco viram lorota eleitoral

Convertida em “prioridade” na gestão Lula, a transposição do rio São Francisco foi à vitrine da campanha de Dilma Rousseff como jóia da coroa do PAC. 

Antes de deixar a Presidência, Lula cuidou de lapidar o brilhante numa viagem de despedida aos canteiros da obra (veja no vídeo). Pois bem. Eleita, Dilma submete ao abandono megaprojeto que tonificou sua votação no Nordeste. 

Os repórteres Eduardo Bresciani e Wilson Pedrosa a percorreram algo como 100 quilômetros dos canais abertos sob Lula. Concentraram-se no Estado de Pernambuco, origem do atual ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, o novo responsável pelo empreendimento. O resultado da inspeção pode ser conferido. 

O ritmo de toque de caixa foi substituído pela desativação dos canteiros. Parte da mão de obra foi mandada ao olho da rua. Nalguns trechos, a estrutura de concreto já exibe rachaduras. Noutros, vergalhões de aço são furtados. 

Atribui-se a paralisia ao desacerto financeiro. As empreiteiras exigem aditivos contratuais. Sem acordo, o governo alega fará novas licitações em 2012. 

Pelas contas da pasta da Integração, a paralisia afeta seis dos 14 lotes do empreendimento. Nos trechos visitados pelos repórteres, só foi detectado algum movimento nos pedaços da obra confiados ao Exército. 

Aos olhos de hoje, a transposição do São Francisco não é senão uma ameaça de desperdício de verbas públicas com cara de lorota de campanha. O futuro insinuado em peças como essa disponível abaixo tornou-se um despautério publicitário. 

Para quem votou nos petistas  por causa do discurso maravilhoso, que arque com as consequências.

Crescimento do PIB pode ficar próximo de zero

Fernando Dantas e Marcia De Chiara, O Estado de S. Paulo 

A indústria brasileira continua a perder força, puxando a forte desaceleração da economia nacional. 

O pacote de medidas de estímulo anunciado na quinta-feira, incluindo a redução de tributos sobre bens de consumo, é visto pelos analistas como uma tentativa do governo de lançar mão do que estiver ao seu alcance para relançar a atividade econômica. 

Embora as medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, não sejam de grande magnitude, podem ser prenúncio de munição mais pesada nos próximos meses. 

Na terça-feira, 6, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre. Várias instituições ouvidas pelo Estado projetam crescimento próximo de zero, com recuo da indústria. 

Na sexta-feira, saiu o dado da produção industrial em outubro, com queda de 2,2% em relação a outubro de 2010, e de 0,6% ante setembro, na série dessazonalizada. O resultado foi pior do que a média das expectativas do mercado. "A indústria da transformação está muito mal", diz Silvia Matos, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas no Rio. 

O Ibre projeta crescimento de 0,3% do PIB no terceiro trimestre, em relação ao trimestre anterior, na série dessazonalizada. A previsão para a indústria, porém, é de queda de 0,7%.