Ricardo
Pessoa, dono da construtora baiana UTC e apontado pelo Ministério Público e
pela Polícia Federal como coordenador de um suposto Clube das Empreiteiras,
também fez acordo de delação premiada. Era a adesão mais aguardada ao
procedimento. Não custa lembrar que, entre as testemunhas de defesa arroladas
por Pessoa estão Jaques Wagner, ex-governador da Bahia e atual ministro da
Defesa, José De Filippi Jr., ex-tesoureiro das campanhas de Lula e Dilma e
atual secretário de Saúde da prefeitura de São Paulo, e Paulo Bernardo,
ex-ministro das Comunicações.
Essas
testemunhas poderiam sugerir que o empresário está pronto para a briga. Vamos
ver se o acordo foi feito mediante concessões à linha de apuração do Ministério
Público e da Polícia Federal. O MP quer emplacar a tese do cartel, coisa a que
as empreiteiras resistem. O Planalto, obviamente, vê esse esforço com bons
olhos porque, de algum modo, transforma a Petrobras e os políticos nos
Chapeuzinhos Vermelhos do Lobo Mau. Vocês sabem o que eu penso dessa história:
não há santos por ali, mas convenham: o que podia acontecer com os
representantes do contratante de obras — a Petrobras — se uma empresa se
negasse a pagar a propina? Resposta: nada! E o que podia acontecer com a
empresa se não soltasse a grana? Bem, ela ficava fora do jogo — e não apenas do
jogo que se jogava na estatal.
Ricardo
Pessoa é amigo pessoal de Lula e conhece de perto o PT. Entre os empresários,
foi quem chegou mais perto da política ao tratar da bandalheira. Consta que
está revoltado. Em um manuscrito de sua autoria, revelado pela revista VEJA, o
empresário deixa claro que o escândalo que veio à luz é de natureza política.
Não se trata apenas de um conluio de empresas assaltando o erário. Nas
entrelinhas, fica claro que o coordenador da festa é o PT. Tanto é assim que o
autor afirma que o Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma, está
“preocupadíssimo”.
Está
escrito lá: “Edinho Silva está preocupadíssimo. Todas as empreiteiras acusadas
de esquema criminoso da Operação Lava-Jato doaram para a campanha de Dilma.
Será que falarão sobre vinculação campanha x obras da Petrobras?”. Segundo
Pessoa, a bandalheira que passou pela diretoria de Paulo Roberto Costa é
“fichinha” perto de outros negócios da Petrobras que também teriam servido à
coleta de propina.
Pois
é… Um réu só chama como testemunha de defesa indivíduos que ele acredita possam
fazer depoimentos que lhe sejam favoráveis. Então juntemos as duas pontas:
Pessoa deixa claro que o esquema de corrupção é muito maior do que aquele que
se investiga até agora, diz que o tesoureiro da campanha de Dilma está
preocupado e, em seguida, chama uma penca de petistas para falar em seu favor.
A UTC, uma empreiteira baiana, chamou Jaques Wagner, ex-governador da… Bahia!
Wagner é aquele que levou para seu governo José Sérgio Grabielli, o baiano que
presidiu a Petrobras durante o período da esbórnia.
Como
já afirmei aqui, dois mais dois continuam a ser quatro mesmo no governo do PT.
Segundo uma fonte que conhece bem a investigação, vamos ver se a coisa se confirma,
o depoimento de Pessoa “arrebenta com o governo”. Ele está magoado. Desde que
caiu em desgraça, Lula, seu amigão, o deixou de lado.
Por Reinaldo
Azevedo