Por
Alexandre Hisayasu, na VEJA.com:
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é
o único sortudo a ter comprado um tríplex no edifício Solaris, no Guarujá (SP),
uma das poucas obras iniciadas pela Bancoop que foram concluídas. O atual
tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, pagou por um apartamento no mesmo prédio.
Seu nome consta de um documento oficial, feito em 2006 pela Bancoop, que lista
os “cooperados ativos” do edifício – ou seja, que estavam com os pagamentos das
parcelas em dia. Procurada, a assessoria do petista disse que ele não iria
comentar o assunto.
A
Bancoop quebrou em 2006, quando era presidida por Vaccari. Deixou 32 obras
inacabadas e mais de 3 500 famílias na rua da amargura. O edifício
Solaris foi uma das oito obras assumidas pela OAS depois disso. À beira da
praia e com vista para o mar, o prédio tem três tipos de apartamentos – as
coberturas triplex, alguns duplex de 162 metros quadrados e outros de um
pavimento, com cerca de 100 metros quadrados. O de Lula, que ficou pronto neste
ano, pertence à primeira categoria. Fica no 16º andar, tem elevador privativo e
297 metros quadrados. Além de Vaccari, também constam da lista de cooperados do
Solaris a mulher de Freud Godoy, o ex-assessor de Lula que ficou famoso no caso
dos aloprados, em que militantes petistas foram presos tentando comprar um dossiê
com informações falsas contra o tucano José Serra.
O
fato de o edifício onde o ex-presidente tem apartamento ter sido um dos poucos
que ficaram prontos irritou cooperados que continuam até hoje sem ver a cor dos
imóveis pelos quais passaram anos pagando. “Queremos saber por que há tantas
obras inacabadas, enquanto algumas poucas são construídas tão rapidamente”,
disse um dos conselheiros da entidade de lesados pela Bancoop, Marcos
Sérgio Migliaccio.
A
Bancoop quebrou, segundo o Ministério Público, com um rombo de pelo menos 100
milhões de reais, porque seus dirigentes desviaram dinheiro pago pelos
mutuários para “fins escusos”. Segundo o promotor José Carlos Blat, parte do
dinheiro foi para financiar campanhas eleitorais do PT. Vaccari é um dos cinco
réus que respondem na Justiça por estelionato, formação de quadrilha, lavagem
de dinheiro e falsidade ideológica.