Os
petistas, saibam os senhores, pedem a cabeça de jornalistas para seus
respectivos patrões. O partido tem nas mãos instrumentos para fazê-lo: anúncios
da administração direta e propaganda de estatais. Alguns cedem, outros não!
Denunciei aqui a fala de um certo José Trajano na ESPN
e AFIRMEI QUE ELE NÃO ESTAVA PENSANDO APENAS POR SUA CABEÇA. DEIXEI
CLARO QUE ELE VOCALIZAVA PALAVRAS DE ORDEM DO PT. Muitos não acreditaram.
Pois é…
A
opinião do sr. Trajano sobre mim e sobre os demais que ele atacou (Augusto
Nunes, Diogo Mainardi e Demétrio Magnoli) pode ser moralmente criminosa, mas
não vai além disto: dolo moral. Ele tem o direito de achar a respeito dos meus
textos o que bem entender. E eu tenho o direito de responder. Se ele se sente
bem com o seu oficialismo de contestação, aí é problema dele.
É
diferente, no entanto, quando um político acusa jornalistas de cometer um
crime. Aí a coisa pega. O sr. Alberto Cantalice, vice-presidente do PT e
“coordenador das Redes Sociais do partido” escreveu um artigo no site do PT em que se pode
ler esta pérola.
Observem
que os quatro da lista de Trajano estão também na de Cantalice, que vem
ampliada. Não sei o que farão os outros. Sei o que eu farei. Estou anunciando
aqui que vou processá-lo. E a razão é claríssima. Ele está me acusando se
estimular a que outros “maldigam os pobres” e os discriminem em ambientes
públicos. Se eu faço isso, então eu sou um criminoso. Violo um artigo da
Constituição e da Lei 7.716, alterada pela Lei 9.459.
Vale dizer: transgrido a
Carta Magna do meu país e cometo um crime previsto em lei. ENTÃO O SR.
CANTALICE VAI TER DE PROVAR O QUE DIZ. ELE VAI TER DE DIZER EM QUE ARTIGO E EM
QUE MOMENTO EU PREGUEI A DISCRIMINAÇÃO CONTRA OS POBRES.
Para
esclarecer a questão constitucional e legal. Estabelece o Inciso XLI da
Constituição:
“XLI
– a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades
fundamentais”.
Define
a Lei 7.716, depois de alterada pela 9.459:
“Art.
20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,
religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena:
reclusão de um a três anos e multa.(Redação dada pela Lei nº 9.459, de
15/05/97)
Como
sabem os advogados, a discriminação por condição econômica tem sido considerada
pelos juízes da mesma natureza das categorias acima previstas. Assim, o sr.
Cantalice acusa esse grupo de jornalistas de cometer crimes que rendem até três
anos de prisão. Vai ter de provar. Se não provar, incorre no crime de calúnia e
difamação.
Atenção!
Este senhor é o “coordenador da redes sociais DO partido”, entenderam?
Não é que ele seja o coordenador do partido para as redes sociais. Não!!!
Levadas as palavras ao pé da letra, os petistas julgam já ter privatizado as
redes sociais. Não deixa de ser verdade.
O
sr. Cantalice vai mais longe, Ele descobriu que esse grupo de jornalistas — e
vejam quanto poder ele nos confere — é responsável pela vaia que Dilma levou
nos estádios. Também ele recorre à metáfora canina para nos designar.
Muito
bem! Vocês sabem o que isso significa: quando o maior partido político do país,
que tem, de fato, milhares de seguidores — alguns deles podem estar dispostos
ao tudo ou nada — nomeia um grupo restrito de jornalistas como propagador do
ódio, acusando-o, adicionalmente, de responsável por vaiais e xingamentos de
que foi alvo a presidente Dilma, isso corresponde, me parece, a um convite a
uma ação direta.
Não
é segredo para ninguém que certo tipo de militância não precisa de palavras
explícitas para agir. O sr. Cantalice está pondo em risco a segurança de
profissionais da imprensa. Talvez queira isto mesmo: calar a divergência por
intermédio da inimidação e do terror. Que este post sirva de alerta à Polícia
Federal e ao Ministério Público. Evidentemente, nenhum de nós deve esperar a
solidariedade e o protesto de entidades de defesa da categoria. Sabem por quê?
Porque os respectivos comandos da maioria delas pensam a mesma coisa. Também
elas acham que deveríamos ser proibidos de escrever o que escrevemos, de falar
o que falamos, de pensar o que pensamos. IMAGINEM O QUE ACONTECERIA SE UM GRUPO
OU UMA ENTIDADE CONSIDERADOS DE DIREITA TORNASSE PÚBLICA UMA LISTA DE
DESAFETOS. O MUNDO VIRIA ABAIXO. O PT repete a tática da ditadura militar e
resolveu espalhar no mural da rede os nomes e as fotografias dos
“Procurados”.
Bando
de fascistas!
O
petismo é a mais perfeita definição do que muitos chamam nos EUA de “fascismo
de esquerda”. Qualquer pessoa que tenha lido o que escrevemos ou ouvido o que
falamos sabe que pensamos coisas distintas sobre um monte de assunto. Nunca nem
mesmo conversei com Guilherme Fiúza, por exemplo. Duvido que Arnaldo Jabor
queira papo comigo.
Com
isso, estou deixando claro que não formamos um grupo. Pode ser que os petistas
estejam acostumados a conversar com quadrilheiros disfarçados de jornalistas.
Não é o caso.
Eu,
sim, acuso o governo do seu partido, sr. Cantalice, de financiar com dinheiro
público páginas na Internet e blogs cujo propósito é difamar a imprensa
independente, as lideranças da oposição e membros do Poder Judiciário que não
fazem as vontades do PT. E o senhor certamente não vai contestar porque é
autodemonstrável.
O PT
começou a sua trajetória no poder hostilizando a imprensa que não se limitava a
prestar assessoria ao partido. Depois, passou a financiar o subjornalismo
“livre como um táxi”. Aí tentou (e tenta ainda) criar mecanismos de censura.
Agora, já chega ao ponto de estimular, ainda que de modo oblíquo, a agressão
aos profissionais que não rezam segundo a sua cartilha. A esmagadora maioria da
categoria vai silenciar — até porque alguns fazem esse mesmo trabalho em suas
respectivas colunas, não é mesmo? Ok. Hoje, somos nós. Amanhã, chegará a vez de
vocês. É simples assim. E é sempre assim.
Vaias
Eu sou responsável pelas vaias? Eu não! Quem estimulou as manifestações de rua
em junho foi o PT. Eu sempre as critiquei. Ademais, sabem o que motiva vaia em
estádio, meu senhor? Eu conto: roubalheira, safadeza, associação com o PCC.
Sem
contar que quero encontrar cara a cara com esse sujeito num tribunal. Quero
perguntar quais são as suas credenciais e sua origem para falar em nome do
povo. Quero opor as minhas às suas. Quero lhe dizer que o governo que ele
representa financiou, por exemplo, a ação de sem-terra e índios que resultou em
policiais feridos em Brasília. Quero lhe dizer que seus aliados deram suporte a
coisas como a “Mídia Ninja” na esperança de que os alvos seriam os adversários.
O tiro saiu pela culatra, a despeito das intenções da turma.
O sr.
Cantalice quer saber onde estão os responsáveis pela hostilidade a Dilma nos
estádios? Comece por se olhar no espelho. O PT estimula a desordem. O PT
estimula o desrespeito às leis. O PT estimula o desrespeito a qualquer
hierarquia. O PT estimula o desrespeito até mesmo à organização familiar. O
partido esperava escapar do clima que ele próprio criou?
De
resto, se as hostilidades a Dilma foram um “gol contra” dos que não gostam dela
e se a maioria “abominam” (sic) aquele comportamento, o sr. Cantalice deveria
estar contente, não é mesmo? O PT está empenhado em fazer do limão uma
limonada. Ao isolar o grupo dos “jornalistas do mal”, ameaça, na prática, todos
os outros. É como se dissesse: “Comportem-se, ou vocês vão entrar na lista
negra”. E, claro!, muita gente vai se comportar e ainda achar pouco!
É
claro que fico preocupado quando lembro que o sr. Cantalice pertence ao partido
de Celso Daniel. Terei, é certo, de tomar as devidas providências para a minha
segurança. E acho que os outros devem fazer a mesma coisa.
Por Reinaldo Azevedo