Pois é… Já afirmei aqui que os petistas inventaram os burgueses do capital alheio (a elite sindical aboletada no Executivo e nos fundos de pensão), os socialistas dos bens alheios (qualquer um deles) e, a se dar crédito às explicações da deputada Inês Pandeló, a filantropia do chapéu alheio…
Querem
saber? Eu nem acho, cá comigo, que a deputada petista embolsava a grana dos
funcionários. Como não acredito que Janira Rocha, do PSOL, fizesse algo
parecido. O mais provável é que as duas enviassem o capilé para seus
respectivos partidos. No Brasil, há quem ache que esse tipo de apropriação
indébita beira o sublime.
Como
esquecer aquele que foi, a meu juízo, o momento mais patético do julgamento do
mensalão (e olhem que Ricardo Lewandowski fez de tudo para levar esse
galardão)? O ministro Roberto Barroso, o “novato”, ao negar provimento a um
embargo de declaração da defesa de José Genoino, cantou as glórias do petista,
lamentando que alguém de passado e espírito tão nobres estivesse naquela
situação. Genoino foi condenado por formação de quadrilha e corrupção ativa.
Barroso, no entanto, quase forçando as minhas lágrimas, lembrou que ele jamais
enriqueceu na vida pública, levando uma vida modesta.
Ah,
bom!
Parte
do dinheiro que abasteceu o mensalão — e certamente o que se descobriu
representa uma fatia mínima, ridícula mesmo!, do total — era público, do Banco
do Brasil. Por isso há várias condenações por peculato. Faz diferença saber se
a grana foi desviada para o bolso de algum larápio ou foi usada para, por
exemplo, financiar atividades ilegais de partidos políticos? Nem uma coisa nem
outra prestam; nem uma coisa nem outra são aceitáveis. Mas, se fôssemos
obrigados a escolher o que é pior, eu não teria dúvida em afirmar que aquele
que rouba dinheiro público para fazer política consegue ser ainda mais nefasto:
além de praticar o crime em si, tenta fraudar também a democracia.
Barroso,
pelo visto, não acha. Também por isso é uma pena ele estar no Supremo. Mesmo
sendo um constitucionalista, poderia atuar, excepcionalmente, como penalista no
caso dessas deputadas — já fez isso por um terrorista, por que não por essas
duas patriotas? Ele tentaria convencer os juízes de que não tinham o objetivo
de enriquecer. Fizeram o que fizeram, afinal, para construir o socialismo…
Por Reinaldo Azevedo
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