Luiz
Fernando Pacheco, advogado de José Genoino, precisa retomar suas aulas de latim
e recuperar uma consideração do poeta Horácio: “Est modus in rebus”. Ou por
outra: “Há uma medida nas coisas”. É preciso ter moderação, compostura, limite.
Tudo aquilo que ele não teve nesta quarta-feira no STF. Leiam o que informa
Laryssa Borges, na VEJA.com.
O ministro Joaquim Barbosa,
presidente do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta quarta-feira que
seguranças da Corte retirassem do plenário o advogado do ex-presidente do PT,
José Genoino. Quando os ministros se preparavam para julgar três processos que
questionam o tamanho das bancadas de treze estados na Câmara dos Deputados, o
advogado Luiz Fernando Pacheco pediu a palavra para questionar por que não
havia sido pautada a análise do pedido de Genoino para cumprir a pena a que foi
condenado no julgamento do mensalão em prisão domiciliar. Barbosa e Pacheco,
então, começaram um bate-boca.
Da tribuna, Pacheco afirmou que
o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já deu parecer favorável a
Genoino por considerar que o quadro de saúde do mensaleiro permite que a pena
seja cumprida fora do presídio da Papuda. A despeito da manifestação do
Ministério Público, porém, o presidente do STF e relator do mensalão, Joaquim
Barbosa, não pautou o caso para análise em plenário. Barbosa deve permanecer no
Supremo apenas até o final do mês, quando pretende se aposentar.
“Há parecer do procurador-geral
favorável [à prisão domiciliar] e Vossa Excelência deve honrar esta casa e
trazer a seu parecer”, bradou Pacheco. “Vossa Excelência vai pautar?”,
questionou Barbosa. Na sequência, o presidente do STF tentou encerrar a
manifestação do advogado, e ambos acabaram se exaltando.
“Pode cortar a palavra que eu
vou continuar falando”, disse o defensor de José Genoino. “Eu vou pedir à
segurança para tirar este homem. Segurança, tira”, determinou o ministro, sob
protestos de Pacheco de que estaria havendo “abuso de autoridade”. “Quem está
abusando de autoridade é Vossa Excelência. A República não pertence à Vossa
Excelência e nem a sua grei (grupo, partido). Saiba disso”, rebateu Joaquim
Barbosa.
Condenado a quatro anos e oito
meses por corrupção ativa, Genoino alega que o sistema prisional não tem
condições de oferecer garantias de tratamento a ele, que passou por cirurgia
para corrigir uma dissecção na aorta, em 2012. Depois de o STF confirmar sua
condenação, Genoino chegou a cumprir parte da pena em prisão domiciliar em uma
casa alugada em um bairro nobre de Brasília.
No fim de novembro, um laudo
médico elaborado a pedido do ministro Joaquim Barbosa constatou que a prisão
domiciliar não era “imprescindível” para o ex-presidente do PT, mas ainda assim
o magistrado estendeu o benefício ao mensaleiro até o início deste ano, quando
determinou o retorno do mensaleiro para o presídio da Papuda.
José Genoino já havia sofrido
novo revés quando a Câmara dos Deputados negou a ele aposentadoria por
invalidez. Sem a aposentadoria integral, Genoino mantém os vencimentos de cerca
de 20.000 reais por tempo de serviço. Se conseguisse o benefício, ele teria
direito ao salário integral e vitalício de deputado, hoje no valor de 26.700
reais.
Retomo
É evidente que o advogado está
tentando “causar”, como dizem os adolescentes. Por mais inconformado que
estivesse com as ações de Barbosa, não lhe cabe transformar o STF num boteco.
Isso não acontece por acaso. Trata-se de uma tática para tentar carimbar no
julgamento do mensalão a pecha de “injusto”.
Pacheco, de resto, tem muitas
outras maneiras de expressar seu inconformismo. Protagoniza, assim, uma cena
lamentável. De resto, Barbosa está a alguns dias de deixar o tribunal — e
Genoino está preso, em regime semiaberto, depois de laudos técnicos que apontam
que as condições são adequadas a seu estado de saúde.
Calma, Pacheco! Ricardo
Lewandowski está prestes a assumir. Aí o senhor encaminha o seu pleito. Até lá,
convém tomar apenas água.
Por Reinaldo Azevedo
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