Os
petistas acreditam que conseguirão mudar a realidade silenciando os críticos. É
o que pretende o partido quando, por exemplo, cria uma lista negra de
jornalistas. É o que pretende o partido quando transforma num grande escândalo
o que escândalo não é: a avaliação de um banco enviada a parcela de seus
clientes. E é o que pretende o partido quando pede para tirar da Internet — com
liminar favorável, concedida pelo TSE — textos de uma consultoria que trata
justamente dos riscos decorrentes da eventual reeleição de Dilma Rousseff.
Atenção,
leitores! Vocês podem gostar ou não dos jornalistas. Podem gostar ou não da
análise do banco; podem gostar ou não da opinião da consultoria. Aprovar e
reprovar considerações alheias são parte do jogo democrático. O que não é do
jogo é censurar as vozes dissonantes ou, pior ainda, tentar impedir o simples
debate.
O
caso da consultoria é eloquente. Ela se chama “Empiricus”. É conhecida por usar
uma linguagem, digamos, abusada para os padrões normalmente muito sóbrios e
vazados em tecniquês de seu pares no mercado. A empresa recorreu à ferramenta
Google Ads para anunciar alguns de seus textos, e dois deles caíram na
preferência dos internautas: “Como se proteger de Dilma” e “E se Aécio ganhar”.
O PT recorreu ao TSE, que mandou retirá-los do ar. Em entrevista ao site de
VEJA, o autor dos textos, Felipe Miranda, afirmou que a medida não intimidará
seu trabalho. “O que já vínhamos falando aos nossos clientes sobre a gestão do
governo e a condução da política econômica só piorou com esse cerceamento. Mas
vamos continuar atuando da mesma forma. Não tenho rabo preso e sou pago pelos
meus clientes para falar o que penso.”.
Na
mosca! Se vocês entrarem na Internet, certamente encontrarão textos de 2010
alertando, acreditem!, para o “risco Serra”. É… Não fiquei maluco, não! Alguns
amiguinhos do PT oriundos do “mercado” afirmavam que o então candidato tucano é
que poderia representar a instabilidade, já que era um crítico da política
econômica. E, obviamente, ninguém pensou em recorrer à Justiça.
Isso
que faz o PT é cerceamento do debate. Qualquer pessoa que aposte no
esclarecimento e no livre trânsito das ideias tem de lamentar a decisão do
ministro Admar Gonzaga. O que fará o PT? Caçará e cassará todos os textos de
consultoria que não estejam de acordo com a sua leitura da realidade? Além da
lista negra de jornalistas, haverá também a de consultores, de bancos, de
empresas? Daqui a pouco, o PT vai tentar patrulhar as cartomantes.
Isso
me lembra certo blogueiro pançudo que, em novembro de 2010, chegou a defender
que os 3% que achavam o governo “ruim ou péssimo” fossem identificados.
Fascistas!
Olhem
aqui: se os petistas não estão contentes com a existência de consultorias que
dizem o que eles não querem ler, não faltará quem se disponha a produzir o que
eles gostam de ler. O que dizer, por exemplo, dos tais blogs sujos, fartamente
financiados com dinheiro público, cujo objetivo é defender o governo, difamar a
oposição e atacar a imprensa independente?
Nesse
caso, sim, estamos diante de uma excrescência: afinal, o dinheiro que sustenta
a consultoria é privado, mas o que financia os tais blogs é público.
Por Reinaldo Azevedo
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