Por
Gabriel Castro, na VEJA.com.
A presidente-candidata Dilma Rousseff admitiu nesta segunda-feira que o Brasil sofre os efeitos da crise financeira internacional e afirmou que a avaliação do então presidente Lula, que se referiu à turbulência como “marolinha”, foi equivocada. “Todos nós erramos, sabe por quê? Porque a gente não tinha ideia do grau de descontrole que o sistema financeiro internacional tinha atingido”, disse ela. Dilma participou de sabatina promovida pela Folha de S. Paulo, peloUOL, SBT e pela rádio Jovem Pan. ”Nós minimizamos os efeitos da crise sobre a economia brasileira”, disse a presidente, quando tentava explicar os números acanhados do crescimento econômico em seu governo. Ela também afirmou que “nenhum país se recuperou” até agora.
Mensalão
Durante a sabatina, que durou cerca de uma hora e meia, Dilma também respondeu sobre o episódio do mensalão e, apesar de dizer que não comenta decisões judiciais, afirmou que falta critério à Justiça. “Nessa história da relação com o PT, tem dois pesos e umas dezenove medidas, porque o mensalão foi investigado, agora o mensalão mineiro, não”, afirmou ela, esquecendo-se que o valerioduto mineiro foi investigado, porém ainda não foi julgado porque o processo mudou de instância no Judiciário. “No nosso caso, tomamos todas as providências. Nós não tivemos nenhum processo de interromper a Justiça, não pressionamos juiz, não falamos com procurador, não engavetamos processo”, continuou.
Ainda
falando sobre corrupção, Dilma admitiu que, para atender a um pedido do PR,
trocou o ministro dos Transportes, César Borges, por Paulo Sérgio Passos – que
ela havia demitido do mesmo ministério em 2011, em meio a denúncias de desvio
de recursos. Dilma negou, entretanto, que o episódio tenha caracterizado
chantagem em troca do apoio do PR nas eleições – e dos minutos do partido na
propaganda eleitoral na TV. “Eu me sentiria chantageada se eu colocasse no
Ministério dos Transportes uma pessoa na qual eu não confio e que não conheço”,
disse.
A
petista também se enrolou ao comentar por que voltou a se aliar a Carlos Lupi,
demitido do cargo de ministro do Trabalho após recomendação do Comitê de Ética
Pública da própria Presidência. “Não vou concordar em chamar o ex-ministro Lupi
de um cara que fez malfeitos. O ministério pode ter cometido falhas administrativas
que vários ministérios (sic), nem um, nem dois, nem três…”, declarou, sem
completar a frase.
No
final, Dilma cometeu uma gafe e tentou corrigi-la a tempo: tentando explicar a
mania de guardar dinheiro vivo em casa (152.000 reais, segundo a declaração
entregue ao Tribunal Superior Eleitoral). Ela lembrou os tempos em que foi
perseguida pela ditadura, mas não conseguiu apresentar uma explicação
convincente: “Tenho essa mania com esses meus 150.000 reais que não vou mudar”.
Um dos entrevistadores afirmou que, se investisse esse montante na poupança,
Dilma ganharia pelo menos 10.000 reais por ano. Dilma respondeu: “O que que é
10.000?”. Segundos depois, ela percebeu o potencial negativo da frase e
emendou: “Eu acho que 10.000 são muito, eu não jogo fora nenhum dinheiro”.
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