Ademar
Vasconcelos, juiz da Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal, não
responde mais pelo processo que envolve os mensaleiros. Ainda bem! Mais um
pouco, e a Papuda iria se transformar num local de peregrinação, não é? Mais um
pouco, e José Genoino convocaria um tribunal popular para julgar os ministros
do Supremo. Como se sabe, o deputado mensaleiro concedeu até uma entrevista a
uma publicação do esquema petista de propaganda. Um acinte e um
despropósito. Genoino já foi para a casa de sua filha, em Brasília. Mas
está claro, desta vez, que é um presidiário. Leiam o que informa Severino
Motta, na Folha:
O juiz da VEP (Vara de Execuções Penais) de Brasília Ademar Vasconcelos não é mais o responsável pelo processo do mensalão. Em seu lugar ficará o substituto Bruno André Silva Ribeiro. A ida do ex-presidente do PT José Genoino para a casa de um familiar na manhã deste domingo logo após receber alta do hospital em que estava internado já foi comandada por Ribeiro. Ele inclusive estabeleceu uma série de condicionantes para a permanência de Genoino em casa. Conforme a Folha apurou, Genoino não poderá sair nem dar entrevistas no período em que estiver na casa de familiares em Brasília. Ele deve permanecer no local até que a junta médica que o examinou dê um parecer ao STF (Supremo Tribunal Federal) e o presidente da corte, Joaquim Barbosa, decida se ele cumprirá pena na Papuda ou em prisão domiciliar.
A substituição de Vasconcelos,
de acordo com fontes do STF, teria acontecido ainda na sexta-feira. Isso
porque, nos últimos dias, diversas ações do juiz teriam irritado Barbosa, que
deixou clara sua insatisfação para o TJDF (Tribunal de Justiça do Distrito
Federal). Desde o início das prisões, Vasconcelos já não havia recebido de
Barbosa as determinações para comandar o processo. No dia anterior à expedição
dos mandados, o presidente entrou em contato justamente com o juiz substituto
Ribeiro, e enviou para ele os documentos relativos às prisões. Como estava em
férias, Ribeiro tentou entregar a documentação para Vasconcelos. A Folha apurou
que ele se negou a receber o material e isso teria criado um mal-estar dentro do
TJDF.
Vasconcelos ainda chegou a dar
entrevistas dizendo que não havia recebido o material e por diversas vezes
destacou que este era um caso do STF. As declarações contrariaram Barbosa e foi
preciso que o presidente do TJDF, Dácio Vieira, entrasse no circuito para que
Vasconcelos iniciasse os procedimentos relativos à execução penal dos
condenados. Após isso, com os sentenciados já presos e a situação de saúde do
ex-presidente do PT sendo questionada, Vasconcelos informou Barbosa que não
havia a necessidade de internação do preso.
No dia seguinte, o próprio
Vasconcelos entrou em contato com o presidente do Supremo para dizer que o caso
era perigoso e que o melhor seria levar Genoino ao hospital. No despacho que
autorizou o tratamento fora da Papuda, Barbosa fez questão de destacar a
situação, dizendo que havia recebido de Vasconcelos informações conflitantes
sobre a saúde de Genoino. O despacho de Barbosa, conforme a Folha apurou,
fez com que colegas de TJ de Vasconcelos também passassem a criticá-lo e a questionar
sua permanência na execução penal do mensalão.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
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