O
PCC tem seus afetos e seus desafetos. Do governador Geraldo Alckmin, por
exemplo, o partido do crime não gosta. E agora fica claro que a organização
mantém ativa a ordem de matar o governador. E já mandou, em 2006, que seus
aliados votassem no PT, mais especificamente em José Genoino. Leiam o que vai
no Estadão Online.
Por Marcelo Godoy:
O Primeiro Comando da Capital (PCC)
decretou a morte do governador Geraldo Alckmin. Interceptações telefônicas
mostram que pelo menos desde 2011 a facção planeja matar o governador de São
Paulo. O Estado teve acesso ao áudio de uma interceptação telefônica na qual um
dos líderes do PCC, o preso Luis Henrique Fernandes, o LH, conversa com dois
outros integrantes da facção. O primeiro seria Rodrigo Felício, o Tiquinho, e o
segundo era o integrantes da cúpula do PCC, Fabiano Alves de Sousa, o Paca.
A conversa ocorreu no dia 11 de
agosto de 2011, às 22h37. Paca questiona os comparsas sobre o que deveriam
fazer. Em seguida, manda seus comparsas arrumarem “uns irmãos que não são
pedidos (que não são procurados pela polícia) e treinar”. O treinamento para a
ação seria para fazer um resgate de presos ou para atacar autoridades.
No meio da conversa, surge a
revelação. LH diz que o tráfico de drogas mantido pela facção está passando por
dificuldades. E diz: “Depois que esse governador (Alckmin) entrou aí o bagulho
ficou doido mesmo. Você sabe de tudo o que aconteceu, cara, na época que ‘nois’
decretou ele (governador), então, hoje em dia, Secretário de Segurança Pública,
Secretário de Administração, Comandante dos vermes (PM), estão todos contra
‘nois’.” Em escutas recentes, a ordem de matar o governador foi novamente
mencionada por membros do PCC.
Voltei
Agora vamos ver o dia em que o PCC
mandou votar no PT. José Genoino, então candidato ao governo de São
Paulo, recorreu à Justiça para tentar tirar do ar o texto que vai abaixo,
publicados por VEJA na edição de 16 de agosto de 2006 e reproduzidos na
VEJA.com. Na campanha eleitoral de 2006, o PSDB não levou ao horário eleitoral
gratuito as gravações. Bem, é dispensável dizer que eu as teria levado, sim!
Afinal, Lula acusava o governo de São Paulo de não cuidar direito da segurança
pública. E que se lembre: 2006 foi o ano em que o PCC praticou atentados
terroristas em São Paulo.
*
Desde o primeiro ataque massivo do PCC em São Paulo, espalhou-se a notícia da existência de gravações telefônicas que revelariam uma suposta ligação da máfia dos presídios com políticos do PT. VEJA teve acesso a uma série de diálogos entre membros da organização criminosa, interceptados pela polícia, contendo referências ao PT e ao PSDB. Neles, fica evidente a simpatia do PCC pelo PT, bem como a aversão da organização pelo PSDB (foi na gestão tucana, em 2003, que o estado de São Paulo implantou em alguns presídios o temido RDD – Regime Disciplinar Diferenciado, que prevê isolamento rigoroso e é odiado pelos detentos). Nenhuma das conversas às quais VEJA teve acesso, no entanto, comprova a existência de elo entre o PT e o PCC.
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Desde o primeiro ataque massivo do PCC em São Paulo, espalhou-se a notícia da existência de gravações telefônicas que revelariam uma suposta ligação da máfia dos presídios com políticos do PT. VEJA teve acesso a uma série de diálogos entre membros da organização criminosa, interceptados pela polícia, contendo referências ao PT e ao PSDB. Neles, fica evidente a simpatia do PCC pelo PT, bem como a aversão da organização pelo PSDB (foi na gestão tucana, em 2003, que o estado de São Paulo implantou em alguns presídios o temido RDD – Regime Disciplinar Diferenciado, que prevê isolamento rigoroso e é odiado pelos detentos). Nenhuma das conversas às quais VEJA teve acesso, no entanto, comprova a existência de elo entre o PT e o PCC.
“É
XEQUE-MATE, SEM MASSAGEM”
Conversa entre dois integrantes
não identificados do PCC interceptada às vésperas de um dos ataques em São Paulo
A: A chapa esquentou pra nóis,
hein, irmão.
B: Por quê?
A: Olha o salve do dia aqui.
Geral aqui, que eu acabei de pegar com o Cara Branca: “Todos aqueles que são
civil, funcionário e diretores e do partido PSDB: xeque-mate, sem massagem. E
todos os irmãos que se (incompreensível) será cobrado com a vida. Salve geral,
dia 12/6?. Peguei ele meio-dia.
B: Fé em Deus. Você tá aí na
quebrada, irmão?
A: Tô aqui na quebrada. Vem pra
cá que nós vamos puxar esse bando. Eu vou arrumar um menino bom pra nóis
derrubar esse baguio aí, tio.
B: Então, é o seguinte, irmão:
vou ver se dá pra mim ir hoje praí.
A: Então, se não der, arruma
umas ferramentas (armas) aí. Nem que seja uns oitão. Pra gente juntar o baguio
aí e sair no bonde aí.
B: Tá. Firmeza
“É
PRA ELEGER O GENOINO”
Maria de Carvalho Felício, a
“Petronília”, então mulher de José Márcio Felício, ex-líder do PCC, transmite
ao preso José Sérgio dos Santos, a quem chama de “Shel”, orientação repassada
por um líder da organização sobre as eleições de 2002
Maria de Carvalho Felício: Ele
mandou uma missão pro Zildo (piloto-geral de Ribeirão Preto). Vamos ver se o
Zildo é capaz de cumprir.
José Sérgio dos Santos: Tá bom.
Você quer passar pra mim ou dou particularmente pra ele?
Maria: Não, não. Ele quer festa
(ataques) até a eleição. E é pra eleger o Genoíno. E, ser for o caso, ele vai
pedir pro pessoal mandar as famílias não irem nas visitas pra votar, entendeu?
Ele falou que um dia sem visita não mata ninguém. Ele falou: “Fica todo mundo
sem visita no dia da eleição pra todo mundo votar pro Genoíno”.
Santos: Não, mas isso… Acho que
todo mundo… A maioria das mulher de preso… Vai votar no Al? Nunca.
Maria: Então, é pra pedir isso.
Se, por exemplo, a mulher vai, daí a mãe, a irmã tudo vota pro Genoíno. Se só a
mulher que vota, então essa mulher não vai na visita e vota no Genoíno. É pra
todo mundo ficar nessa sintonia: Genoíno.
Santos: E é dali que vem, né?
Maria: Isso. É o
(incompreensível)
Santos: Tá bom.
Maria: Tá bom, então?
Santos: Tô deixando assim um
boa-tarde aí. Se cuida agora. Vai descansar.
Arremato
Por que o PCC quer matar Alckmin e
manda votar em petistas? Os bandidos devem ter seus motivos. Abaixo, segue o
link em que vocês podem ouvir as gravações. Peço moderação nos comentários.
Por Reinaldo Azevedo
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