terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Uma péssima notícia aos bolsos dos psicólogos
Lula vai 'inaugurar' obra de refinaria que terá início em 2017
Coisas públicas
Uma das coisas curiosas nesses oito anos de governo Lula foi a ginástica verbal que aqueles que se dizem "de esquerda", que durante duas décadas sonharam com a chegada da classe operária ao Planalto, fazem para justificar os elogios a um tipo de gestão que tanto condenavam.
Lula manteve o modelo econômico do antecessor, que antes classificava erroneamente de "neoliberal", em todos os aspectos: meta de inflação, câmbio livre, reservas financeiras, estímulos ao consumo, juros relativos entre os maiores do mundo, busca de graus melhores nas agências de risco; nenhuma privatização cancelada ou sequer investigada, e até alguns bancos estatais vendidos.
Estatizações? Poucas. Reforma agrária? Longe disso. Protecionismo maior? Não, mesmo com aumento do déficit externo. Transferência de renda? Os ricos nunca estiveram tão ricos.
Filhos de Lula são sócios em 2 holdings
José Ernesto Credendio e Andreza Matais, Folha de S. Paulo
Dois dos filhos do presidente Lula, Fábio Luís e Luís Cláudio, abriram em 16 de agosto deste ano duas holdings -sociedades criadas para administrar grupos de empresas-, a LLCS Participações e a LLF Participações.
Ao final de oito anos de mandato do pai, Lulinha e Luís Cláudio figuram como sócios em seis empresas.
A Folha constatou, porém, que apenas uma delas, a Gamecorp, tem sede própria e corpo de funcionários.
Seu faturamento em 2009 foi de R$ 11,8 milhões, e seu capital registrado é de R$ 5,2 milhões.
Ela tem como sócia a empresa de telefonia Oi, que controla 35%.
As demais cinco empresas não funcionam nos endereços informados pelos filhos de Lula à Junta Comercial de São Paulo. São, por assim dizer, empreendimentos que ainda não saíram do papel.
As seis empresas dos filhos de Lula atuam ou se preparam para atuar nos ramos de entretenimento, tecnologia da informação e promoção de eventos esportivos.
São segmentos em alta na economia, que ganharam impulso do governo federal -Lula, por exemplo, foi padrinho das candidaturas vitoriosas do Brasil para organizar a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.
Na maioria desses negócios, Lulinha e Luís Cláudio têm como sócios pessoas próximas de Lula.
Um dos mais novos empreendimentos da dupla, a holding LLCS, por exemplo, foi registrada no endereço da empresa Bilmaker 600, na qual os dois não têm participação societária.
A Bilmaker tem como controlador o engenheiro Glaucos da Costamarques, 70, que é primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do presidente Lula.
Os outros sócios da Bilmaker, Otavio Ramos e Fabio Tsukamoto, são sócios de Luís Cláudio, filho do presidente, na ZLT 500, empresa de produção e promoção de eventos esportivos.
Assim como a holding, a ZLT também só existe no papel. Está registrada num endereço no Morumbi onde há só uma casa abandonada.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Gasto com máquina estatal bate recorde
Os gastos do setor público com os salários dos funcionários, custeio de máquina e programas ultrapassaram os níveis registrados no início do governo de Fernando Henrique Cardoso, mostra estudo elaborado pelo economista Fernando Montero, economista-chefe da corretora Convenção.
Com a revisão das estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciada na semana passada, ficou-se sabendo que o peso da máquina estatal nos três níveis de governo atingiu um pico de 21,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no fim de 2009. No final de 1995, essas despesas estavam em 21,1% do PIB, na mesma base de comparação.
“A equipe econômica do governo dizia que o consumo do governo no PIB continuava abaixo de 1995 e que o que estava aumentando eram as transferências, como o salário mínimo e o bolsa família”, comentou.”As novas séries revisadas de PIB desmentem essa afirmação.” Com a alteração de dados pelo IBGE, o consumo do governo ficou 5,7% maior no primeiro semestre deste ano, em comparação com a série anterior. Essa seria, segundo o economista, a principal explicação para o aumento de 1% no valor nominal do PIB na primeira metade de 2010.
A correção das estatísticas, retratando maior crescimento do gasto público, se deve basicamente aos Estados e municípios. Montero acredita que o IBGE obteve estatísticas mais confiáveis sobre o comportamento das despesas nessa esferas administrativas.
“Quando as séries do consumo público são atualizadas nas análises de participação na economia, a trajetória que aparece é um avanço do PIB substancialmente maior que o anteriormente divulgado”, comentou. “O peso deste maior consumo público na economia é um dos desafios para retomar a poupança doméstica.”
Preço. A estatística do IBGE sobre consumo do governo capta despesas tanto com salários de funcionários e outras formas de custeio da máquina como os gastos com programas nas áreas de saúde e educação, por exemplo. Montero reconhece que uma presença mais forte do Estado em algumas áreas é uma escolha da sociedade. “Mas é necessário mostrar que isso tem um preço”, observou.
domingo, 12 de dezembro de 2010
Complexo de Lula se esconde entre Sarney e ACM
Na semana passada, em viagem ao Maranhão, Lula abespinhou-se com a pergunta de um repórter. Vale a pena recordar.
A indagação soou apropriada: agradeceria o apoio dado pela oligarquia Sarney ao seu governo?
E Lula, destemperado: "Eu agradeço [o apoio do Sarney]. E a pergunta preconceituosa é grave para quem está há oito anos comigo em Brasília...”
“...Significa que você não evoluiu nada do ponto de vista do preconceito, que é uma doença. O presidente Sarney é o presidente do Senado...”
“...Colaborou muito para que a institucionalidade fosse cumprida. Você devia se tratar, quem sabe fazer psicanálise, para diminuir um pouco esse preconceito".
Pois bem. Na noite desta sexta (10), de passagem pela Bahia, Lula revelou-se, ele sim, candidato a umas boas sessões de análise.
Ao lado do governador Jaques Wagner (PT), o presidente festejou os êxitos de um programa local, o Topa (Todos pela Alfabetização).
Discursou por quase meia hora. A certa altura, afagou Wagner. Enalteceu-lhe o feito de ter prevalecido na Bahia sobre a oligarquia comandada por ACM. Disse:
“Já imaginou? Um cara galego, lá do Rio de Janeiro, vir aqui pra Bahia e ser eleito no primeiro turno... Derrotar a oligarquia que governava esse Estado...”
“...É por isso que eu acredito em Deus. Eu acredito em Deus, entre outras coisas, por essas coisas que acontecem e não têm explicação sociológica, filosófica”.
Ora, qual a diferença entre Sarney e ACM? Nenhuma. Ou, por outra, uma: Sarney não passou um minuto na oposição.
“O Estado não existe pra atender aos senhores que sempre se serviram do Estado”, disse Lula em Salvador. Beleza.
No poder desde as caravelas, o oligarca Sarney serve-se do Estado há cinco décadas. Nos últimos oito anos, com o diligente auxílio de Lula.
No fatídico pronunciamento, Lula reiterou que, depois de “desencarnar”, vai “continuar na vida política, agora muito mais à vontade”. Correrá o país.
“Quando chegar aqui na Bahia, sem compromissos, sem segurança, sem protocolo, sem crimonial pra encher o saco...”
“...Sozinho, como nos velhos tempos, vou poder tomar um negocinho qualquer –não vou dizer o que é—, sem preocupação com a imprensa...”
“...Sem preocupação com a fotografia, vamos conversar mais livremente, sem preocupação com as palavras”.
Antes de inaugurar a temporada de viagens e de se entregar aos inebriantes prazeres de “um negocinho qualquer”, Lula talvez devesse procurar um psicanalista.
Se estivesse economicamente a perigo, poderia recorrer à psicanálise de grupo, dividindo a conta com o repórter que o inquiriu no Maranhão.
Por sorte, deixa a presidência de caixa alta. Pode bancar um psicanalista individual. Desses que oferecem sofá de veludo e abajur lilás.
Em algum ponto entre Sarney e ACM, escondem-se os complexos de Lula. O tratamento não é garantia de cura. Porém...
Porém, com sorte e boa análise, Lula pode pegar todas as suas deformações e juntá-las num único complexo. O complexo da governabilidade.
Verá que, em dois reinados, presidiu um ponto de encontro entre a maluquice político-administrativa e os malucos com fins lucrativos.
O abandono do rigor na aplicação de verbas federais
O desvio de dinheiro público por meio de entidades de fachada foi estimulado por vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os vetos abrandaram as exigências para o repasse de verbas do Orçamento a entidades privadas sem fins lucrativos, a pretexto de reduzir a burocracia nas parcerias entre o governo e a sociedade.
Em agosto de 2009, Lula vetou dispositivo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que cobrava das entidades candidatas a receber dinheiro público a apresentação de cópia de declaração de informações econômico-fiscais emitida pela Secretaria da Receita Federal.
Com o veto a essa exigência, as candidatas ao repasse ficaram obrigadas a apresentar apenas uma declaração de funcionamento "emitida por três autoridades locais".
Reportagens do Estado publicadas na semana passada revelaram que entidades existentes só no papel foram contratadas para realizar eventos culturais sem licitação e com preços superfaturados.
Os gastos foram autorizados por emendas parlamentares. As denúncias já derrubaram do cargo o relator-geral do Orçamento, senador Gim Argello (PTB-DF), na terça-feira.
Ainda não se sabe a dimensão da fraude, mas o veto à exigência de comprovação pelo Fisco do funcionamento das entidades facilitou a liberação de dinheiro público. No Orçamento deste ano, R$ 2,7 bilhões já foram pagos, de um total de R$ 4,5 bilhões de gastos autorizados.
Contratadas em grande parte sem licitação, essas entidades têm sido personagens de sucessivos desvios de dinheiro público.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Lula investiu menos do que FHC: 0,71% contra 0,83% do PIB. Os números são oficiais!
A mentira e a fantasia ficam por conta do fato de que se chama PAC ao que é uma lista de obras — incluindo as das estatais e da iniciativa privada. Aí fica fácil. Como brinco aqui: se você resolver fazer um puxadinho na sua casa, Lula vai lá e estatiza o mérito. Empresa que pegar uma nesga de financiamento do BNDES para tocar algum empreendimento que diga respeito, ainda que remotamente, a infra-estrutura entra no PAC… Fica até parecendo que, não houvesse a marca-fantasia PAC, e as obras não estariam em curso…
Almeida também diz a verdade quando afirma que a média de investimentos federais no governo FHC foi superior à havida no governo Lula. ATENÇÃO! ESTES SÃO DADOS OFICIAIS: ao longo dos oito anos da gestão petista, essa média foi de 0,71%, contra 0,83% da gestão tucana. É claro que, em números absolutos, parece que o governo Lula leva vantagem, mas esse dado só faz sentido se a referência for o PIB. Sob FHC, o governo investiu, proporcionalmente, 14,1% a mais do que sob Lula.
A farsa
Quando se diz que o PAC é uma farsa, não se está negando a existência de obras. Isso é besteira. Alguma existem mesmo. E estariam ali ainda que o marketing fosse outro ou que o programa chamasse PEC, PIC, POC ou PUC. Finalmente, cumpre destacar: se, com a aceleração, 40% das obras não foram realizadas, e se Lula conseguiu investir menos do que o antecessor — apesar das sucessivas crises que o outro enfrentou —, pergunta-se: como teria sido sem a aceleração?
Lula é um prodígio: acelerou para entregar 60% do que prometeu — e olhem que esses são dados oficiais.
Por Reinaldo Azevedo
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Mais do mesmo
1. Agricultura: Wagner Rossi (atual ministro, do PMDB-SP)
2. Previdência: Garibaldi Alves (PMDB-RN)
3. Turismo: Pedro Novais (PMDB-MA)
4. Minas e Energia: Edison Lobão (PMDB-MA)
5. Secretaria de Assuntos Estratégicos: Moreira Franco (PMDB-RJ)
6. Secretaria de Direitos Humanos: Maria do Rosário (PT-RS)
7. Secretaria da Pesca: Ideli Salvatti (PT-SC)
8. Comunicações: Paulo Bernardo (PT-PR)
9. Transportes: Alfredo Nascimento (PR)
10. Comunicação Social da Presidência: Helena Chagas
Com essa nova leva, subiu para 16 o número de ministros já formalizados por Dilma. Antes, haviam sido divulgados os seguinte nomes:
1. Casa Civil: Antonio Palocci (PT-SP)
2. Secretaria-Geral da Presidência: Gilberto Carvalho (PT-SP)
3. Justiça: José Eduardo Cardozo (PT-SP)
4. Fazenda: Guido Mantega (PT-SP)
5. Planejamento: Miriam Belchior (PT-SP)
6. Banco Central: Alexandre Tombini.
Brasil tem mais de 14 milhões de analfabetos
Uma pesquisa divulgada pelo Ipea, nesta quinta-feira, mostra que o Brasil tinha no ano passado mais de 14 milhões de analfabetos acima dos 15 anos, o equivalente a 9,7% da população nesta faixa etária.
Em 2004, o número de brasileiros que não sabia ler e escrever era de pouco mais de 15 milhões. Ou seja, em cinco anos, a redução no número de analfabetos foi de 7%.
Ou seja, a atuação do governo Lula nesta área foi um fracasso. E ainda votaram na continuidade...
Para 64% da população, corrupção aumentou
A proliferação de casos de desvio de recursos públicos e a frequência de escândalos levaram 64% dos brasileiros a acreditar que a corrupção aumentou nos últimos três anos.
O país tem o 32º maior índice de cidadãos que observam o aumento da corrupção, numa lista com 86 nações. Senegal está no topo, com 88% da população convencidas de que a corrupção piorou, seguido da Romênia (87%) e da Venezuela (86%).
Com o Brasil, estão Itália (65%), Lituânia (63%) e África do Sul (62%). Na média geral, seis entre cada dez pessoas avaliam que os desmandos aumentaram em seus países, segundo pesquisa Barômetro Global de Corrupção 2010, divulgada pela Transparência Internacional.
A pesquisa também revela que a população brasileira trata o Legislativo e os partidos políticos como instituições à venda, extremamente suscetíveis ao poder do dinheiro para o comércio de vantagens nas relações entre o público e o privado.
Numa escala de cinco níveis, em que o nível 1 indica a inexistência de corrupção, e o 5, total suscetibilidade, casas legislativas e partidos atingem o patamar de 4,1 pontos. Em segundo lugar, a polícia aparece com 3,8 pontos.
— A pesquisa aponta para os lugares certos. Onde é que temos os maiores problemas? Onde está o nó? Partidos políticos, Legislativo e polícias, especialmente as estaduais — diz o ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage.
A pesquisa encomendada ao instituto Ibope Inteligência ouviu mil brasileiros, em junho deste ano. Nos 86 países, a Transparência ouviu 91.781 pessoas. A margem de erro varia entre 2,18% e 4,4%.
O diretor para América Latina da Transparência Internacional, Alejandro Salas, frisou que o Brasil é reconhecidamente um país onde o clientelismo e o abuso do poder, promovidos pela classe política, ainda prosperam.
— Há dois mundos no Brasil. Um dos consumidores e da maioria dos empresários, que já amadureceram e lidam bem com a transparência. O outro é o dos políticos e dos apadrinhados por eles — afirma.
Os dados da pesquisa mostram que 54% dos entrevistados consideram insuficientes as ações governamentais para lutar contra os ataques aos cofres públicos.
O estudo revela ceticismo ainda maior no mundo desenvolvido. Na Noruega, 61% dos entrevistados não creem em medidas oficiais contra a corrupção. Nos Estados Unidos, 71% das pessoas desconfiam da eficiência governamental.
— Isso é consequência da grande frustração provocada junto à população dos países ricos com a crise econômica. Os cidadãos não viram uma reação adequada diante dos desvios descobertos a partir de 2008 — avalia Salas.
Porém, os brasileiros negam que participem de atos de corrupção. Só 4% admitem que no último ano pagaram "um trocado" para fugir de blitz policial ou antecipar a instalação de serviços de água ou luz, equiparando seu comportamento ao de contribuintes do Canadá, de Israel ou da Irlanda.
Para 37% dos entrevistados, a imprensa tem um papel importante no combate à corrupção.
domingo, 5 de dezembro de 2010
Um século de hipocrisia
"É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: que admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar - bons cachês em moeda forte; ausência de censura e consumismo burguês. Trata-se de filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola..." (Roberto Campos)
Eles eram artistas, como o cantor Chico Buarque, por exemplo. Aproveitaram a oportunidade e abandonaram o "paraíso" comunista, que faz até o Brasil parecer um lugar decente. Eu gostaria de aproveitar a ocasião para fazer uma proposta: trocar esses três "fugitivos" que buscam a liberdade por Oscar Niemeyer, Chico Buarque e Luiz Fernando Verissimo, três adorados artistas brasileiros, defensores do modelo cubano. Claro que não seria uma troca compulsória, pois estas coisas autoritárias eu deixo com os comunistas, que abominam a liberdade individual. A proposta é uma sugestão, na verdade. Acho que esses três comunistas mostrariam ao mundo que colocam suas ações onde estão suas palavras, provando que realmente admiram Cuba. Verissimo recentemente chegou a escrever um artigo defendendo Zapata e Che Guevara.
sábado, 4 de dezembro de 2010
Lula completa 470 dias de viagens ao exterior
Tempo equivale a 16% do mandato de 8 anos
Editor-Assistente de Poder
Ao participar ontem e hoje de encontro da Cúpula Ibero-Americana, desta vez em Mar del Plata, na Argentina, o presidente Lula encerrará como recordista absoluto seu ciclo de viagens ao exterior.
Hoje, quando embarcar de volta ao Brasil, terá completado 470 dias em deslocamentos internacionais -o equivalente a 16% de seu mandato de oito anos na Presidência, iniciado em 2003.
A marca não passa perto da de seus antecessores. Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, em seus oito anos no Planalto, passou 347 dias em viagens fora do Brasil (12% do mandato).
Bem atrás aparecem Itamar Franco (5%), José Sarney (8%) e Fernando Collor (10%).
Com essa passagem pela Argentina, Lula também arredondará uma marca: a de 150 dias em viagens pela América do Sul. Entre 1995 e 2002, FHC passou 113 dias em vizinhos sul-americanos.
Na comparação entre os dois, o petista vence de goleada em dias na África (54 a 13). Na Europa, por exemplo, a vantagem de Lula é mais apertada (137 a 116).
No pacote de milhagem do presidente, estão 248 visitas ao exterior, com 87 diferentes nações, além da Antártida.
Só pela Argentina Lula passou 18 vezes. Pelos EUA e Venezuela, 13 cada um.
Adams, da família Luiz Inácio, deve ser o 11º do Supremo
Apontado como candidato único ao Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, será indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Cesar Asfor Rocha fora da corrida pela vaga, Adams ficou sozinho nessa disputa.
A indicação poderá ser confirmada até sexta-feira, afirmaram líderes governistas ao próprio Adams. Nesse caso, o processo de aprovação seguirá ritmo de urgência: sabatina na Comissão de Constituição e Justiça num dia e aprovação do nome no plenário do Senado, no mais tardar, no dia seguinte. Na próxima semana, Adams terá quatro audiências com o presidente Lula. A última delas, na quinta-feira à tarde, sobre a indicação de juízes para tribunais.
A indicação do novo ministro era esperada para o retorno do presidente da viagem à Coreia do Sul, após o feriado do dia 15 de novembro. Mas Lula revelou a pessoas próximas que preferiu deixar para os últimos dias a escolha por uma razão principal. Não queria que o escolhido fosse alvo de pressões de partidos interessados em derrubar a Lei da Ficha Limpa. Como o julgamento no STF teve um resultado improvisado após o empate na votação, será o novo ministro que dará a palavra final nessa contenda.
Esse será o primeiro grande julgamento de Adams no tribunal. Mas a principal ação que julgará é a do mensalão petista, caso que pode entrar em pauta já em 2011. Outros assuntos polêmicos são a constitucionalidade da política de cotas raciais nas universidades, apoiada pelo governo, o aborto de fetos anencéfalos e o poder de investigação do Ministério Público. Em outros processos, em que tenha dado pareceres como advogado da União, Adams estará impedido de julgar
sábado, 20 de novembro de 2010
Na economia, Dilma descumpre primeira promessa de campanha antes mesmo de tomar posse
Na direção oposta ao discurso da presidente eleita Dilma Rousseff, que é preciso “apertar o cinto”, o governo federal abriu ainda mais a torneira do gasto e ampliou em R$ 18,6 bilhões as despesas previstas para este ano. É o terceiro desbloqueio de gastos do orçamento feito pelo governo em 2010.
O pé no acelerador das despesas federais no apagar das luzes do governo Lula veio acompanhado de redução da meta de superávit primário das contas do setor público em 2010 e 2011, numa sinalização que haverá mudanças mais profundas na política fiscal no primeiro ano do governo Dilma.
A Eletrobrás, estatal que conta com forte ingerência do PMDB, principal partido aliado do governo, será retirada do cálculo do superávit primário, permitindo a redução da meta de 3,3% para 3,1% do PIB deste ano. Em 2011, de acordo com os parâmetros econômicos atuais, a meta será ainda menor: 3% do PIB. A reação ontem às três medidas foi de desconfiança. As apostas de alta nos juros subiram no mercado futuro, diante de evidências de que a moderação das despesas ainda é apenas discurso.
Nas últimas semanas, os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento) deram declarações de que o momento era de redução de gastos. Mantega chegou a criticar a Comissão de Orçamento do Congresso Nacional por ter aumentado em quase R$ 20 bilhões a previsão de arrecadação na proposta de Orçamento de 2011, o que, segundo ele, só serviria para ampliar a pressão por mais despesas.
domingo, 14 de novembro de 2010
Petrobras tem 43 contratos com marido de ministeriável
Negócios saltaram em 2007, quando Graça Foster assumiu diretoria da estatal
Engenheira é cotada para assumir cargo no 1º escalão do governo Dilma; Petrobras nega que haja favorecimento
Fernanda Odilla
A empresa do marido de Maria das Graças Foster, nome forte para o primeiro escalão do governo Dilma Rousseff, multiplicou os contratos com a Petrobras a partir de 2007, ano em que a engenheira ganhou cargo de direção na estatal.
Nos últimos três anos, a C.Foster, de propriedade de Colin Vaughan Foster, assinou 42 contratos, sendo 20 sem licitação, para fornecer componentes eletrônicos para áreas de tecnologia, exploração e produção a diferentes unidades da estatal.
Entre 2005 e 2007, apenas um processo de compra (sem licitação) havia sido feito com a empresa do marido de Graça, segundo a Petrobras.
A C.Foster, que já vendeu R$ 614 mil em equipamentos para a Petrobras, começou na década de 1980 com foco no setor de óleo e gás, área hoje sob a responsabilidade de Graça Foster.
Funcionária de carreira da Petrobras, Graça é cotada para um cargo no primeiro escalão do governo dilmista, como a presidência da Petrobras, a Casa Civil, a Secretaria-Geral da Presidência ou outro posto próximo da presidente eleita, de quem ganhou confiança.
Foi por indicação de Dilma que Graça ganhou, a partir de 2003, posições de destaque no Ministério de Minas e Energia, Petroquisa e BR Distribuidora e, há três anos, assumiu a diretoria de Gás e Energia da Petrobras.
Antes de a C.Foster firmar esses 42 contratos com a Petrobras, a relação de Graça com a empresa do marido, Colin Vaughan Foster, já havia gerado mal-estar.
Em 2004, uma denúncia contra a engenheira, relacionada ao suposto favorecimento à empresa do marido, foi encaminhada à Casa Civil.
O então ministro José Dirceu pediu esclarecimentos ao Ministério de Minas e Energia, sob o comando de Dilma. A fonte da denúncia não é identificada nos documentos obtidos pela Folha.
Empreiteiras com obras irregulares deram R$ 70,5 mi ao PT
Empresas responsáveis por obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) consideradas irregulares pelo Tribunal de Contas da União (TCU) doaram R$ 240,5 milhões para campanhas políticas ao longo do primeiro turno das eleições deste ano.
O partido mais beneficiado pelas contribuições dessas empreiteiras foi o PT, cujas campanhas receberam R$ 70,5 milhões. Somente a direção nacional da legenda foi agraciada com R$ 18,7 milhões.
Com base em processos disponíveis no site do TCU, o Estado identificou empresas responsáveis ou integrantes de consórcios de 9 das 18 obras do PAC que apresentaram irregularidades graves e que, portanto, terão de ser paralisadas.
Entram nesse grupo a Camargo Corrêa, integrante do consórcio contratado para realizar melhoramentos no Aeroporto de Vitória (ES). Foi a empreiteira que mais doou no primeiro turno: R$ 91,7 milhões.
Em seguida, vem a Construtora Queiroz Galvão. A empresa é responsável pela construção do Canal do Sertão, em Alagoas, da Adutora Pirapama, em Pernambuco, e faz parte do pool de empreiteiras que deveria reformar e ampliar o Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.
A construtora contribuiu com R$ 58,2 milhões.
Ainda integram o grupo as construtoras OAS (R$ 41,2 milhões), Egesa (12,3 milhões), Mendes Júnior (R$ 12,2 milhões), Constran (R$ 3,8 milhões), EIT - Empresa Industrial Técnica (R$ 9,7 milhões), Serveng (R$ 9,3 milhões) e Odebrecht (R$ 2,1 milhões). Todos esses montantes deverão ainda ser reajustados.
O prazo para a prestação de contas dos candidatos que participaram do segundo turno - inclusive da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), e do candidato derrotado José Serra (PSDB) - termina no próximo dia 30.
Depois do PT, a legenda que mais recebeu recursos das empreiteiras das obras irregulares do PAC foi o PMDB, com R$ 38,4 milhões.
Logo atrás aparece o PSDB, com R$ 38,1 milhões. O crescimento do PSB nas urnas se refletiu nas doações às campanhas do partido.
Os socialistas, que passam a governar seis Estados a partir do dia 1.º de janeiro, ficaram em quarto lugar, com R$ 25,3 milhões - superando até o DEM, que recebeu R$ 16,5 milhões.
O PV, da candidata derrotada à Presidência, Marina Silva, aparece apenas na nona posição, com R$ 4,2 milhões em doações. A campanha dela recebeu duas contribuições diretas por parte da Camargo Corrêa, totalizando R$ 1 milhão.
No ranking das doações individuais, os oito beneficiários com maior volume de recursos são integrantes do PT ou de partidos aliados. O líder é Aloizio Mercadante, candidato petista derrotado ao governo de São Paulo, que recebeu R$ 5,5 milhões dessas construtoras.
Também derrotado ao governo do Paraná, Osmar Dias (PDT) vem em segundo, com R$ 5 milhões. O governador reeleito do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), é o terceiro, com R$ 3,3 milhões.
sábado, 6 de novembro de 2010
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
MÁGICOS DAS CONTAS
O governo Lula está produzindo o maior retrocesso na História recente do país na transparência das contas públicas. Ontem foi um dia de não se esquecer. Dia em que o governo fez a mágica de transformar dívida em receita. E assim produziu o maior superávit primário do país em setembro, quando, na verdade, o Tesouro teve um déficit de R$ 5,8 bilhões.
O passo a passo do governo nessa confusão é o seguinte: 1) o Tesouro emitiu dívida no valor de R$ 74,8 bilhões. 2) transferiu uma parte, R$ 42,9 bilhões, diretamente à Petrobras, para subscrever as ações da empresa. 3) entregou o resto, R$ 31,9 bilhões, ao BNDES e ao Fundo Soberano. 4) BNDES e FSB repassaram esses títulos à Petrobras para pagar pelas ações que também compraram. 5) a Petrobras pegou todos esses títulos que recebeu e com eles pagou a cessão onerosa dos barris de petróleo do pré-sal. 6) o governo descontou o dinheiro que gastou na subscrição e considerou que o resto, R$ 31,9 bilhões, era receita.
— Eles produziram artificialmente receitas públicas para simular um superávit inexistente, que não resulta de esforço de austeridade fiscal. Além disso, zombam dos analistas. Será que acham que jornalistas, economistas, consultores não perceberam a manobra? Esse truque não tem fim, porque eles podem agora vender petróleo futuro e dizer que é receita.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
As mentiras continuam a serem contadas
Segundo Jacob Gorender, historiador de esquerda e autor do livro Combate nas Trevas, o Colina (Comando de Libertação Nacional), um dos grupos a que Dilma pertenceu, foi um dos poucos a fazer a defesa clara do terrorismo. Como diz Reinaldo Azevedo, “talvez ela pertencesse à facção lítero-musical do grupo, que organizava chás beneficentes com as senhoras respeitáveis da sociedade mineira”. Enquanto alguns pegavam na metranca, outros pegavam no cabo da xícara. Depois ela fez parte da VAR-Palmares, uma organização também com alto índice de letalidade — pelo bem da humanidade. Mas ela resistiu. Deve ser o caso de uma dupla personalidade, não é mesmo?
Outra ironia é a de que vimos o presidente em palanque a afirmar que o eleitor não permitiria que o Brasil voltasse ao passado. Qual passado? O da inflação descontrolada de Sarney? Não, né? Sarney hoje é Lula. O do destrambelhamento colorido? Não, né? Collor hoje é Lula. O Brasil não voltaria ao passado de FHC, aquele do Plano Real, que consertou a economia e pôs fim justamente à inflação.
O passado ainda persiste no lulismo e de deve permanecer no “dilmismo”, com Sarney, Renan, Collor, Tiriricas, etc...
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Se eleita, primeira viagem de Dilma será à África
Se eleita no domingo, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, já tem montada uma agenda de viagens internacionais em que desfilará de braços dados com o presidente Lula.
O comando da campanha dilmista começou a esboçar seus primeiros passos após a eleição. A tendência é que ela vá com a comitiva presidencial a Moçambique, África, em 9 de novembro, conhecer a fábrica brasileira de antiretrovirais.
A viagem começaria após os seis dias de férias que ela pretende tirar a partir do dia 2, caso seja eleita.
Dilma encerra a campanha em Belo Horizonte, no sábado. No domingo, vota em Porto Alegre e deve acompanhar a apuração no Palácio da Alvorada, em Brasília, com Lula e ministros.
Na noite de domingo, a petista fará um pronunciamento em um hotel da cidade. Caso vença, segue para uma festa e concede entrevista na segunda.
Segundo integrantes do QG dilmista e interlocutores de Lula, a ideia original era que o primeiro compromisso como eleita fosse a viagem a Seul, para a reunião do G-20.
Dilma, porém, irá na comitiva de Lula que agendou a passagem por Maputo no caminho para a Coreia do Sul.
A Presidência negocia a participação de Dilma no G-20.
Isso que dá o povo acreditar nas mentiras que dizem. Nem foi eleita, e já planeja gastar dinheiro público, viajando.
Aliás, o petismo está resolvendo todas suas frustrações, não é mesmo? Sem trabalhar, mas ganhando dinheiro de forma fácil, viajam para tudo quanto é canto deste planeta.
em psicoterapia precisam, não é mesmo?terça-feira, 26 de outubro de 2010
Escândalo no SBT! Ou: Assim anda a liberdade de imprensa no Brasil! Ou: E o PT ainda quer conselhos para “controlar a mídia!
O SBT-Nordeste procurou a campanha de José Serra para cancelar a entrevista que faria com o candidato tucano à Presidência da República nesta quarta-feira, às 12h20, em substituição ao debate inviabilizado pela recusa de Dilma Rousseff (PT) em participar.
O evento, sobre temas específicos da região, seria transmitido por dez emissoras afiliadas ao SBT, com geração pela TV Aratu de Salvador. Quando da negociação das regras do debate com as duas campanhas, ficou estabelecido por escrito que, em caso de desistência de um dos participantes, o outro seria entrevistado por 30 minutos, e a ausência do oponente seria mencionada pelo mediador no início de cada bloco.
O SBT-Nordeste, porém, alegou a assessores de Serra ter recebido pressão da cúpula nacional da emissora para não realizar a entrevista.
É uma vergonha! Deve ser por isso que o SBT está perdendo audiência ... tomara que afunde de vez e pare de sobreviver com propagandas lulistas.
domingo, 24 de outubro de 2010
Conselheiro do FBI diz que 1% da população é psicopata
A Hare PCL-R (Psychopathy Checklist Revised) foi traduzida para o português no ano 2000 e é utilizada em presídios e empresas de todo o mundo. Hare atua como conselheiro do FBI, onde também participa de uma unidade de investigação de assassinos em série.
É autor dos livros Without Conscience: The Disturbing World of the Psychopaths Among Us e Snakes in Suits: When Psychopaths Go To Work, lançado em 2006. Ele fara palestra hoje, às 8h, no Expo Unimed, durante a 40.ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia.
Paraná Online - Como foi elaborada a escala?
Robert Hare - Comecei a pesquisar sobre o assunto entre meu mestrado e meu doutorado, enquanto trabalhava como psicólogo em uma penitenciária de segurança máxima.
Lá, eu percebi que não havia um padrão para definir o quanto a pessoa era perigosa para a sociedade. Depois que me tornei professor, fazia mais de 12 horas de pesquisas diárias para chegar à escala. Foi muito difícil.
Paraná Online - E como ela começou a ser aplicada por outras pessoas?
RH - A escala foi criada para medir psicopatia, para pesquisa, mas pessoas que trabalham com a lei perceberam nela uma ferramenta valiosa. Ela começou a ser utilizada para analisar casos de reincidência e funcionou bem quando aplicada antes da soltura dos presos, para saber se eles poderiam ser reinseridos na sociedade.
Em Colorado, por exemplo, ela é aplicada em maníacos sexuais, mas é utilizada em vários lugares do mundo. É também utilizada por empresas que contratam presidiários e ainda serve para saber em que tipo de pessoa vale a pena investir num tratamento, porque não há como tratar um psicopata adulto dependendo do nível de psicopatia que ele atingiu. No caso de um jovem, é possível otimizar as ações futuras.
Paraná Online - O que fazer quando a pessoa não terá cura?
RH - Rezar (risos). O importante é compreender o assunto, porque muitas pessoas sabem que o suspeito é uma pessoa perigosa, mas não tem noção de que ele pode ser um psicopata. Geralmente vamos pela primeira impressão, nem pesquisamos sobre pessoas que chegam bem vestidas e que falam bem. Elas nos convencem. O termo correto para descrever um psicopata é “sem consciência”.
Paraná Online - Como o psicopata começa a agir?
RH - O que os move é a adrenalina. É como uma droga, da qual ele sempre quer mais. Ele pode começar roubando uma roupa íntima, depois se desafiar a passar a mão em alguma mulher sem a autorização dela. Se a adrenalina subir, pode querer então estuprar, e chegar a matar. Se gostar da sensação do homicídio, pode querer matar mais.
Paraná Online - Mas eles não se importam com as vítimas?
RH - Não. Eles não sentem culpa e só se preocupam com eles mesmos. Por isso podem roubar filhos, a mãe ou a esposa, sem se importar. Para eles não fará diferença se o roubo for resolver o que eles precisam. Fazem isso ao contrário da maioria das pessoas envolvidas no mundo do crime, que quebram regras, mas sentem-se culpas em algum momento.
Paraná Online - Como diferenciar um assassino em série de um psicopata e de um maníaco sexual?
RH - Nem todo psicopata é um assassino em série, mas 90% dos assassinos em série são psicopatas. Nos casos de autores de crimes sexuais, quando são psicopatas, escolhem mulheres em idade fértil, porque querem espalhar seus genes. Já os abusadores de crianças são pessoas sozinhas, que muitas vezes acham que estão fazendo um favor para a vítima e que estão apenas mostrando que amam ela. Eles têm um distúrbio emocional, mas em poucos casos chega a ser psicopatia.
Paraná Online - E quando, depois do abuso sexual, o estuprador se torna assassino?
RH - A maioria das pessoas que estupram e matam a vítima para não serem identificadas provavelmente tem a chance de ter psicopatia, porque poderiam usar uma máscara para não se identificar, por exemplo, mas preferiram eliminar uma vida, no auge do egoísmo, apenas para manter o crime em segredo.
Paraná Online - Em Curitiba, a Rachel Genofre, de apenas 9 anos, foi estuprada, morta e colocada em uma mochila, que foi abandonada na Rodoferroviária da cidade. O assassino até hoje não foi localizado, mas pelas características do crime, dá para se dizer que ele é psicopata?
RH - Sim, mas também pode ser uma patologia diferente, ainda mais grave.
Paraná Online - Como os psicopatas estão espalhados pelo mundo, de acordo com suas pesquisas?
RH - 1% da população mundial é psicopata, e todas as pessoas vão conhecer pelo menos 15 psicopatas ao longo da vida. A medição é como auferir a pressão do sangue, tem vários níveis. Entre os homens presos, 15% tem o nível mais alto da escala, que vai de zero a 40, onde acima de 30 a pessoa é considerada psicopata. Na América do Norte a média das pessoas está no nível 22.
Paraná Online - Seu livro mais recente é mais específico do que o primeiro?
RH - Um pouco. Trata da facilidade que os psicopatas têm no mundo corporativo. Eles fazem a chefia acreditar que serão bons para a empresa, tem boa aparência, se vendem bem, e falam o que as pessoas precisam ouvir, por isso tem facilidade de conquistar o poder para fazer o que querem.
Paraná Online - E no Brasil, como está o estudo sobre psicopatia?
RH - A escala é pouco utilizada no Brasil, porque o País ainda está começando a entender sobre o assunto. Na Europa e América do Norte todos sabem que um psicopata é alguém que alcança o nível alto na minha escala. Meus dois livros foram traduzidos para várias línguas, até para o russo, mas não para o português. Verifiquei dados de alguns autores brasileiros que publicaram livros sobre o assunto e encontrei vários erros.
Paraná Online - O senhor acredita que os programas sobre assassinos em série são educativos para a população?
RH - A realidade não é como na televisão. Acho estes programas chatos. As pessoas se interessam tanto por assassinos em série, mas não se aprende nada com eles. O psicopata mais preocupante está na população e não se sabe quem ele é. Muitas vezes ele nem mata.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
SEM MEDO DO PASSADO
O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária, distorce o ocorrido no governo do antecessor, auto glorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos. Por trás dessas bravatas está o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória. Houve quem dissesse “o Estado sou eu”. Lula dirá, o Brasil sou eu! Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.
Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?
A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês…). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições. Como desconstruir o inimigo?
Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo que dele herdaram como se deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo.
Na campanha haverá um mote – o governo do PSDB foi “neoliberal” – e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social. Os dados dizem outra coisa. Mas os dados, ora os dados… O que conta é repetir a versão conveniente. Há três semanas Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal. Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado.
Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao país. Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no país.
Esqueceu-se de que o país pagou um custo alto por anos de “bravata” do PT e dele próprio. Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI – com aval de Lula, diga-se – para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte. Esqueceu-se de que foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.
Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto “neoliberalismo” peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista. Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobrás, citado por Adriano Pires, no Brasil Econômico de 13/1/2010. “Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobrás produzia 600 mil barris por dia e tinha 6 milhões de barris de reservas. Dez anos depois, produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela”.
O outro alvo da distorção petista refere-se à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia. Os fatos são diferentes: com o Real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo. De 1995 a 2002, houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.
Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa-Família), vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram em um município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para Estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo. O Bolsa-Escola atingiu cerca de 5 milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outras 6 milhões, já com o nome de Bolsa-Família, englobando em uma só bolsa os programas anteriores.
É mentira, portanto, dizer que o PSDB “não olhou para o social”. Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel à realidade; o programa da aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa “Toda Criança na Escola” trouxe para o Ensino Fundamental quase 100% das crianças de sete a 14 anos. Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje a mais de 3 milhões de idosos e deficientes (em 1996, eram apenas 300 mil).
Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.