Advogado
não é nem garota nem garoto de programa. É claro que pode se encontrar com o
ministro da Justiça. Pode se encontrar com quem quiser. Os profissionais dessa
área sabem que estou entre os maiores defensores de suas prerrogativas. O
direito de defesa pleno é um apanágio da democracia. E, por óbvio, serve muito
especialmente a quem cometeu crimes. Atenção! No dia em que os acusados,
culpados ou não, não puderem se defender, todos teremos perdido uma
prerrogativa importante e seremos, por óbvio, culpados daquilo que o estado
decidir que somos. Assim, vivam os advogados!
Dito
isso, sigamos. Os encontros, no entanto, têm de ser transparentes,
sim. Foi o que afirmou nesta quarta o presidente da OAB, Marcus Vinícius
Furtado Coêlho, de quem costumo divergir, diga-se. Não desta vez. Leiam
trecho dereportagem da Folha. Volto em seguida.
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O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Marcus Vinícius Furtado Coêlho, defendeu nesta quarta-feira (18) os “direitos e prerrogativas” de advogados serem recebidos pelo ministro da Justiça, mas ponderou que a audiência precisa ser “transparente” e “pública”.
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O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Marcus Vinícius Furtado Coêlho, defendeu nesta quarta-feira (18) os “direitos e prerrogativas” de advogados serem recebidos pelo ministro da Justiça, mas ponderou que a audiência precisa ser “transparente” e “pública”.
Nos
últimos dias, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) tem sido alvo de
críticas por ter se encontrado com advogados de empreiteiras sob investigação
da Operação Lava Jato, que apura o escândalo de desvio de dinheiro em contratos
da Petrobras.
“Não
pode ser uma seleção deste ou daquele advogado. Tem que ser realmente uma
questão aberta, impessoal, independente do caso que isso envolver”, afirmou
Furtado após participar da abertura da campanha da Fraternidade deste ano, na
manhã desta quarta-feira (18).
“Assim
como os médicos, quando têm problemas, procuram o ministro da Saúde e a área
cultural procura o ministro da Cultura, é natural que um advogado procure o
ministro da Justiça se tiver queixas a apresentar. (…) Assim como ele vai procurar
o ministro do Supremo se a queixa for contra o que estiver sendo feito pelo
Supremo”, completou.
(…)
(…)
Retomo
Muito
bem! A crítica do ex-ministro Joaquim Barbosa aos advogados, como quase sempre,
peca pelo exagero e pela imprecisão. Numa coisa, reitero, ele está certo: José
Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, tem de ser demitido. Adiante.
O
que queria Sérgio Renault, advogado da UTC, com Cardozo? Qual era a pauta? Ele
foi reclamar de alguma ilegalidade cometida pela PF? De algum abuso de
autoridade? De algum comportamento irregular? Não que se saiba. Pagamos o
salário do ministro. Ele exerce uma função pública. De natureza pública também
é o processo contra o cliente de Renault. A verdade tem de ser dita.
Tanto
pior quando ficamos sabendo, como revelou reportagem da VEJA, que Cardozo
garantiu a seu interlocutor que a temperatura da Lava-Jato vai baixar porque,
depois do Carnaval, a oposição também estará enrolada. Tanto pior se, na
conversa, dá-se a garantia de que Lula vai entrar na parada para ajudar as
empresas, como se tudo não passasse de um negócio entre privados.
Não,
senhores! Um advogado ser recebido é, parece-me, parte das práticas
corriqueiras no Estado de Direito. Para combinar com o ministro, no entanto, a
linha de defesa de um acusado, aí não! Especialmente quando esse acusado já
deixou claro que está com muita dinamite amarrada à volta da cintura e pode
levar o Palácio do Planalto para os ares.
Por
Reinaldo Azevedo
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