Eu
poderia deixar quieto, mas não deixo. Cada um tem seu estilo, eu tenho o meu. E
gosto de fatos. Otávio Cabral, jornalista de VEJA, um profissional de altíssimo
gabarito, vai deixar a redação para trabalhar na assessoria do pré-candidato à
Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves.
Os espadachins da reputação
alheia, os idiotas, os ressentidos e os bandidos disfarçados de jornalistas já
começaram a gritar: “Olhem lá, um jornalista da VEJA trabalhando para Aécio”.
Uma ova!
No que concerne à revista,
Cabral passará a ser um “ex-VEJA”, sem que o respeito profissional de que ele é
merecedor seja minimamente arranhado. Eu, que o conheço, estou certo de que ele
vai fazer um excelente trabalho em sua nova jornada.
Não, Cabral não é o primeiro!
Márcio Aith, hoje na secretaria de Comunicação do governo Alckmin, já trabalhou
na VEJA. Quando entrou na assessoria da campanha eleitoral de José Serra, em
2010, estava na Folha.
Aí, aquela turma que tem os
dois pés no chão e as duas mãos também, para citar Ivan Lessa, relincha: “Ah,
estão vendo? A revista só fornece assessores para o PSDB…”. É mesmo? Então vai
uma lista de profissionais que são ex-VEJA ao lado dos políticos que eles
decidiram assessorar (nem todos, hoje, permanecem na mesma função):
1 – João Santana – Lula,
Dilma, Palocci e Delcídio Amaral;
2 – Thomas Traumann –
porta-voz de Dilma e, depois, ministro de estado da “presidenta”;
3 – Luiz Rila – José
Dirceu e campanha do Lindbergh Farias;
4 – Luciano Suassuna –
Alexandre Padilha;
5 – Eduardo Oinegue – Patrus
Ananias e Alexandre Padilha;
6 – Ronaldo França – Dilma;
7 – Chico Mendez –
campanha do Fernando Pimentel ao governo de Minas;
8 – Lula Costa Pinto –
Agnelo Queiroz;
9 – Mario Rosa – várias
consultorias ao governo e ao PT (Palocci, Dirceu, Agnelo…)
E devo estar esquecendo alguns
nomes. Como se nota, nos nove casos listados acima, jornalistas que passaram
por VEJA foram assessorar políticos do… PT!!! No topo, digamos assim, da cadeia
alimentar do poder, o marqueteiro do partido e um ministro de estado.
Será que, por isso, VEJA pode
ser considerada, afinal, uma redação petista, já que tantos assessores de nomes
estrelados do partido passaram por sua redação?
Ora, vão catar coquinho! Se
uma, duas ou mais das pessoas listadas acima fizeram coisas impróprias — não
sei de nada; falo apenas em tese —, isso não se deve nem ao fato de terem
passado por VEJA nem de terem assessorado ou assessorarem ainda hoje os
petistas. São profissionais dignos como quaisquer outros, só que fazendo outro
trabalho, que não o jornalismo, que tem um código de ética distinto de uma
assessoria.
Desejo boa sorte a Cabral em
sua nova empreitada e espero que demonstre a competência que conhecemos.
Todos os profissionais que
citei aqui fizeram escolhas conhecidas, públicas, às claras. Feio, asqueroso,
coisa de bandido — aí, sim — é uma outra prática.
Coisa de bandido é receber
dinheiro de governos e de estatais para fazer a defesa de partidos políticos,
de governantes e de candidatos — dedicando-se, adicionalmente, a atacar a
imprensa independente — e não contar isso aos leitores.
Feio é ser sustentado pela
máquina pública, fazer campanha político-eleitoral e se dizer um jornalista
independente e progressista. Aí, não. Gente assim não é jornalista, não é
independente nem é progressista. É só um pau-mandado, exercendo a mais antiga
profissão do mundo: é só pagar, e eles fazem. Não importa o quê. Começam
cedendo a honra. Aí o resto vai é fácil.
Por Reinaldo Azevedo
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