E a
Petrobras está de volta às páginas policiais, o que já se tornou uma rotina no
governo petista. A Folha informa na edição desta quinta que a Polícia
Federal decidiu abrir um terceiro inquérito, agora para investigar não a
compra, mas a venda da refinaria de San Lorenzo para o grupo argentino Oil
Combustibles S.A, que pertence ao megaempresário Cristóbal Lopez, um amigão da
presidente Cristina Kirchner. Também o Ministério Público Federal e o Tribunal
de Constas da União investigam a operação.
Desta
vez, vejam vocês, o comando da Petrobras é suspeito de ter vendido um ativo por
menos do que valia. A empresa brasileira repassou para Cristóbal Lopez, por US$
110 milhões, um pacote que incluía a refinaria propriamente, postos de
gasolina, estoques e outros produtos, de acordo com nota redigida pela
Petrobras no ano eleitoral de 2010.
Ocorre
que o grupo argentino estava disposto a pagar, em outubro de 2009, US$ 50
milhões só pela refinaria, sem levar em conta os estoques e os tais outros
produtos. Sete meses depois, a empresa brasileira vendeu, sim, a refinaria, mas
por US$ 36 milhões, US$ 14 milhões a menos do que os compradores queriam pagar
inicialmente. Brasileiro é bonzinho. Com a gente é assim: nos EUA, compra por
mais do que vale; na Argentina, vende por menos.
O
fio da meada é um contrato existente entre um representante do grupo argentino
e um escritório de advocacia brasileiro, representado pelo baiano Sérgio
Tourinho Dantas, conterrâneo de José Sérgio Gabrielli, então presidente da
Petrobras. Ora vejam: se a empresa brasileira topasse vender para os argentinos
a refinaria por até US$ 45 milhões, o escritório receberia US$ 10 milhões de
comissão; se o fizesse por US$ 50 milhões mesmo, então seriam US$ 8 milhões.
Como a Petrobras vendeu por US$ 36 milhões, vai saber quanto a operação rendeu,
né? O escritório disse à reportagem da Folha que rescindiu o contrato com os
argentinos antes de se efetivar a venda.
É o
terceiro inquérito aberto pela polícia. Um deles investiga a operação de
Pasadena, e outro, o eventual pagamento de propina pela empresa holandesa SBM a
funcionários da Petrobras.
Atenção!
Cristóbal Lopez é o empresário que mais enriqueceu na era dos Kirchner. Chegou
a despertar a tenção do FBI e do Departamento de Combate aos Narcóticos nos EUA
por causa da compra suspeita de um cassino em Miami. Desconfia-se que possa
lavar dinheiro do tráfico de drogas. Nos meios políticos argentinos, ele é
considerado uma espécie de “caixa” do kirchnerismo.
Quem
negociou com o escritório de advocacia brasileiro em nome do empresário foi
Jorge Rottemberg. A imprensa argentina fala em pagamento de propina de até US$
15 milhões. Mas os petistas não querem nem ouvir falar de CPI. Dá para
entender por quê.
Por Reinaldo Azevedo
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