Foi tensa a reunião em que os sete
integrantes da Mesa diretora da Câmara analisaram a situação de José Genoino.
Deu-se a portas fechadas. O presidente Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) fez o
encaminhamento da votação. Disse que, sob “grande constrangimento”, via-se na
obrigação de recomendar a abertura do processo de cassação. O vice-presidente
André Vargas (PT-PR) reagiu atacando a imprensa.
No dizer do petista Vargas, a Câmara
tinha “a obrigação” de se impor, ignorando a “pressão da mídia”. Para ele, os
deputados precisam parar de se dobrar diante da “opinião publicada”. Citou
“concessões” que os deputados tiveram que fazer para saciar a imprensa.
Extinguiram-se até o 14º e o 15º salários dos parlamentares, ele realçou, no
seu esforço retórico para convencer os colegas a dispensarem a Genoino um
“tratamento humanitário”.
Até esse ponto, André Vargas não fez
qualquer menção à hipótese de renúncia de Genoino. Encerrada a peroração,
Henrique Alves abriu a coleta dos votos. Fábio Faria (PSD-RN) votou com o
presidente, a favor da abertura do processo contra Genoino. Simão Sessin
(PP-RJ) foi na mesma linha.
Antonio Carlos Biffi (PT-MS) votou
com o vice-presidente, contra a instauração do procedimento de cassação. Três a
dois. Márcio Bittar (PSDB-AC) fechou a maioria pró-higienização: quatro a dois.
Só nesse instante, quando já não havia como livrar a cara de Genoino, André
Vargas içou da cartola a carta de renúncia.
A surpresa foi generalizada. Em
conversa que mantivera na semana passada com o líder petista José Guimarães
(CE), que é irmão de Genoino, Henrique Alves havia sugerido a renúncia. E
Guimarães refugara. Surpreendido, o presidente da Câmara leu a carta-renúncia.
E deu por prejudicada a proposta de cassação, enviando-a ao arquivo.
André Vargas declararia depois que
ficou “decepcionado” com Henrique. Queria que o presidente da Câmara, em
decisão individual, suspendesse a tramitação do pedido de cassação durante os
90 dias de duração da licença médica de Genoino. Sustentou que, doente, o
condenado não teria como se defender. Como se o companheiro não tivesse
advogados.
Antes de encerrar os trabalhos, Henrique
instou Maurício Quintela (PR-AL) a reveler como teria votado se a carta de
renúncia não tivesse saltado do bolso de André Vargas. E ele, categórico,
informou: votaria pela abertura do processo. Quer dizer: num colegiado de sete,
apenas dois petistas se animaram a guerrear contra o bom senso.
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