quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Execução obrigatória de emendas é um atentado à racionalidade administrativa e aos cofres públicos

Uma comissão especial da Câmara aprovou o texto da PEC que institui a execução obrigatória de emendas parlamentares que integrem o Orçamento. Segundo a proposta, o valor das emendas parlamentares individuais que devem ser obrigatoriamente executadas pelo governo federal seria de 1% da receita corrente líquida da União — R$ 6,75 bilhões em valores atuais. Como se trata de uma Proposta de Emenda Constitucional, terá de passar agora por duas votações no plenário, onde tem de ser aprovada por pelo menos três quintos (308 deputados). Segue depois para o Senado, para mais duas votações — ali, são necessários pelos menos 54 votos favoráveis. Se o governo continuar sem uma interlocução maiúscula no Congresso, adivinhem o que vai acontecer…

Trata-se de um atentando ao bom senso, à racionalidade administrativa, aos cofres públicos e à boa governança. Este que escreve é contra a existência até mesmo de emendas individuais. E não porque eu ache que políticos são essencialmente maus e coisa e tal. Nada disso! É que não entendo a Câmara e o Senado como uma soma de, deixem-me ver como dizer, “vereadores federais”, que têm de usar o Orçamento para cuidar das demandas de sua aldeia. “Ah, mas é só 1%!”. Ainda que fosse 0,5%… Como se nota, a bolada de quase R$ 7 bilhões não é um dinheiro irrelevante.

“O governo usa essas emendas para conquistar apoios e para chantagear a base… Se a execução for obrigatória…” Se houver a obrigação da execução das emendas, então teremos deputados e senadores mais convictos e menos dependentes das vontades do Executivo??? Será que é mesmo o capilé das emendas que determina essa fidelidade? Tendo a achar que não.

O Poder Executivo não pode se transformar num cartório de despachos dos interesses de aldeias políticas. Mas é o que vai acontecer se as pessoas escaladas por Dilma para negocia com o Congresso continuarem sem ter com quem falar porque ninguém lhes dá bola. Nesse caso, os apelos feitos pela própria presidente resultaram inúteis. Dilma tem a pior interlocução com o Congresso desde o governo Collor. Esse é também o resultado da atuação das pessoas que ela escalou para tal tarefa. Um governante forte pode até se dar ao luxo de ter negociadores fracos. Esse, definitivamente, não é o caso da governanta.

Por Reinaldo Azevedo


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