Ai, ai… Antes, Banânia era um país meio atrapalhado. Depois foi piorando. Nazareno Fonteles, um deputado do PT do Piauí, teve uma ideia: “E se a gente decidisse botar ordem no Supremo?” E aí resolveu fazer uma Proposta de Emenda Constitucional.
Certo!
A porta de entrada para a tramitação de um texto é a Comissão de Constituição e
Justiça, a CCJ, onde brilham os condenados José Genoino (SP) e João Paulo Cunha
(SP). Os dois, ora vejam!, ajudaram a dizer “sim” ao texto. Leiam o que informa
Laryssa Borges, da VEJA.com. Volto depois com algumas considerações, talvez
menos óbvias do que o embate sugere.
*
Em
uma ação coordenada das bancadas governistas na Câmara dos Deputados, a
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou nesta quarta-feira uma
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que submeterá algumas decisões do
Supremo Tribunal Federal (STF) ao aval do Congresso.
De
acordo com a proposta, que passou pela comissão sem sequer ser debatida, as
decisões do STF sobre as chamadas ações diretas de inconstitucionalidade (Adin)
terão de ser analisadas pelo Legislativo. Outro ponto do texto estabelece que
as súmulas vinculantes (mecanismo editado pelo STF que deve ser seguido por
todas as instâncias do Judiciário) também serão submetidas ao crivo do
Congresso antes de entrar em vigor. Caso os parlamentares rejeitem as decisões
do Supremo no julgamento de uma Adin, o tema será decidido por meio de consulta
popular.
A
proposta altera o quórum obrigatório para que o STF possa declarar uma lei
inconstitucional: será necessário quórum de 4/5 dos ministros da corte. O texto
ainda proíbe que um ministro do Supremo, em decisão individual, conceda uma
liminar para suspender a eficácia de uma emenda constitucional.
A
proposta agora será analisada por uma comissão especial na Câmara e, se
aprovada, seguirá para o plenário. Depois, também é necessário passar pelo
Senado antes de ser promulgada.
Com
o nome formal de PEC 33 e patrocinada pelo deputado petista Nazareno Fonteles
(PI), a proposta foi aprovada em votação simbólica pela CCJ na mesma semana em
que foi publicado o acórdão com as sentenças do mensalão. Dois réus condenados,
os deputados João Paulo Cunha (PT-SP) e José Genoino (PT-SP), participaram da
votação.
“Precisamos
resgatar o valor da representação política, da soberania popular e da dignidade
da lei aprovada pelos representantes legítimos do povo, ameaçadas pela postura
ativista do Judiciário”, argumentou Fonteles.
A
tentativa de amordaçar o Supremo havia sido prometida pelo ex-presidente da
Câmara, Marco Maia (PT-RS), que ameaçou retaliação à corte por ter determinado
a cassação do mandato dos quatro deputados mensaleiros – João Paulo, Genoino,
Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT). Na época, Maia ameaçou
acelerar a tramitação dos projetos que alteravam consideravelmente as
atribuições do Supremo.
Por Reinaldo Azevedo
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