terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Este é o Senado Federal...

Nem bem assumiu, José Sarney (PMDB-AP) já enfrenta crises no Senado.

A encrenca maior foi causada pelo aliado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que prometeu tudo e mais um pouco aos aliados.

Conforme a Folha (Sérgio Lima), nota-se:

1. PR X PDT: Com cinco senadores, todos eleitores de Tião Viana, o PDT tem direito regimental à quarta secretaria do Senado. Indicou a senadora Patrícia Saboya (CE).


Em reunião realizada na sala de Romero Jucá (PMDB-RR), líder de Lula, o senador Osmar Dias (PR), líder do PDT, foi informado de que a vaga de seu partido fora prometida ao PR.


Coube a Wellington Salgado (PNDB-MG), um ex-miliciano de Renan à época em que o mandato dele esteve sob risco, aclarar as coisas:


“Vocês perderam a eleição. Não têm direito a coisa nenhuma”. Osmar Dias escalou as tamancas. Mas foi avisado de que, se insistir na indicação de Patrícia, será derrotado no plenário.


Depois, numa roda de senadores, Osmar expressou o seu descontentamento em linguagem rasteira: “Venderam o meu traseiro e esqueceram de combinar comigo”.


Ao cruzar com Wellington Salgado, um senador de longas madeixas, a preterida Patrícia Saboya pespegou: "Vá pra casa, corte esse cabelo, tome um banho e vê se vira homem".


“A coisa começa muito mal”, ecoou Cristovam Buarque (PDT-DF). “Isso vai acabar em escândalo”. Se necessário, o PDT irá ao STF para ver o seu direito respeitado.


2. PR X PR: A vaga de quarto secretário, que por direito pertence ao PDT, foi prometida a dois senadores do PR: César Borges (BA) e Magno Malta (ES).


“Fizeram overbooking”, ironizou Aloizio Mercadante (SP), novo líder do PT. “E o pior é que não há uma Anac no Senado”.


Ideli Salvatti (PT-SC) deu asas ao chiste: “Venderam mais assentos do que as aeronaves deles tinham. Pior: venderam assentos nos aviões da concorrência”.


A turma de Renan lava as mãos. Diz que caberá ao PR decidir se vai acomodar César Borges ou Magno Malta no assento que pertence ao PDT.


3. PSDB X PTB: Pelo critério da proporcionalidade das bancadas, o PSDB tem direito a indicar o presidente da comissão de Relações Exteriores.


Cargo que o tucanato deseja dar a Eduardo Azeredo (MG). Renan, porém, ofereceu a posição a Fernando Collor (AL), do PTB, legenda que entregou sete votos a Sarney.


Informado de que o PSDB não abriria mão da comissão, Gim Argello (DF), líder do PTB, deu de ombros: “A gente vai pro voto e derrota eles no plenário”.


Líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM) criou um neologismo. Diz que estão “gimargelizando” o Senado. Uma brincadeira na qual não vê a menor graça.


O plano de Gim Argello pode malograr. Para honrar os compromissos assumidos por Renan, o DEM até admite votar no candidato do PR contra o do PTB na quarta secretaria.


Mas José Agripino Maia (RN), líder do DEM e velho parceiro do PSDB, não tem a intenção de entregar os 14 votos de sua bancada a Fernando Collor.


Empenhado em recompor suas relações com os tucanos, Agripino privilegiará Azeredo em detrimento de Collor.


4. PSDB X PSDB: Embora formalmente comprometido com Tião, o PSDB deu dois votos a Sarney.


Segundo a contabilidade de Renan, votaram em Sarney, protegidos pela escuridão do voto secreto, os tucanos Papaleo Paes (AP) e Marconi Perillo (GO).


Perillo será premiado com a primeira vice-presidência do Senado. Neste caso, o PSDB tende a fazer vistas grossas. Entende que, por direito, o cargo lhe pertence.


5. PT X PT: De acordo com a planilha de votos do alto comando de Sarney, o petista Tião Viana foi traído na bancada de seu próprio partido.


Nos arredores de Renan, diz-se que Delcídio Amaral (PT-MS) cravou Sarney na cédula secreta. Em troca, prometeu-se a ele o cargo de segundo vice-presidente do Senado.


O posto é, por direito, do PT. Mas o partido deseja nomear outra senadora: Serys Slhessarenko (MT).


No instante em que tentava promover a conciliação no PT, que pende para Serys, o líder Mercadante foi informado de que qualquer outro nome que não seja o de Delcídio será derrotado em plenário pela tropa que elegeu Sarney.


Mercadante tocou o telefone para o líder do DEM. Perguntou se a preferência por Delcídio era real.


Agripino Maia disse o óbvio: não vai se imiscuir em assuntos internos do PT. Mas não pode impedir que seus senadores votem em Delcídio, contra Serys, se ele se apresentar ao plenário como candidato avulso.


Começa bem, como se vê a novíssima gestão de José Sarney. A sessão desta terça (3) está marcada para as 15h. Deve ser animada.

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