A
refinaria de Pasadena, nos EUA, tinha US$ 10 milhões depositados na conta da
corretora MP Global — que foi a falência em novembro de 2011, diga-se. No
dia 5 de fevereiro de 2010, alguém na estatal brasileira — não se sabe quem —
deu uma autorização verbal para sacar a dinheirama. Foi sacada. Não se conhece
o seu destino porque não há registro documental. Em 2010, é? No Brasil, foi um
ano eleitoral. Sigamos adiante. A revelação foi feita ontem pelo jornal O Globo.
A reportagem da Folha entrou em
contato com a direção da Petrobras para ouvi-la a respeito do saque. Segundo a
empresa, uma operação assim é “normal”. A movimentação do dinheiro só foi
descoberta porque houve uma auditoria na refinaria de Pasadena, feita pela
Gerência de Auditoria de Abastecimento para verificar a gestão dos combustíveis
produzidos e comercializados. O Globo teve acesso ao resultado do trabalho. Se
a Petrobras considera tudo normal, a auditoria concluiu o contrário e apontou a
“falta de autorização documental para saque em corretora”.
Segundo o Globo, a auditoria
teria apontado também a existência de operações simultâneas de entrada e saída
de combustíveis nos tanques, o que dificulta o controle. Constatou-se ainda uma
falta de integração entre o sistema financeiro e o de controle de estoque. De
acordo com o jornal, detectou-se também uma diferença de US$ 2 milhões no
estoque em maio de 2010 em razão de lançamentos incorretos.
Nesse período, a Astra Oil
ainda era sócia da Pasadena, mas havia deixado a administração por conta da
Petrobras e já ingressara na Justiça americana para obrigar a empresa
brasileira a comprar os outros 50% da refinaria.
À Folha,
a Petrobras afirmou que o saque autorizado verbalmente é “normal” por ser “uma
atividade usual de trading (comercialização de combustíveis)”. Acrescentou que
“não foram constatadas quaisquer irregularidades no saque”. Mesmo assim, a
empresa disse que “foi acatada a recomendação de formalizar e arquivar a
documentação de suporte relativa aos saques efetuados em contas mantidas em
corretoras”.
Eu não sou especialista em
“trading”. Os especialistas, como sabemos, são aqueles gênios da Petrobras. Mas
me darei o direito ao espanto, como os auditores — gente bem mais treinada do
que eu: então US$ 10 milhões são movimentados assim, na base da saliva, sem
rastro documental?
A Petrobras é uma piada que
custa alguns bilhões aos brasileiros. Dá para entender por que essa gente teme
tanto uma CPI, mesmo com maioria governista.
Por Reinaldo Azevedo
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