Quando
pobre resolve ser o Robespierre de pobre num presídio infecto do Maranhão, a
OAB não tá nem aí, não dá a mínima, dá de ombros, olha para o outro lado. ONGs
que se dizem especializadas em direitos humanos — a maioria se dedica
mesmo é ao proselitismo ideológico e vive pendurada nas tetas do governo —
também se calam. São humanistas de fachada.
No
caso da OAB, a coisa é mais grave. O Painel da Folha desta quarta informa que Marcos
Vinícius Coelho, presidente da entidade, foi advogado da governadora Roseana
Sarney (PMDB) no TSE. Contam-me que a relação entre ambos é de amizade mesmo —
e não há mal nenhum nisso. O que é politicamente criminoso — só politicamente,
viu, doutor? — é o silêncio a respeito da barbárie.
E
vejam vocês quem silencia! A OAB foi a entidade mais saliente na defesa dos
delinquentes fantasiados de “black blocs”. Vagabundos mascarados que saíam às
ruas para depredar prédios públicos e privados, para incendiar, para quebrar,
para enfrentar a polícia no muque, bem, estes sempre tinham, especialmente no
Rio, um advogado da OAB a tiracolo.
Onde
está Wadih Damous, presidente do Conselho de Direitos Humanos da entidade? Sim,
no Facebook e em sites ligados à área jurídica, ele andou classificando as
ocorrências de inaceitáveis; chamou tudo aquilo de “barbárie”. Correto. Mas só
isso? Comparem a saliência no doutor na defesa dos black blocs com a discrição
de agora.
Há
muitos anos, como sabem os leitores mais antigos, afirmo que a má consciência
dita “progressista” no Brasil distingue dois tipos de agressão aos direitos
humanos: as praticadas contra pessoas com pedigree ideológico e as praticadas
contra homens comuns, que não tem o “selo de qualidade militante”.
Se o
sujeito é ligado a algum ente de esquerda, a algum grupo militante, a algum
dito “movimento social”, então tudo lhe é permitido. Chama-se “agressão” até
mesmo a justa repressão ao crime que eventualmente pratique. Se, no entanto, é
apenas um homem comum — ou, se quiserem, um bandido comum —, aí ninguém dá a
menor pelota. Num outro post, tratarei com mais vagar dessa impostura.
De
fato, o que se passa no Maranhão nem chega a ser novo, nem chega a ser inédito.
Numa rebelião no mesmo complexo de Pedrinhas, em 2011, nada menos de 14 presos
foram decapitados; outros morreram em razão de mutilações várias. A novidade,
desta feita, é que um vídeo veio a público. E se pôde ter, então, clareza,
digamos, empírica do horror.
A
OAB está ocupada
Entendo. A OAB está muito ocupada, não é mesmo? No momento, está tentando proibir o financiamento privado de campanha, num esforço — espero que involuntário — para jogar o sistema político brasileiro na clandestinidade. Não tem tempo para — lá vou eu a citar quem me detesta — “pretos de tão pobres e pobres de tão pretos” que decapitam os de sua própria espécie.
Entendo. A OAB está muito ocupada, não é mesmo? No momento, está tentando proibir o financiamento privado de campanha, num esforço — espero que involuntário — para jogar o sistema político brasileiro na clandestinidade. Não tem tempo para — lá vou eu a citar quem me detesta — “pretos de tão pobres e pobres de tão pretos” que decapitam os de sua própria espécie.
Se
são iguais, eles que se entendam, certo? A boa má consciência progressista não
tem nada com isso.
Por Reinaldo Azevedo
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