quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Transparência, por Bruno Góes

Bruno Góes, O Globo
 
Gabinete da Presidência da República. Em São Paulo, por lá, soubemos tratar-se de um lugar ora chefiado por uma senhora: Rosemary Noronha. Poderíamos chamá-la de "madame", como gostava de ouvir dos seus subordinados.
 
Partícipe de uma quadrilha que constrange qualquer pessoa que acredita numa República, tinha sob sua administração um bem público, representação máxima do Poder Executivo.
 
Pois bem: viu-se que o tal gabinete - ainda há outro em Belo Horizonte e um a ser inaugurado em Porto Alegre - é tudo, menos um local público. É um ambiente privado pago com o dinheiro de todos. Em uma das salas, uma foto imensa de Lula é estampada numa parede, assim como um santo é reverenciado em uma igreja.
 
Após os acontecimentos desencadeados pela Operação Porto Seguro, a imprensa, por óbvio, foi vigiar a paróquia - quis saber o que acontecia ali dentro. Já se sabia que o recinto fora bastante utilizado para a articulação da candidatura de Fernando Haddad.
 
Este jornalista, então, resolveu apurar para saber quantas vezes a presidente da República havia se encontrado com o ex, Luiz Inácio Lula da Silva, no gabinete.
 
A resposta? Não poderia ser mais condizente com a constatação de que o que é público foi apropriado pelo governo da vez.
 
"As atividades privadas não são divulgadas", diz a PR (Presidência da República), para citar a sigla do momento. Indago então se é permitido que haja encontros privados na representação do Executivo. Se sim, quero saber qual é a justificativa. " Sim, ela pode ter encontros privados".
 
Por que? "Ela pode definir o local, que pode ser o Palácio da Alvorada, por exemplo, que é a sua residência". Digo que não estava tratando da residência. A PR parece não entender a pergunta. Diz que "a presidente pode decidir onde quer realizar suas audiências ou agendas privadas".
 
Não há transparência alguma quando se trata da Presidência da República, nestes governos Lula e Dilma. Escritórios públicos são utilizados como se fossem o quintal da casa deles; gastos exorbitantes com cartão corporativo, que o contribuinte otário paga; encontros “secretos” de pessoas com cargos comissionados, que nada tem de interesse público...
 
 
 
 
Por muito menos, uma ditadura foi implantada no país. Por muito menos, o Collor sofreu impeachment.... Este país perdeu o senso de responsabilidade e vergonha na cara.

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