domingo, 18 de outubro de 2009

Isto é política?

Lula, em conversa descontraída com ministros mais próximos, há cerca de 15 dias, surpreendeu os presentes ao levar para a roda um fato recente, mas fora da agenda atual: a mão que deu a José Sarney (PMDB-AP) para mantê-lo na presidência do Senado mesmo com o escândalo dos atos secretos que beneficiaram parlamentares e seus parentes mais próximos.
"Quem ganhou fui eu, porque o PMDB vai marchar com Dilma", disse Lula, segundo um dos presentes, ao se referir à aliança que está costurando para a disputa presidencial, com a sua candidata, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Lula tinha nas mãos alguns números sobre o PMDB, todos comprovando o gigantismo do partido. Como sabe que ser governo e apoiar Sarney desgasta e afugenta o voto das grandes regiões metropolitanas, é necessário avançar cada vez mais rumo aos grotões.
E nenhuma sigla é melhor do que o PMDB para esse objetivo. Até se diz que é mais fácil faltar coca-cola numa cidade do que um político do PMDB, partido presente em 84% dos municípios brasileiros.
Tem mais. Somando-se os três minutos do tempo de TV e rádio do PT com os três minutos e doze segundos do PMDB, sem considerar outros partidos e uma nova contagem a ser feita pelo TSE, a partir do número de candidatos, a coligação somaria seis minutos e doze segundos, tempo superior ao de todas as oposições reunidas.
PSDB, DEM e PPS, próximos de formalizar chapa para disputar a eleição presidencial, alcançam, nas contas de hoje, cinco minutos e cinquenta e três segundos.

Se isto é fazer política, o Brasil vai muito mal. Utilizar-se de expedientes que, na vida “normal” seria tido como uma espécie de trapaça é, no mínimo, coisa de gente sem caráter. Em psicologia, diríamos que a pessoa que faz isso (usar os outros para atingir seus objetivos) é um psicopata. O pior é ver que várias pessoas se prestam ao papel de “usado”: o ex-cearense é um deles. Qual seria o nome dado a isto?
Mas, em política, e no Brasil, tudo é possível. Cuecas com dólares, cuecas vermelhas, danças ridículas no plenário, absolvições dos acusados de praticar dados imorais e o desrespeito às leis são atitudes diárias, como se fossem um simples ato, daqueles que todos nós praticamos.
Mas o povo, aquele que não acompanha o dia-a-dia da política e dos políticos, só quer saber dos “benefícios” que lhe trarão. Mal sabe ele que pagará a conta, sempre, dos desmandos dos governantes.
Triste país onde a moral, a ética e a educação, aliados ao respeito às leis e ao próximo não são observados.

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