O
deputado federal Luiz Sérgio (PT-RJ), ex-carregador de malas de José Dirceu —
e, hoje, de qualquer petista poderoso que fale grosso com ele —, foi indicado
pelo partido para ser o relator da CPI da Petrobras na Câmara. Consta que a
escolha está adequada ao gosto do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Vamos ver. Hugo Mota (PMDB-PB), que preside a comissão, sugere que não
será mero pau mandado do Planalto. Estamos atentos. Será preciso ver se o
trabalho indigno não vai ser executado por… Luiz Sérgio.
Esse
rapaz é um portento. Ele é capaz de coisas estupefacientes. A sua
característica mais notável é não ter amor-próprio. Nomeado ministro das
Relações Institucionais no começo do primeiro mandato de Dilma, foi apeado do
cargo seis meses depois. E se deu, então, uma troca fabulosa, que já
prenunciava o que seria a gestão da governanta: Sérgio deixou a pasta da
articulação política e foi para o ministério da Pesca, e Ideli Salvatti deixou
o ministério da Pesca e foi para as Relações Institucionais.
Vale
dizer: no governo Dilma, a articulação política era só uma dissidência do
Ministério da Piaba. Deu no que deu.
Como
lembra VEJA.com, Luiz Sérgio é conhecido como “garçom” — porque sempre entrega
os pedidos do Planalto. Há 15 dias, discursou sobre o petrolão, com a clareza
habitual: “A Petrobras precisa ser defendida, e o que ela sofre hoje é um
ataque dos mesmos que, em 1953, eram contra a sua criação e afirmavam que não
existia petróleo, os mesmos que afirmavam que o pré-sal era uma peça de
ficção”.
Eis
aí.
É um
homem destemido. Nunca temeu o vexame. Antes de cair das Relações
Institucionais para a Pesca, ele se fez notar duas vezes. Em 2008, foi o
relator da CPI dos Cartões Corporativos. Descobriu-se, então, que os ministros
de Lula enfiavam o pé na jaca com a nossa grana. Corajoso, não tentou disfarçar
que estava na comissão para livrar a cara dos petistas. Mas isso ainda era
pouco: Luiz Sérgio poupou todos os ministros de Lula — não sugeriu um só
indiciamento dos companheiros — e, de quebra, cobrou explicações dos
ministros de… FHC!!!
À
época, vazou da Casa Civil, cuja ministra era Dilma Rousseff, tendo Erenice
Guerra como braço-direito, um dossiê asqueroso contra o próprio FHC e, pasmem!,
contra Ruth Cardoso. Quem vazou a peça pusilânime foi um servidor chamado José
Aparecido Nunes Pires, militante do PT e ex-assessor de Dirceu. O cara foi
chamado para depor. Sabem o que Sérgio, relator, perguntou a seu companheiro de
partido? O que significavam as letras “sds” com que ele encerrou um e-mail? O
rapaz respondeu: “Saudações”. Luiz Sérgio disse: “Obrigado!”.
Ainda
em 2008, quando se conseguiram no Senado as assinaturas necessárias para fazer
uma CPI sobre as lambanças na Petrobras, Luiz Sérgio liderou um ato público
contra a CPI, acusando um complô que estaria tentando privatizar a Petrobras.
Eis
o homem que vai ser o relator da nova CPI. A voz dele continua a mesma. O
caráter também. Não mudou nem aquele basto bigode, que serve como reserva
estratégica de sopa.
Vamos
ver se o jovem deputado Hugo Mota fará mesmo o que estiver a seu alcance
para garantir a independência da comissão. Lembro ao moço que o PT vive os seus
estertores, seus últimos dias, seu período de decadência. Convém não se agarrar
ao moribundo.
Por Reinaldo Azevedo
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