Atenção,
leitor, para um rolo dos diabos — uma história bem típica do modo de agir dos
companheiros. A edição de VEJA desta semana traz uma reportagem de Robson Bonin
que narra uma história do balacobaco. A informação quente, pelando, é a
seguinte: um desses sujeitos que costumam transitar no submundo da política e
que já foi condenado no processo do mensalão — Enivaldo Quadrado — chantageou o
PT para não fornecer detalhes sobre uma operação criminosa que surrupiou R$ 6
milhões dos cofres da Petrobras em 2004. Chantageou e levou a grana. Em
dólares. E sabem para que teria servido aqueles R$ 6 milhões roubados da
Petrobras em 2004? Para pagar outra chantagem: um empresário ligado ao PT
ameaçava envolver os nomes de Lula, Gilberto Carvalho e José Dirceu na morte de
Celsa Daniel, prefeito de Santo André, assassinado no dia 18 de janeiro de
2002.
Entenderam?
Quadrado chantageou o PT há alguns dias para não revelar detalhes de uma
operação ocorrida há dez anos, que envolveu um assalto aos cofres da Petrobras.
Tudo para preservar três medalhões do PT. Agora vamos a detalhes das duas
operações. Comecemos pela primeira chantagem.
1:
Segundo a reportagem, em 2004, Ronan Maria Pinto, empresário de ônibus ligado
ao PT e hoje dono de um jornal em Santo André, exigiu R$ 6 milhões para não
implicar os nomes de Lula, Dirceu e Carvalho na morte de Celso Daniel.
2: O
comando do PT recorreu aos serviços de, digamos, amigos poderosos para
conseguir o dinheiro. Prestem atenção à tramoia, segundo apurou a reportagem:
a: o pecuarista José Carlos Bumlai, amigão de Lula, contraiu um empréstimo de R$ 6 milhões junto ao Banco Schain;
b: Bumlai usou a sua influência na Petrobras para que a construtora Schain, do mesmo grupo, aumentasse seus negócios com a estatal em exatos… R$ 6 milhões;
c: quem negociou pela estatal foi o diretor Guilherme Estrela, amigão de Lula;
d: o dinheiro emprestado a Bumlai foi parar nas mãos da empresa 2S Participações, que pertencia a… Marcos Valério.
e: Marcos Valério fez, então, um contrato de mútuo para emprestar o dinheiro a Ronan Maria Pinto, aquele mesmo que, segundo a reportagem, exigia R$ 6 milhões para não implicar os chefões petistas na morte de Daniel;
f: no contrato de mútuo, figura como agente financeira a empresa Remar Agenciamento e Assessoria Ltda., que foi contratada justamente por… Enivaldo Quadrado!
3:
Em setembro de 2012, Marcos Valério já havia relatado esses fatos ao Ministério
Público. Voltemos agora ao tal Quadrado.
Condenado
pelo STF a três anos e meio por lavagem de dinheiro no processo do mensalão,
Quadrado voltou a ser preso pela Operação Lava Jato. Tão logo saiu da cadeia,
ameaçou fornecer detalhes sobre um documento que estava sob a guarda do doleiro
Alberto Youssef. Sabem qual? Justamente o contrato firmado entre a empresa de
Marcos Valério e a Expresso Nova Santo André Ltda, de Ronan.
Por
que um contrato entre Valério e Ronan estava com Youssef? Eis um mistério.
Seja
como for, a reportagem de VEJA apurou que Quadrado apresentou a conta de seu
silêncio a João Vaccari Neto, tesoureiro do PT. E a cúpula do partido teria
decidido dar os dólares que ele pediu. Só para lembrar: Vaccari é uma das
pessoas acusadas pelo engenheiro Paulo Roberto Costa como beneficiária — em
nome do partido, claro! — do esquema de corrupção que vigorava na Petrobras.
Como
vocês veem, relato esse caso do âmbito da política, mas é evidente que se trata
de uma conjunção de casos de polícia.
Só
para lembrar
José Carlos Bumlai de tal sorte é amigo de Lula que, quando o chefão petista era presidente, havia na portaria do Palácio do Planalto este aviso:
“O sr. José Carlos Bumlai deverá ter
prioridade de atendimento na portaria Principal do Palácio do Planalto, devendo
ser encaminhado ao local de destino, após prévio contato telefônico, em
qualquer tempo e qualquer circunstância”.
Por Reinaldo Azevedo
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