Josias de Souza
Afastado por Dilma Rousseff do Ministério dasCidades em
fevereiro de 2012, sob suspeita deirregularidades,
o deputado federal Mário Negromonte (PP-BA) desistiu de disputar a reeleição.
Mas planeja se manter numa folha pública. O governador baiano Jaques Wagner
(PT) indicou-o para o posto de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios
da Bahia. O cargo é vitalício e o salário equivale ao de desembargador. Coisa
de R$ 26,5 mil.
Tudo caminha em
ritmo de toque de caixa. A indicação de Negromonte foi enviada à Assembleia Legislativa
há uma semana. Com a velocidade de um raio, nomeou-se como relator o deputado
estadual Aderbal Caldas. Filiado ao PP de Negromonte, o parlamentar apressou-se
em produzir um parecer atestando a legalidade da indicação do correligionário.
Sem delongas,
programou-se para esta terça (27), uma sabatina de Negromonte na Comissão de
Constituição e Justiça da Assembléia baiana. Aprovado ali, o nome será
submetido à apreciação do plenário da Casa. Algo que os aliados do governador
petista, em franca maioria, tramam fazer 24 horas depois, na quarta (28).
Por mal dos pecados, Negromonte foi abalroado no final de semana
por uma notícia desagradável. A revista Veja obteve os registros de entrada no
prédio onde funcionava o escritório do doleiro preso Alberto Youssef, em São
Paulo. A lista de visitantes inclui cabeças coroadas do Congresso. Entre elas a
de Negromonte. Que era identificado na planilha apenas pelos três primeiros
nomes: ‘Mário Silvio Mendes’ -sem o Negromonte, seu sobrenome mais conhecido.
Ouvido, o
ex-ministro de Dilma disse que não mantinha relações com Yossef. Por uma dessas
infelizes coincidências, um de seus irmãos trabalhava no escritório do doleiro.
Por outra triste casualidade, o PP de Negromonte patrocinara, sob Lula, a
nomeação para a diretoria de Abastecimento da Petrobras de Paulo Roberto Costa,
encrencado junto com Youssef na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Se o Brasil fosse
um país lógico, o governador petista da Bahia e seus aliados na Assembleia
contariam até 100 mil antes de transformar Negromonte em fiscal das contas
municipais. No mínimo aguardariam até a conclusão da operação da PF. Em vez
disso, optaram por agir duas vezes (indicação e aprovação) antes de pensar.
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