segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O palanqueiro que não desencarna do cargo resolveu virar co-presidente

Blog do Augusto Nunes 

Quando Lula agarra um microfone, os plurais saem em desabalada carreira, a gramática se refugia na embaixada portuguesa, a regência verbal se esconde no sótão de um casarão abandonado, o raciocínio lógico providencia um copo de estricnina (sem gelo) e os dicionários se apavoram com a iminência de outra selvagem sessão de tortura. 

Já no primeiro parágrafo, os brasileiros que não tratam o idioma a socos e pontapés ficam pálidos de espanto ou vermelhos de vergonha. Menos os devotos da seita lulopetista. 

“Quando Lula fala, o mundo se ilumina”, jura há quase 10 anos Marilena Chauí, professora da USP que também jura ser filósofa. A descoberta resumida numa frase explica o lugar reservado à companheira no “Encontro com Intelectuais sul-americanos”, promovido na segunda-feira passada pelo Instituto Lula. 

Os presentes, como informa a inscrição no painel, são Intelectuais, com I maiúsculo. E participam não de um “encontro de”, mas de um “Encontro com”. Com Lula, naturalmente. 

O ex-presidente avisou no começo da discurseira que estava ali para ouvir. Só parou de falar quando a garganta implorou por descanso. 

Gastou alguns minutos louvando a integração dos Intelectuais da América do Sul. O tempo restante foi reservado ao que efetivamente interessa a um palanqueiro permanentemente em campanha há quase 40 anos.

Primeiro, Lula comunicou que está aprendendo a ser ex-presidente. Depois, ensinou que “é necessário tomar cuidado para fazer política sem parecer que quer continuar no cargo de mandatário”. 

Em seguida, avisou que continuará a fazer exatamente o contrário. “Lula vai cuidar pessoalmente das articulações com a base de Dilma para tentar garantir apoio à reeleição da presidente”, contou o companheiro Paulo Vanucchi aos jornalistas proibidos de testemunhar a aula de incoerência. 

Segundo o diretor do Instituto Lula, o chefe “vai gastar toda a energia para a manutenção da aliança entre PT, PMDB e PSB”. 

Ou seja: para assegurar a permanência de Dilma Rousseff no poder, Lula resolveu reduzir-lhe os poderes e nomear-se co-presidente.

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