terça-feira, 11 de outubro de 2011

O gabinete de Sarney e o acesso à cúpula do Judiciário

Blog de Augusto Nunes

A afrontosa operação de socorro atesta que os tentáculos estendidos ao Judiciário pelo chefe da Famiglia já alcançaram o Superior Tribunal de Justiça, constatou um trecho do texto aqui publicado em 29 de setembro.

Horas antes, três ministros do STJ haviam sepultado ─ vivíssimas ─ as incontáveis provas colhidas pela Polícia Federal durante a Operação Boi Barrica, que devassou as delinquências colecionadas por parentes e agregados do presidente do Senado.

Menos de uma semana depois, a desembargadora federal Assusete Dumont Reis Magalhães tratou de deixar claro que os chamados juízes do Sarney já se dispensam de camuflar as relações subalternas com o mandarim do Poder Legislativo.

Incluída na lista tríplice de candidatos à vaga aberta no STJ, Assusete solicitou uma audiência a Sarney para pedir-lhe que a apoiasse na luta pelo empregão. Feito o acerto, Madre Superiora entregou a chefia da campanha a Edison Lobão, o Magro Velho. Segundo amigos da dupla, o ministro de Minas e Energia reservará um bom pedaço da agenda “para ajudar a doutora Assusete com alguns telefonemas”. Por enquanto, só Sarney e Lobão sabem quais serão os alvos das ligações.

Em tese, cabe exclusivamente à presidente Dilma Rousseff a entrega da vaga a um dos três concorrentes. Além de Assusete, estão na disputa Néfi Cordeiro e Suzana de Camargo Gomes, também juízes do Tribunal Regional Federal do Distrito Federal.

A sorte de Assusete é que foi oficiosamente revogada a exigência de “ilibada reputação”, outrora um pré-requisito obrigatório para a chegada ao segundo tribunal mais importante do país. Caso se ajoelhasse diante de Madre Superiora, até um santo de feriadão cairia fora da lista.

No país dos poderosos cafajestes, o amém de Sarney pode garantir-lhe a vitória. E, por consequência, perpetuar o controle do STJ por um senhor feudal cuja impunidade envergonha os brasileiros decentes.

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