De Janio de Freitas (Folha de S.Paulo):
Nada justifica os cortes programados nas dotações orçamentárias da Saúde, da Educação e da Ciência, respectivamente de 4,1%, 5,3% e 4,1%, quando se sabe que as três previsões originais eram já insuficientes e que é nenhuma a contribuição destas reduções para combater os efeitos da crise.
Os cortes perfazem R$ 2,98 bilhões, com R$ 2 bilhões retirados da Saúde, R$ 800 milhões da Educação e R$ 180 milhões de Ciência e Tecnologia. Além de outras razões óbvias, que sentido podem ter os cortes em tais ministérios no país que, já explodida a crise, despachou caixeiros-viajantes para a compra de armas no exterior e, agora mesmo, fechou com o visitante presidente Nicolas Sarkozy compras militares de US$ 30 bilhões a US$ 40 bilhões?
Os quase R$ 3 bilhões cortados ao mais essencial conduzem à comparação com outra atitude financeira do governo. Logo em seguida ao setembro que foi o ápice do pânico com as implosões financeiras nos Estados Unidos, o governo Lula favoreceu a indústria automobilística com R$ 4 bilhões, em deduções fiscais a título de fortalecê-la na crise. O governo Serra concedeu, pelo mesmo modo, mais R$ 2 bilhões.
Até aquele setembro, a remessa de lucros da indústria automobilística para as matrizes foi de US$ 4,8 bilhões.
As vendas de veículos vão bem, mas os empregos e os salários vão como a Saúde, a Educação e Ciência e Tecnologia: com cortes.
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