sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Este é modo petista de governar...

A desvalorização do dólar e a conseqüente sobrevalorização do real produziram efeitos nefastos no balanço do Banco Central referente ao primeiro semestre de 2008.

Nos primeiro seis meses do ano, a variação do câmbio empurrou para dentro da escrituração do BC um prejuízo de R$ 44,798 bilhões.

Subtraindo-se dessa cifra as operações que deram resultado positivo –R$ 3,2 bilhões—o prejuízo foi atenuado para R$ 41.598 bilhões.

Nunca na história desse país, para usar expressão ao gosto de Lula, o BC amargara semelhantes perdas no intervalo de um semestre. Porém...

Porém, aprovou-se no CMN (Conselho Monetário Nacional), nesta quinta-feira (28), um voto que produziu uma mágica cromática. O que era vermelho tornou-se azul.

Funciona assim:

1. As perdas cambiais do BC continuarão sendo lançadas na coluna de passivo do balanço.

Passivo decorrente de despesas com a valorização da taxa de câmbio sobre as reservas internacionais, que o banco mantém em depósitos no exterior, e sobre contratos em moeda estrangeira;

2. No entanto, criou-se uma regra de “equalização cambial”. Que permitirá ao banco anotar na coluna de ativos um crédito de igual valor junto ao Tesouro Nacional;

3. Na prática, a conversão do passivo cambial em ativo significa que o custo da variação cambial migra da escrituração do BC para o Tesouro.

Graças ao ajuste contábil, o BC pôde anotar no item “IV” do voto levado ao CMN (íntegra aqui) o seguinte:

“O Banco Central do Brasil apresentou, no primeiro semestre de 2008, resultado positivo de R$ 3,2 bilhões.”

“(...) Esse resultado será transferido ao Tesouro Nacional no prazo de até 10 dias úteis, a partir desta data”.

Quanto ao custo da política cambial, expresso no prejuízo de R$ 41.598 bilhões, continua sendo espetdo na bolsa da Viúva, como antes. Mas, no balanço do BC, vai à zona cinzenta das “notas explicativas”.

A variação cambial rói os números do BC principalmente porque a instituição conserva as reservas do Brasil em aplicações no exterior, em moeda estrangeira.

No seu balanço, o BC é obrigado a registrar as reservas em reais. É dessa diferença que vem o grosso do passivo.

O BC escorou a alteração nas regras de elaboração de seu balanço numa medida provisória. Traz o número 435. Foi editada por Lula em 26 de junho de 2008.

Fonte: Blog Josias de Souza

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